quinta-feira, 16 de abril de 2015

Até a língua desaparecer

Até a língua desaparecer

Às vezes sinto-me perdida entre as tantas formas de exclusão com que me deparo

 
Ana Cristina Pereira Jornalista do ‘Público’
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Descobri-te numa daquelas idas à casa do Filipe Vieira de Freitas, que tinha mais livros do que os meus outros amigos todos juntos. Quis logo saber tudo sobre ti, mas tu não deixaste. Não permitias que te fotografassem, não davas entrevistas, nem aceitavas prémios. Eu imaginava-te sentado num prado, com vacas em volta, a dizer: “Por quem me tomam? O que eu quero é o amor.”
“Passos em volta”. Frequentava a Escola Secundária de Francisco Franco quando o li pela primeira vez. Nunca lera algo tão fora deste mundo e tão dentro dele. Que deambulação a tua em busca de ti próprio! Não sei quantas vezes o terei lido. Ainda hoje o mantenho à mão, perto da minha cama. Não hesitarei um segundo se um dia alguém me perguntar qual é o livro da minha vida.
Às vezes, sinto-me perdida entre as tantas formas de exclusão com que me deparo. Às vezes, sinto-me perdida e começo a citar o primeiro capítulo desse teu livro: “Se eu quisesse, enlouquecia. Sei uma quantidade de histórias terríveis. Vi muita coisa, contaram-me casos extraordinários, eu próprio… Enfim, às vezes já não consigo arrumar tudo isso. Porque, sabe?, acorda-se às quatro da manhã num quarto vazio, acende-se um cigarro… Está a ver? A pequena luz do fósforo levanta de repente a massa das sombras, a camisa caída sobre a cadeira ganha um volume impossível, a nossa vida… compreende?… a nossa vida, a vida inteira, está ali como… como um acontecimento excessivo… Tem de se arrumar muito depressa. Há felizmente o estilo.”
No dia em que o teu corpo morreu, o Luís Miguel Queirós escreveu no Público que não tinhas vindo para nos entreter, que tinhas vindo para viver aquilo a que um dia chamaste a tua vida verdadeira.
Ele, que sabe mais de poesia do que os meus outros amigos todos juntos, descobriu o teu “maior e mais estranho dom”: “convencer-nos (ainda que injustamente) de que escrevias directamente em poesia, como se a poesia fosse a tua língua materna, e todos os outros poetas se limitassem a traduções mais ou menos conseguidas de um idioma perdido de que só tu detinhas a chave.”
Não tenho peregrinações a fazer, não te preocupes. Por curiosidade, um dia fui à Rua da Carreira, no Funchal, olhar para o muro do nº 284, o que tapa a casa onde, por acaso, nasceste a 23 de Novembro de 1930. Confesso-te que vivi momentos chave da minha adolescência na Rua do Quebra Costa, nº 33, onde sei que tu passaste parte da tua infância.
E que, há uns anos, ainda tive a tentação de fazer de amigos que te conheciam fechaduras para a tua existência. Deixei-me disso.
Tu fizeste tudo para não ser um mediador entre nós, os teus leitores, e a tua obra. E eu tenho de te agradecer também por isso. Elevaste para um grau inimaginável a fusão que pode haver entre nós, os teus leitores, e a tua obra. E, agora que o teu corpo morreu, tu és a tua obra. E os grandes poemas como tu, Herberto Helder, “só desaparecem nas grandes línguas que desaparecem”.
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Comentários

Este espaço é destinado à construçăo de ideias e à expressăo de opiniăo.
Pretende-se um fórum construtivo e de reflexăo, năo um cenário de ataques aos pensamentos contrários.
Muito bonito !!!!
Numa sociedade " suicida" em que se mata para ficar para a História....... este SENHOR partiu
sem que a sociedade " suicida" saiba do seu verdadeiro valor !!
Dá que pensar !!!!

