quinta-feira, 31 de março de 2011

Esta semana foi o aniversário da 40ª Aparição da Virgem de Fátima

Quando receber este e-mail, reze uma Ave Maria e faça um pedido especial à Virgem de Fátima: Ave Maria, cheia de graças, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres, bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amem. (Faça o seu pedido) Não rompa esta novena. Mande para 12 pessoas. Nenhum ser humano recusa o pedido de sua mãe, Nosso Senhor Jesus Cristo,Como filho e Nosso Mestre Também. Feliz e abençoada Semana

SOS AQUÍFERO GUARANI - CANAVIAIS E LIXÕES AMEAÇAM NOSSA MAIOR RESERVA DE ÁGUA

Canavial oferece risco ao aquífero, aponta IPT – Mapeamento prevê manejo sustentável e o veto a indústrias de alto risco

Estudo do IPT indica as áreas de risco para o aquífero Guarani no Estado de São Paulo

Publicado em março 29, 2011 por HC
Estudo sobre o Guarani irá para comitês de bacias hidrográficas e, depois, deverá se tornar um projeto de lei
Técnicos do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) concluíram o primeiro estudo sobre as áreas de risco para o aquífero Guarani no Estado de São Paulo.
Hoje o maior vilão do aquífero são lixões desativados, segundo o responsável pelo estudo, José Luiz Albuquerque, pesquisador do departamento de hidrografia e avaliação socioambiental do IPT. Reportagem de Adriana Matiuzo, na Folha de S.Paulo.
Apesar da rigidez atual com os aterros, o total de lixões antigos é desconhecido. O estudo também aponta que os canaviais são maioria entre as chamadas zonas de potencial de risco na região, devido ao uso de agrotóxicos e ao tipo de manejo.
O mapeamento, que traz uma série de recomendações para a ocupação sustentável do manancial, embasará um futuro projeto de lei.
O estudo dividiu em três categorias o solo dos 143 mil km2 do aquífero.
O mapa se divide em áreas de restrição à ocupação (172,9 km2 de áreas de preservação permanente e reservas legais), de ocupação dirigida (25,9 mil km2 considerados vulneráveis à contaminação) e de recuperação ambiental (degradadas por erosões, lixões ou favelas).
Para as áreas de restrição, o estudo indica, entre outros, promover o manejo sustentável e projetos ambientais.
Já para as áreas de ocupação dirigida, as diretrizes do estudo indicam, por exemplo, a necessidade de barrar indústrias de alto risco ambiental, culturas agrícolas que usem agrotóxicos de grande mobilidade e até mesmo a ocupação onde há supressão de florestas.
Já nas áreas degradadas, as regras são peculiares e definidas caso a caso.
Segundo Albuquerque, o estudo será levado para discussão de comitês de bacias hidrográficas e, depois, deverá se tornar um projeto que proteja o aquífero.
Apesar de ter sido mapeado nos anos 70, até hoje o manancial não tem leis específicas que o protejam, de acordo com o pesquisador.
De acordo com ele, foram avaliados os graus de vulnerabilidade conforme a proximidade do solo com o manancial, a presença de mata nativa para protegê-lo e o tipo de atividade econômica.
Para o diretor do Daee Carlos Alencastre, o estudo é importante porque propõe uma série de ações para coibir empreendimentos que causem contaminação ao aquífero.
“Ainda tem muita discussão, porque o estudo esbarra em interesses particulares”, afirmou ele.
O promotor Marcelo Pedroso Goulart disse acreditar que o processo será lento por depender do crivo da Assembleia Legislativa.
O ESTUDO DO AQUÍFERO
1 O que é o estudo? É um mapeamento sobre o aquífero, que recomenda uma série de regras, especialmente da ocupação sobre o manancial. Iniciado em 2008, teve seu relatório concluído em 2010
2 O que diz? O estudo analisou os 143 mil km2 do aquífero no Estado e classificou em: áreas de restrição (preservação permanente e reservas legais), de ocupação dirigida (altamente vulneráveis à contaminação) e de recuperação ambiental (degradadas por erosão, lixões ou favelas)
3 Quem fez? IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), CPRM (Serviço Geológico Brasil) e Instituto Geológico da Secretaria de Estado do Meio Ambiente
4 O que acontece agora? O estudo foi aprovado pelo setor jurídico da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e será discutido nos comitês das bacias hidrográficas e no Conselho Estadual de Recursos Hídricos. Depois poderá virar projeto de lei e ir para a Assembleia
EM RIBEIRÃO Ministério Público e sociedade civil listaram normas para a zona leste da cidade, área de recarga do manancial. Há pré-projeto na prefeitura, que pode ir à Câmara como projeto de lei
NO PAÍS O governo federal planeja uma legislação para o manancial, que passa por seis Estados. O estudo servirá como referência.

sábado, 19 de março de 2011

O preço da informática: o computador já custou mais que um carro

Os preços baixam e a tecnologia aumenta

Quando chegamos a algum mercado ou loja especializada em computadores e nos deparamos com valores inferiores aos R$ 2 mil, fica difícil acreditar que cerca de 15 anos antes era impossível comprar uma máquina com configurações aceitáveis por menos do dobro deste valor.

