quinta-feira, 7 de julho de 2011

Mau governo...

GILBERTO TEIXEIRA Mentiras de governo e quem nos roubou o mar
O povo, os tais pobres que foram usurpados destes acessos públicos ficaram com o Lido e a praia do Gavina e lá mais à frente, há o Gorgulho. Passado o Clube Naval, existe aquela nova infra-estrutura na Ponta Gorda e a Doca do Cavacas, mais a praia Formosa, até chegarmos a Câmara de Lobos, hoje com um passeio marítimo fantástico.
1. Este Governo PSD/CDS não foi inovador, porque recorreu ao nosso, pobre mealheiro, copiando o pior de Sócrates antes de chegar ao Governo: não aumentava impostos, mas foi o que fez. Passos Coelho em campanha eleitoral disse isso e foi mais longe, prometendo cortar no lado das despesas caso houvesse necessidade de medidas adicionais. Este aconchego de impostos e corte de 50% no 13.º mês, tem verdade e mentira. Houve tempo para estudar alternativas. Ir ao nosso mealheiro foi a via mais fácil. Mas quebrou uma promessa. Tornou-se igual. 2. A simbologia do primeiro-ministro viajar em económica, tem piada e não ofende. Os governantes têm viagens gratuitas na TAP. É verdade. A norma que data de 2004 tem condições específicas e atribui viagens gratuitas em classe F e C em voos domésticos e internacionais. Não fala em classe Y (económica). Se o primeiro-ministro vai acompanhado de alguém que não beneficia de viagens grátis, é natural que pague a classe Y. Beneficiam disso o Presidente da República (alínea a) os membros do Governo, primeiro-ministro, Ministros, Vice-Ministros, Secretários de Estado, Vice Secretários de Estado, Sub-Secretários de Estado e Alto Comissário anti-corrupção (alínea b), os membros do Conselho de Estado, Presidente da Assembleia da República, Presidente do Tribunal Constitucional, Provedor de Justiça, Presidentes dos Governos Regionais e outros membros acreditados do Conselho de Estado (alínea c), Ministros da República para a Madeira e Açores exclusivamente entre as ilhas e Portugal Continental, Director Geral da Aviação Civil, Presidente do Supremo Tribunal de Justiça (alínea d) e oficiais da DGAC em funções (alínea h). Toda esta gente pode viajar à borla com bagagem excepcionalmente sem limite de peso em Classe F ou C. O primeiro-ministro viajou em classe económica, porque quis, pagando ou não bilhete, mais a restante comitiva. 3. O que quero saber é se este primeiro-ministro e o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, ou o Ministro de Estado e das Finanças, vão recorrer à contratação dos Falcon da Força Aérea Portuguesa para as várias deslocações a Bruxelas e a outros países. Isso é que tem relevância para o caso. O resto é simbólico com pouca ou nenhuma importância. Os abusos socialistas eram no uso dos Falcon. 4. Já agora que estamos com a mão na massa, registe-se que o regulamento concedia poderes aos delegados da TAP para concederem viagens gratuitas a outras personalidades. Neste caso estão os governantes regionais nas suas deslocações a Lisboa ou aos Açores. Do que sei, Alberto João Jardim nunca beneficiou de nenhuma viagem gratuita, os Secretários Regionais sim, havendo quem tivesse efectuado o pagamento das respectivas taxas e quem assim não procedesse. Do mesmo modo o Senhor Ministro da República anterior viajou sempre usufruindo da gratuitidade das viagens que solicitava por atacado conforme a sua agenda de trabalho. 5. Há quem se queixe com cinismo e hipocrisia, de falta de acessos ao mar numa ilha rodeada de água salgada. Para mim não é novidade. Queixo-me disso há longos anos. Desde a subida da Rua Carvalho Araújo até ao Lido, não há nenhum acesso público ao mar. Sabem porquê? Porque os senhores hoteleiros choraram tanto a este Governo Regional, que acabaram gerindo privadamente, esses acessos (públicos) para os seus hóspedes. Diz o ditado que “quem não chora não mama”. Foi o que eles fizerem. O aterro teve discussão pública, mas estes casos não tiveram, e eles apropriaram-se de tudo o que era do povo para valorização dos seus negócios. De borla. Desde a muralha da Pontinha, havia acessos ao mar até à zona do Lido. Cresci, vi chegar a Autonomia, o Governo próprio, legítimo, eleito por voto universal e secreto. A decisão de privar o povo de aceder ao mar, no limite que antecede o ilhéu conhecido por ilha dos Amores em frente ao agora denominado Hotel Royal Savoy, até às denominadas “águas doces” com acesso por debaixo da ponte do Ribeiro Seco, entre o Hotel Pestana Carlton e o Reid’s Hotel deve ter sido deste Governo tão atacado. Mais adiante na estrada Monumental ao lado do Hotel Cliff Bay havia um beco, travessa ou vereda (chamem-lhe o que quiserem) que dava acesso ao mar e tinha uma pequena praia de calhau (a forja) fantástica e sossegada. Era para pouca gente. Mas até essa foi privatizada. O povo, os tais pobres que foram usurpados destes acessos públicos ficaram com o Lido e a praia do Gavina e lá mais à frente, há o Gorgulho. Passado o Clube Naval, existe aquela nova infra-estrutura na Ponta Gorda e a Doca do Cavacas, mais a praia Formosa, até chegarmos a Câmara de Lobos, hoje com um passeio marítimo fantástico. Do Cais da Cidade para leste, há acesso à praia em frente ao Forte de São Tiago, além da Barreirinha e do Toco. O Governo Regional em parceria com as Câmaras construiu inúmeros acessos por essa costa fora, concedendo ao povo considerado rural ou vilão, as mesmas oportunidades que usufruíam os finórios e ricos da cidade. Há benefícios na criação de empregos, dinamização de negócios, e regozijo emocional e sentimental. Não esqueçam as trapalhadas dos ricos que aumentaram o desemprego. 6. Não sei quem fez bem ou fez mal. Constato que perante a ganância, há quem humilhe o seu semelhante com o desplante de morder a mão de quem lhe ofereceu frutos. Onde estão os valores e sentimentos? Gestos destes revelam personalidades egoístas e farisaicas que se dão ao luxo de exercer o direito de crítica sem memória. Basta de ofensas à memória deste povo, honesto e trabalhador que muito contribuiu para encher os bolsos de alguns que não merecem o ar que respiram.

Artigo de Opinião de : Gilberto Teixeira