roçamento da Petrobrás e do país? Vocês que trabalharam por esse presidencialismo de colisão com ladrões, não vão se pronunciar? Não vão se manifestar acerca dos atos perpetrados pelos meliantes dessa nova etnia política a que vocês deram origem, quando puseram Marx em transa adúltera com a Coca-Cola?
Ou acham que a única obra (que nem é) do governo do PT, o bolsa família, os canoniza ad eternum e os redime de tudo o mais: do crescimento zero, passando pelo loteamento do Estado entre os “cumpanhero”, até o assalto à Petrobrás.
Onde está a esquerda caviar, agora que se escancara a realidade de que para o PT, a democracia foi mero degrau para alpinismo político e para enchimento (e bota enchimento nisto) das burras do partido e de seus apaniguados ? E a conta? Vocês vão agora deixar para que nós paguemos? Não vão comparecer sequer no “Rachid” moral, pelo menos?
De minha parte, foram nada menos de cinco meses do meu de trabalho (a título de imposto de renda), por ano, durante mais de década, para abastecer a mochila desses assaltantes que vocês elegeram e agora, na esquerda caviar da intelectualidade brasileira ninguém sabe, ninguém viu? Depois de sermos obrigados a engolir, durante todos estes anos, o rótulo de elite branca, facista, burguesa, reacionária, totalitária , como se Erasmo Dias, Garrastazu Médici, Antonio Carlos Magalhães e Maluf fossem nossos ídolos e como se aplaudíssemos a tortura e a censura ( porque o evangelho de vocês coloca nessa vala todo brasileiro que, como eu, não pertence a nenhum grupo oprimido, não conheceu qualquer grau de miserabilidade ou não utiliza o SUS) agora vocês pretendem a RECLUSÃO E O SILÊNCIO, saindo de fininho e ENFIANDO A CONTA A PAGAR POR BAIXO DA NOSSA PORTA?
Artistas e intelectuais da muda e calada esquerda caviar brasileira, co-responsáveis por esta lambança, COMPAREÇAM na mídia, ESTAMPEM suas caras nos jornais e tenham a hombridade de ASSUMIR POSIÇÕES. O povo brasileiro quer ouvi-los. SPEAK UP.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

assistência modernas ás´pequenas empresas


Incubadora de Economia Criativa dá suporte de gestão a agentes culturais


Agência Brasil


Primeira incubadora pública de economia criativa do país, idealizada pela Secretaria de Estado  do Rio de Janeiro, a Incubadora Rio Criativo iniciou hoje (15) mais uma caravana pelo estado, chegando ao município de Petrópolis, na região serrana, onde permanecerá até o próximo dia 17, levando informações e orientação aos agentes culturais locais.
Assessor da secretaria para Economia Criativa, Marcos André Carvalho, disse que a incubadora atende por ano a 5 mil empreendedores culturais dos 92 municípios do Rio de Janeiro. “Ela oferece suporte em ferramentas de gestão”, disse ele.
Segundo Carvalho, os agentes e empreendedores culturais necessitam ter sustentabilidade, e avaliou que o mercado cultural está muito “viciado” na política de editais públicos e leis de incentivo. “Isso torna os empreendimentos insustentáveis. Eles não têm planejamento estratégico de médio e longo prazo”, salientou.
Carvalho informou que a incubadora oferece meios de gestão, gratuitamente, ao empreendedor popular que não trabalha com planejamento. “A Incubadora Rio Criativo ajuda para que eles possam se planejar a médio e longo prazo, para que eles tenham conhecimento e acesso a ferramentas de gestão. [Mas] precisam ter planos de sustentabilidade, conhecer fontes de recursos disponíveis, alternativas ao fomento, via edital e leis de incentivo”, acrescentou.
O assessor da secretaria disse que existem várias maneiras de sustentar um projeto cultural, e a Incubadora Rio Criativo faz o treinamento para que o agente cultural possa se planejar, visando ao futuro.
As reuniões dessa caravana ocorrem na unidade da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro  em Petrópolis, e incluem palestras, cursos e consultorias em gestão cultural, planejamento estratégico, captação de recursos e elaboração de projetos. Os demais municípios da região foram convidados a participar dos encontros.
A meta, diz Carvalho, é expandir as ações da incubadora para o interior do estado. Este ano, até agora, foram atendidos 1,5 mil agentes culturais populares, que atuam em um ou mais setores da economia criativa, em artes cênicas, música, artes visuais, literatura, mercado editorial, audiovisual, animação, gamessoftware, publicidade, rádio, televisão, moda, arquitetura, design, gastronomia, cultura popular, artesanato, entretenimento, eventos e turismo cultural. A próxima caravana, ainda sem data definida, será para o noroeste fluminense.
Atualmente, a Incubadora Rio Criativo tem 17 empresas incubadas, cujo faturamento global, em um ano e meio de atividade, subiu de R$ 1 milhão para R$ 10 milhões, informou Carvalho. Ele afiançou que essas empresas podem servir de exemplo para os empreendedores, porque “elas podem demonstrar o potencial do trabalho de uma incubadora no crescimento desses empreendimentos, ou seja, como uma incubadora transforma a vida de um projeto que está nascendo”.
Carvalho citou estatística do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), segundo a qual de cada dez empresas novas, sete fecham em três anos. “Quando elas passam por uma incubadora, sete sobrevivem e três fecham. Por isso, uma incubadora é fundamental na vida de um empreendimento cultural que está nascendo. Ela garante a sobrevivência e o crescimento de empresas e organizações não governamentais novas, que têm potencial de gerar emprego e renda”, reforçou.