Para sermos mais exatos, os R$ 4 mil de 1996 equivalem a R$ 12.691 de hoje, conforme atualização monetária com base na taxa inflacionária (índice INPC). Ou seja, a redução no valor não foi de apenas 50%, mas de 85%. Mas por que será que os computadores custavam tanto se não possuíam a mesma potência de hoje?

A onda dos valores

A tecnologia trabalha em ciclos muito bem definidos. Aparelhos que custam muito têm seus valores reduzidos gradativamente até que cheguem aos preços mais populares, então surgem novas tecnologias, fazendo com que a curva dos preços volte a subir e o ciclo se repita. Isso pode ser percebido com televisores e suas diferentes tecnologias: CRT, LCD, Plasma, LED e os novos modelos 3D que ainda estão com preços altíssimos.

A tendência é a queda dos valores

Em se tratando de informática, não é diferente. Os componentes de hardware sempre são lançados com valores altos que, com o passar do tempo, são reduzidos. Um dos fatores que mais contribui para a redução nos preços é a evolução tecnológica, pois quando são lançados novos produtos, é necessário reduzir os valores dos mais antigos para que eles não fiquem presos nas fábricas.

Fazendo uma análise bastante rústica, pode-se pensar da seguinte forma: o que aconteceria com os novos eletrônicos, se os antigos não tivessem seus preços reduzidos? Seria necessário vender cada geração com preços mais elevados, resultando em valores astronômicos para peças simples dos computadores.

Para entender melhor como funciona o esquema de ciclo de vida dos computadores e outros eletrônicos, confira este artigo completo que o Baixaki preparou no final de 2010.

Os primeiros computadores pessoais

Até o começo da década de 1970, os computadores eram limitados aos bancos e outras empresas que podiam gastar milhões de dólares para acelerar o processo de cálculo de algumas tarefas. Estas máquinas eram conhecidas como mainframes e não faziam muito mais do que calculadoras poderiam fazer (logicamente, com um fluxo muito mais elevado).

Mainframe IBM 704

Fonte da imagem: Lawrence Livermore National Laboratory

A história continuou sendo escrita da mesma forma até meados de 1971, quando o computador Kenbak-1 foi lançado. Segundo o Computer History Museum, apenas 40 exemplares do computador foram produzidos pela Kenbak Corporation.

Os computadores Kenbak-1 possuíam 256 bytes de memória RAM, não apresentando processador. No lugar dele, a máquina trabalhava com ciclos de instrução de máquina de um microssegundo, o que seria equivalente a um processador de 1 MHz. Ele chegou às lojas por 750 dólares, valor que hoje seria equivalente a 4.098 dólares americanos.

Apple e a popularização dos computadores

Ainda na década de 1970, Steve Jobs e Steve Wozniak fundaram a Apple e lançaram o Apple I, que em 76 seria responsável pela entrada da empresa no mercado de tecnologia mundial. O computador chegou às lojas custando 666 dólares (equivalente a 2.590 dólares atuais), o que gerou muitos comentários negativos por parte de religiosos norte-americanos.

Para resolver este impasse, Steve Jobs deu declarações de que aumentaria o preço dos computadores para 777 dólares, assim as acusações cessariam. O Apple I foi o primeiro aparelho a ser lançado completamente montado, sendo que só era necessário acrescentar um teclado e um monitor para que ele pudesse ser utilizado.

Conheça o Apple II

Fonte da imagem: Bilby

No ano seguinte surgiu o Apple II, já com processador com clock de 1 MHz e 4 KB de memória RAM. O sucesso de vendas impulsionou outras empresas a criarem computadores pessoais, o que foi de extrema importância para a popularização desses aparelhos. Foi nessa época que as máquinas passaram a desempenhar funções mais complexas, como a geração de gráficos coloridos.

Desde o lançamento do primeiro Apple até a última geração dos iMacs, 35 anos se passaram e muito da computação evoluiu. De volta às análises financeiras: a máquina com processador de 1 MHz custava 666 dólares sem monitor, hoje um iMac com monitor integrado pode ser encontrado por cerca de 1.199 dólares.

Corrigindo os valores com base na inflação norte-americana, os 666 dólares se transformam em 2.590 dólares. Ou seja, um computador atual, com processador de 3 GHz e 4 GB de memória custa menos da metade do que custaria um Apple I.

Novos iMacs com configurações arrasadoras

Fonte da imagem: divulgação/Apple

Para que fosse possível se obter a potência de processamento de um computador iMac, seria necessário somar o poder de 3 mil computadores trabalhando simultaneamente para uma única tarefa. Logicamente isso não seria viável, mas vale lembrar que estamos utilizando estes números em caráter ilustrativo.

