terça-feira, 12 de julho de 2011

POLÍTICA OBJECTIVA

ALBERTO JOÃO JARDIM Acabou o espaço para o “politicamente correcto” Portugal, felizmente, é uma Democracia. Ainda que com algumas distorções graves, devidas à Constituição da República de 1976, exceptuando-se-lhes a boa Parte I referente aos Direitos, Liberdades e Garantias. Não é segredo que os Portugueses têm pela frente, pelo menos dois anos muito difíceis. Nem vale a pena disfarçar. Como também é tempo de nos deixarmos de tretas e manda dar uma volta a esses que, durante trinta e cinco anos, nos massacraram e prejudicaram com mitos, parvoíces e ideias absurdas e incompetentes, que tudo nos trouxe às presentes dificuldades. Portugal, felizmente, é uma Democracia. Ainda que com algumas distorções graves, devidas à Constituição da República de 1976, exceptuando-se-lhes a boa Parte I referente aos Direitos, Liberdades e Garantias. Sendo Portugal uma Democracia, os Portugueses escolheram um Governo para a República, sabendo ao que Este se propunha no quadro da grave problemática actual. Legitimaram democraticamente o Governo da República para fazer o que, corajosamente, não hesitou em dizer que tinha de concretizar. Os Portugueses como que assumiram as responsabilidades por antes terem escolhido mal, por se terem deixado enganar pelas fantasias socialistas e da “esquerda” em geral, por se terem esquecido como acabaram sempre os socialistas nas vezes que estiveram no poder. Mais. Estou ciente que praticamente todos os que votaram esta Maioria, como os muitos na área socialista que são responsáveis, têm a noção de que do êxito do actual Governo da República pode depender a sobrevivência do regime democrático. Como sei que também as organizações de extrema-direita e as comunistas, mormente PCP e “bloco”, igualmente disso têm percepção, embora com motivações e objectivos diferentes do campo democrático que representa mais de oitenta e cinco por cento da vontade legítima dos Portugueses. A questão de este Governo da República não falhar, deixou de ser uma questão meramente partidária, mas converteu-se em Interesse Nacional. Converteu-se numa necessidade nacional de o mandato ser cumprido na íntegra. Converteu-se no imperativo de nenhum dos Partidos da Coligação andar com acções externas à estrutura governativa que fatalmente deteriorem as relações entre as duas partes. Converteu-se na necessidade para os socialistas de, nas eleições nacionais, desejáveis só daqui a quatro anos, se apresentarem ao Povo como uma alternativa respeitável e credível que em nada beliscou o Interesse Nacional e a sobrevivência do regime democrático. Mas um regime democrático tem de contar sempre com a Opinião Pública. E, no caso presente de medidas tão difíceis como as que reconhecidamente têm de ser tomadas, não vai ser fácil lidar com uma Opinião Pública que, hoje, pode estar consciente do imperativo das alterações a introduzir. Mas que, à medida que dolorosamente as for sentindo no dia-a-dia, à medida em que o decorrer do tempo propicie o esquecimento mesmo do passado mais próximo, à medida em que a propaganda adversária se vá impondo com êxito, a solidariedade da Opinião Pública pode ser perdida. Pelo que é errado pensar que a actual problemática conjuntural pode ser resolvida apenas com a boa execução das medidas impostas a Portugal e de outras, pode ser resolvida sem um quadro de aceitação ou compreensão permanentes por parte da Opinião Pública. Digo mais. Para o sucesso que o Interesse Nacional – e nem há razão, nem espaço, para falar de “interesse partidário” – para o sucesso deste Governo, necessário para Portugal, tudo vai depender também da maneira como as medidas difíceis e os seus resultados, conseguirem ser demonstrados racionalmente à Opinião Pública portuguesa. Não se trata de recorrer à “propaganda”. Trata-se de Verdade e de competência na comunicação. Porque Portugal, felizmente, é uma Democracia. As medidas estão tecnicamente desenhadas. Agora o seu sucesso depende também da arte de comunicar que o Governo saiba adoptar para com a Opinião Pública. E o Governo conhece o estado em que se encontra grande parte da comunicação social portuguesa, nomeadamente a de âmbito nacional, quer sob o ponto de vista de parcialidade político-ideológica, quer sob o ponto de vista de formação profissional, quer sob o ponto de vista do domínio de lóbis dos mais variados “interesses”. E como sabe isto, como sabe que a satisfação do Interesse Nacional através das medidas que têm de ser tomadas, em absoluto e no nosso regime democrático dependem também da evolução da Opinião Pública. Então, acabou-se o espaço para o “politicamente correcto”. Artigo de Opinião de : Alberto João Jardim