Reconhecimento de padre português como "Justo entre as Nações" de grande relevo

Actualizado há 1 hora e 13 minutos
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A vice-presidente da comunidade israelita de Lisboa afirmou hoje que o reconhecimento do padre Joaquim Correia como "Justo entre as Nações" assume "um relevo muito grande" à medida que "a memória vai ficando cada vez mais longínqua".
"Obviamente que hoje em dia em que desaparecem não só os Justos, como as vítimas sobreviventes [do Holocausto nazi] a memória vai ficando cada vez mais longínqua", a atribuição desta distinção simbólica "toma um relevo muito grande", disse à agência Lusa Ester Mucknik.
A medalha e o certificado de honra "Justo entre as Nações" é entregue hoje, ao fim da tarde, na sinagoga de Lisboa, à família do padre Joaquim Carreira pela embaixadora de Israel, Tzipora Rimon, e pela Comunidade Israelita de Lisboa.
Reitor e vice-reitor do Colégio Pontifício Português de Roma entre 1939 e 1945, Joaquim Carreira protegeu e possibilitou a sobrevivência de três italianos Elio, Isacco e Roberto Cittone, de acordo com os documentos no 'site' do Yad Vashem.
Joaquim Carreira nasceu a 08 de setembro de 1908, no Souto de Cima, a cerca de 20 quilómetros de Fátima, e morreu em 1981, em Roma.
"Trata-se de uma distinção simbólica de reconhecimento de um ato de generosidade humana pelo salvamento, por um não judeu, que correu muitos riscos, para salvar judeus durante o Holocausto", afirmou.
Essas pessoas são consideradas "justas, no sentido em que fizeram algo pela humanidade", acrescentou.
"No diploma que é entregue está escrita uma máxima do Talmude, um dos livros mais importantes do Judaísmo: quem salva uma vida, salva a humanidade inteira", explicou.
Ester Mucknik disse a distinção simbólica reconhece o risco de salvar pessoas e, ao mesmo, expressa a gratidão eterna do povo judeu por essas pessoas "que não sendo judias, arriscaram a vida para salvar judeus".
A distinção foi criada pelo Yad Vashem, centro mundial de memória, documentação, investigação, educação e comemoração dos mártires do Holocausto, em Jerusalém (Israel), e já existe dos anos 50, muito antes da ONU ter decretado um dia internacional em memória das vítimas do Holocausto, disse a vice-presidente da comunidade israelita de Lisboa.
"Hoje é o dia judaico do Yom Hashoá [dia da memória dos mártires do Holocausto], que as comunidades judaicas comemoram, normalmente na sinagoga, e este ano, como se deu o caso do reconhecimento do padre Joaquim Carreia como 'Justo', será feita a entrega do diploma no dia que recorda o Holocausto na sinagoga", afirmou.
A ONU assinala o dia de memória dos seis milhões de judeus assassinados durante o Holocausto a 27 de janeiro, data da libertação do campo de concentração de Auschwitz.
O Yad Vashem anunciou a decisão de reconhecer o padre Joaquim Correira como "Justo entre as Nações" em dezembro do ano passado, de acordo com o blogue Religionline.
Os três outros portugueses distinguidos como "Justos entre as Nações" são Aristides Sousa Mendes, Carlos Sampaio Garrido e José Brito Mendes.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Menoridade em questão

