|                                                                                                 |                                                     |  O  povo, os tais pobres que foram usurpados destes acessos públicos  ficaram com o Lido e a praia do Gavina e lá mais à frente, há o  Gorgulho. Passado o Clube Naval, existe aquela nova infra-estrutura na  Ponta Gorda e a Doca do Cavacas, mais a praia Formosa, até chegarmos a  Câmara de Lobos, hoje com um passeio marítimo fantástico. |  |                                                      | 1. Este Governo PSD/CDS não foi  inovador, porque recorreu ao nosso, pobre mealheiro, copiando o pior de  Sócrates antes de chegar ao Governo: não aumentava impostos, mas foi o  que fez. Passos Coelho em campanha eleitoral disse isso e foi mais  longe, prometendo cortar no lado das despesas caso houvesse necessidade  de medidas adicionais. Este aconchego de impostos e corte de 50% no 13.º  mês, tem verdade e mentira. Houve tempo para estudar alternativas. Ir  ao nosso mealheiro foi a via mais fácil. Mas quebrou uma promessa.  Tornou-se igual.
2. A simbologia do primeiro-ministro viajar em económica, tem piada e  não ofende. Os governantes têm viagens gratuitas na TAP. É verdade. A  norma que data de 2004 tem condições específicas e atribui viagens  gratuitas em classe F e C em voos domésticos e internacionais. Não fala  em classe Y (económica). Se o primeiro-ministro vai acompanhado de  alguém que não beneficia de viagens grátis, é natural que pague a classe  Y. Beneficiam disso o Presidente da República (alínea a) os membros do  Governo, primeiro-ministro, Ministros, Vice-Ministros, Secretários de  Estado, Vice Secretários de Estado, Sub-Secretários de Estado e Alto  Comissário anti-corrupção (alínea b), os membros do Conselho de Estado,  Presidente da Assembleia da República, Presidente do Tribunal  Constitucional, Provedor de Justiça, Presidentes dos Governos Regionais e  outros membros acreditados do Conselho de Estado (alínea c), Ministros  da República para a Madeira e Açores exclusivamente entre as ilhas e  Portugal Continental, Director Geral da Aviação Civil, Presidente do  Supremo Tribunal de Justiça (alínea d) e oficiais da DGAC em funções  (alínea h).
Toda esta gente pode viajar à borla com bagagem excepcionalmente sem  limite de peso em Classe F ou C. O primeiro-ministro viajou em classe  económica, porque quis, pagando ou não bilhete, mais a restante  comitiva.
3. O que quero saber é se este primeiro-ministro e o ministro de Estado e  dos Negócios Estrangeiros, ou o Ministro de Estado e das Finanças, vão  recorrer à contratação dos Falcon da Força Aérea Portuguesa para as  várias deslocações a Bruxelas e a outros países. Isso é que tem  relevância para o caso. O resto é simbólico com pouca ou nenhuma  importância. Os abusos socialistas eram no uso dos Falcon.
4. Já agora que estamos com a mão na massa, registe-se que o regulamento  concedia poderes aos delegados da TAP para concederem viagens gratuitas  a outras personalidades. Neste caso estão os governantes regionais nas  suas deslocações a Lisboa ou aos Açores. Do que sei, Alberto João Jardim  nunca beneficiou de nenhuma viagem gratuita, os Secretários Regionais  sim, havendo quem tivesse efectuado o pagamento das respectivas taxas e  quem assim não procedesse. Do mesmo modo o Senhor Ministro da República  anterior viajou sempre usufruindo da gratuitidade das viagens que  solicitava por atacado conforme a sua agenda de trabalho.
5. Há quem se queixe com cinismo e hipocrisia, de falta de acessos ao  mar numa ilha rodeada de água salgada. Para mim não é novidade.  Queixo-me disso há longos anos. Desde a subida da Rua Carvalho Araújo  até ao Lido, não há nenhum acesso público ao mar. Sabem porquê? Porque  os senhores hoteleiros choraram tanto a este Governo Regional, que  acabaram gerindo privadamente, esses acessos (públicos) para os seus  hóspedes. Diz o ditado que “quem não chora não mama”. Foi o que eles  fizerem. O aterro teve discussão pública, mas estes casos não tiveram, e  eles apropriaram-se de tudo o que era do povo para valorização dos seus  negócios. De borla.
Desde a muralha da Pontinha, havia acessos ao mar até à zona do Lido.  Cresci, vi chegar a Autonomia, o Governo próprio, legítimo, eleito por  voto universal e secreto. A decisão de privar o povo de aceder ao mar,  no limite que antecede o ilhéu conhecido por ilha dos Amores em frente  ao agora denominado Hotel Royal Savoy, até às denominadas “águas doces”  com acesso por debaixo da ponte do Ribeiro Seco, entre o Hotel Pestana  Carlton e o Reid’s Hotel deve ter sido deste Governo tão atacado.
Mais adiante na estrada Monumental ao lado do Hotel Cliff Bay havia um  beco, travessa ou vereda (chamem-lhe o que quiserem) que dava acesso ao  mar e tinha uma pequena praia de calhau (a forja) fantástica e  sossegada. Era para pouca gente. Mas até essa foi privatizada.
O povo, os tais pobres que foram usurpados destes acessos públicos  ficaram com o Lido e a praia do Gavina e lá mais à frente, há o  Gorgulho. Passado o Clube Naval, existe aquela nova infra-estrutura na  Ponta Gorda e a Doca do Cavacas, mais a praia Formosa, até chegarmos a  Câmara de Lobos, hoje com um passeio marítimo fantástico.
Do Cais da Cidade para leste, há acesso à praia em frente ao Forte de  São Tiago, além da Barreirinha e do Toco. O Governo Regional em parceria  com as Câmaras construiu inúmeros acessos por essa costa fora,  concedendo ao povo considerado rural ou vilão, as mesmas oportunidades  que usufruíam os finórios e ricos da cidade. Há benefícios na criação de  empregos, dinamização de negócios, e regozijo emocional e sentimental.  Não esqueçam as trapalhadas dos ricos que aumentaram o desemprego.
6. Não sei quem fez bem ou fez mal. Constato que perante a ganância, há  quem humilhe o seu semelhante com o desplante de morder a mão de quem  lhe ofereceu frutos. Onde estão os valores e sentimentos? Gestos destes  revelam personalidades egoístas e farisaicas que se dão ao luxo de  exercer o direito de crítica sem memória. Basta de ofensas à memória  deste povo, honesto e trabalhador que muito contribuiu para encher os  bolsos de alguns que não merecem o ar que respiram. |  
                                                 
                          Artigo de Opinião de : Gilberto Teixeira  |