ARAUTO DO VALE - MENORIDADE EM FRAnça
França autoriza prisão de jovens infratores, mas medida é a exceção Na França, não é preciso chegar aos 18 anos para pagar criminalmente pelos atos. A partir dos 13 anos, os adolescentes podem ser condenados a uma pena de prisão, mas essa é uma decisão rara na Justiça francesa. O país privilegia diversos tipos de sanções educacionais à detenção. A situação pessoal e familiar do adolescente é decisiva para a escolha da sentença. Para Marie-Pierre Hourcade, presidente da Associação Francesa dos Magistrados da Juventude e da Família, o problema não é a idade da maioridade penal: é a resposta do Estado para o adolescente infrator, que precisa ser adaptada a cada caso. A função do juiz é descobrir que medida será mais eficaz para fazer o jovem mudar de comportamento. Na maioria dos casos, eles são encaminhados para centros educativos, onde recebem acompanhamento educacional, psicológico e profissional. “Cada centro recebe de 10 a 12 menores. Os menores que passam peor esses lugares mudam de comportamento. Isso é fato”, afirma. “Os estudos mostram que, para que a medida tenha mais impacto, é recomendável que eles fiquem mais de seis meses.” Hourcade relata que 65% dos jovens que cometeram um delito e responderam à Justiça não voltam a infringir a lei. Para ela, três principais fatores influenciam essa estatística: o ganho de maturidade, a estrutura dos centos, que oferecem um apoio diário, e a preparação para a saída dos adolescentes, com um projeto de futuro e a realização de cursos. Já os 10% que cometem repetidos crimes são os que mais desafiam o sistema. “Primeiro, o juiz pode escolher medidas educativas, mas quando as medidas educativas não têm mais impacto, o juiz vai precisar olhar para outras respostas mais coercitivas, em termos de afastamento. O afastamento do ambiente ao qual o adolescente está acostumado pode ser repressivo, mesmo sem incluir a detenção, como quando ele é enviado para morar em uma casa de família no outro lado da França, por exemplo”, explica. “Essa é uma resposta que significa muito para um jovem: é uma verdadeira sanção." Prisão é a última alternativa Atualmente, menos de 2 mil menores de idade estão presos na França, em alas especiais das penitenciárias ou em estabelecimentos específicos para jovens, cumprindo penas por crimes sexuais ou com morte. A psicóloga brasileira Marlene Iucksch conhece de perto essa situação. Ela trabalha com crianças e adolescentes em situação de risco no Tribunal para as Crianças, em Paris. “Nos centros, as equipes de profissionais são muito maiores do que o número de adolescentes que se encontram neles. O acompanhamento é realmente muito de perto”, constata. A experiência mostrou a Iucksch que, nos casos mais extremos, o jovem rejeita as medidas de correção preferidas pela Justiça. Diante desta situação, um período atrás das grades pode ser a única alternativa. “O que a gente observa é que muitos jovens procuram um encontro radical com a lei. É como se tudo que ele recebeu de sinalização da lei social antes da prisão não o tivesse marcado; como se estivesse testando a lei”, relata. “Os mais difíceis não gostam de serem acompanhados enquanto jovens em situação de perigo. Eles consideram isso infantil.” Brasil precisa repensar sistema Para a psicóloga, o Brasil não deveria se basear em experiências de países desenvolvidos, como a França, para definir a questão da maioridade penal. Ela avalia que o sistema de proteção da infância e da adolescência no Brasil “está destruído”. “Eu trabalho muito com a proteção à infância no Brasil, onde o problema é institucional. Nós não temos instituições. Teria de ser criada uma instituição que cuide do problema da delinquência de menores, com profissionais formados”, observa. “Não tem educadores, por exemplo. Isso não se improvisa. Não se improvisam profissionais, competências, éticas e experiências profissionais.”

domingo, 5 de abril de 2015

A propósito da Revolta de Madeira de 1931

 
Paulo Miguel Rodrigues
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A Revolta da Madeira, iniciada na madrugada de 4 Abril de 1931, de que hoje se comemora o 81º aniversário, inseriu-se num período de forte contestação que se fez sentir no arquipélago no início da década de 30, que começara, em concreto, com a Revolta da Farinha (em Janeiro daquele ano) e depois se prolongou nos anos seguintes, até culminar na Revolta do Leite (meados de 1936). O movimento que se gerou no Funchal (e depois se estendeu aos Açores e à Guiné) teve múltiplas motivações - e nunca, saliente-se, um elemento determinante - podendo destacar-se desde os problemas e queixas a respeito dos abastecimentos, dos monopólios, da queda das exportações, do desemprego e da fome, até às reivindicações em defesa da ideia da especificidade madeirense, passando por questões financeiras, fiscais e tributárias, pela oposição política contra a Ditadura e contra o chamado poder central e até pela coincidência de então se encontrarem na Ilha militares e civis deportados, contrários ao novo sistema político que se estava a instituir. Tudo isto, que fique claro, caldeado e embalado por reivindicações autonomistas prementes, que não eram novas.
Na prática, a Revolta, impulsionada também pelos reflexos da crise internacional de 1929, surgiu como resposta à ditadura financeira, ao desejo manifesto de construir, a partir de Lisboa, uma nova unidade política e ocorreu num quadro específico de avanço no sentido da organização corporativa, tudo realizado sob a égide de Salazar, visando uma evidente subordinação aos ditames do Estado.
Assim, na sua versão madeirense, a crise aguda, por isso mesmo geral e resultado da correlação de vários factores, até se pode considerar que começou na suposta (porque armadilhada) concessão de mais autonomia (mas sem a necessária capacidade financeira) decretada em 1928, passou pela corrida aos depósitos bancários (que, entre outras coisas, levou à famosa falência da Casa Henrique Figueira da Silva) e atingiu o auge com a imposição do novo regime cerealífero.
Por último, numa perspectiva estritamente militar, a Revolta foi uma espécie de último esgar, relativamente organizado, contra a ampla unidade que Salazar já começara a construir, que aliás acabaria por lhe dar o suporte social do “Estado Novo” e permitir-lhe a reestruturação política do aparelho do Estado durante os anos 30.
O que aprendemos, se é que aprendemos alguma coisa…, com a revolta da Madeira de 1931, que durou até 2 de Maio? Desde logo, que a preservação da Memória é essencial para um efectivo exercício da cidadania, mas que tal só faz sentido se com isso soubermos crescer. Do mesmo modo que em 1931 o país, e a Madeira em particular, se preparava para entrar na 2ª República, hoje será importante ter presente que vivendo Portugal já uma 4ª República - mas sem que ainda disso muitos tenham consciência - é essencial tentar perceber se vai inserir a Madeira neste novo quadro político. Até porque se detectam vários paralelismos entre as duas épocas, que aqui não cabe desenvolver.
Enfim, felizmente que hoje já não temos dificuldades financeiras e problemas no sistema político, o desemprego é uma miragem, estamos bem servidos de transportes e abastecimentos, acabaram-se os monopólios, o problema fiscal já não existe e, claro, a credibilidade dos partidos e a confiança na elite política e na efectiva separação dos poderes nunca foi tão elevada… Vivemos hoje, portanto, no melhor dos mundos. Ai a História!
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Pretende-se um fórum construtivo e de reflexăo, năo um cenário de ataques aos pensamentos contrários.
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updown
enquanto a Madeira fizer parte de Portugal, isto não vai melhorar, porque Portugal não vai permitir que a Madeira tenha qualquer tipo de vantagem que a torne sustentável... por exemplo: um regime fiscal próprio e suficientemente atrativo.
Isto é uma questão de ego colonial reprimido e ainda magoado pelos 200 anos de perdas sucessivas de colónias, riquezas, influência, prestigio e outras possessões. Não se esqueçam que os continentais não consideram que a Madeira faça parte integrante de Portugal, apenas acham que lhes pertence (ou seja é uma possessão e não uma parte do país).
já repararam nas campanhas publicitárias: "campanha valida para TODO o País (esta promoção não está disponível NAS ILHAS)" , nem sequer se dão ao trabalho de se referir ao nome dos arquipélagos (afinal de contas, as Berlenga também são ilhas), mas não é da Berlengas que eles se referem.
Muitos Madeirenses podem até se sentir absolutamente portugueses, mas Portugal não nos considera dessa forma.
Os transportes sao caros.....é alto....o desemprego ..a carga fiscal elevada....existe fome ....
Os monopolios continuam...
Ate votam os mortos ???
Ou...... até. os mortos estão nos cadernos...
E quem manda esta em Berlim...
Ou seja ..esta tudo igual ou pior ????
Os transportes sao caros.....é alto....o desemprego ..a carga fiscal elevada....existe fome ....
Os monopolios continuam...
Ate votam os mortos ???
Ou...... até. os mortos estão nos cadernos...
E quem manda esta em Berlim...
Ou seja ..esta tudo igual ou pior ????
Coloca o dedo na ferida. Receei, no inicio do texto, que enveredasse por louvaminhar o poder. Não faz deixa ao raciocínio do leitor questões bem pertinentes. Porém, a iliteracia reinante não faz prever grande adesão à causa. Isto é: pensar não é para a maioria