1 MB de RAM já custou o mesmo que um notebook

Há 25 anos, possuir 1 MB de memória RAM instalado no computador era mais do que suficiente para qualquer um. Mas não era qualquer usuário que poderia comprar “tanta” memória, visto que cada pente de 512 KB não saía por menos de 400 dólares. Um megabyte chegou a custar 859 dólares em 1985 (valor corrigido: 1.766 dólares).

Hoje, 1 MB de memória custa 1 centavo de dólar e não serve para quase nada. Um pente de memória de 1 GB pode ser encontrado por cerca de 13 dólares. Portanto, montar um computador com 4 GB de memória (média para computadores pessoais) custa menos de 100 dólares, cerca de 10% do que seria gasto com 1 MB há 25 anos.

O que você faria com 1 MB?

Como acontece com qualquer produto, o ciclo de vida das memórias RAM é encerrado com o lançamento de memórias mais potentes. Hoje, os pentes que custam mais são os de memória Flash, que devem ter os preços reduzidos de acordo com o tempo. É provável que em 20 anos, outros tipos de memória sejam lançados e os atuais padrões fiquem na história, assim como aconteceu com pentes DIMM.

Processadores já trabalharam com megahertz

Quando os processadores Intel80386 (os populares 386) chegaram ao mercado em 1985, eles possuíam 275 mil transistores ocupando cerca de 1,5 micrômetros. Custando 299 dólares (valor corrigido: 614 dólares), continuaram a ser vendidos até 1994, ano em que a nova arquitetura Pentium chegou aos computadores pessoais.

Hoje, o processador Intel Core i3 (versão mais modesta da nova família de processadores da Intel) oferece aos seus usuários 382 milhões de transistores em uma arquitetura de apenas 32 nanômetros. Enquanto o 386 oferecia clocks de 10 a 40 MHz, os atuais i3 podem chegar a 3 GHz, até 250 vezes mais rápidos.

Intel 386 já foi poderoso

Fonte da imagem: CPU Grave Yard

Podendo ser encontrados por valores que permeiam os 315 dólares, seria possível dizer que os processadores tiveram todo esse aumento de potência sendo acrescidos apenas 15 dólares em seu preço. Isso já seria bom, mas se levarmos em conta os valores corrigidos do dólar, podemos afirmar que o valor do processador foi reduzido em 300 dólares.

Armazenar é preciso

HDs possuem em média, 500 GB

Não adianta ter computadores se não existir um disco rígido para armazenar os dados. Nas máquinas atuais não é possível imaginar menos de 300 GB, sendo que a média dos HDs é de 500 GB. Imaginando que um disco com essa capacidade custa cerca de 35 dólares, cada gigabyte sai por volta de 7 centavos de dólar.

Em 1980, o valor pelo mesmo gigabyte era de 193 mil dólares. Considerando o disco rígido da Morrow Designs de 26 MB, que custava cerca de 5 mil dólares, seriam necessários 38 deles para que 1 GB de arquivos pudesse ser armazenado por completo.

Já imaginou o quanto você gastaria para que fosse possível instalar todos os seus programas favoritos ou baixar todas as músicas que possui no seu HD atual? O valor fica ainda mais absurdo se atualizarmos os valores de 1980 para a cotação atual do dólar: neste caso, 1 GB de HD custaria 518 mil dólares.

Um carro ou um computador?

Há alguns anos esta pergunta era feita para pessoas que tinham algum dinheiro guardado, pois dificilmente elas poderiam comprar os dois ao mesmo tempo. Exatamente, cerca de 40 anos atrás não existiam computadores populares e todos eles custavam mais do qualquer um imagina pagar em máquinas tão simples.

Em 1970, um carro popular podia ser comprado por cerca de 3 mil dólares (17 mil dólares atuais). Com a mesma quantia, seria possível comprar um computador e meio, com as configurações mais básicas da época. Atualmente, computadores com configurações consideradas aceitáveis custam menos de 1 mil dólares, enquanto carros populares custam os mesmos 17 mil.

Carros ou computadores?

Comparando em números mais brutos, pode-se dizer que, enquanto 40 anos atrás era possível trocar um carro por um computador e meio (ou um computador mais potente), hoje com o preço de um carro popular é possível adquirir 15 computadores capazes de rodar os principais aplicativos do mercado.

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Você já havia imaginado que os computadores podiam chegar a custar tanto quanto um carro? Deixe um comentário para contar ao Baixaki se você pagaria por um computador com os preços que eram cobrados na década de 1980.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Comentário à Missa do Próximo Domingo

Domingo I da Quaresma

13 de Março 2011

A Quaresma - no deserto as tentações e a libertação

A quaresma é o tempo litúrgico da conversão, que a Igreja marca para nos prepararmos para a grande festa da Páscoa. É tempo para o arrependimento, de mudar algo de nós para construirmos um mundo melhor e podermos viver mais próximos de Cristo.

A Quaresma dura 40 dias, começa na Quarta-feira de Cinzas e termina no Domingo de Ramos. Ao longo deste tempo, sobretudo na liturgia do domingo, fazemos um esfoço para recuperar o ritmo e estilo de verdadeiros fiéis que devemos viver como filhos de Deus.

A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que significa luto e penitência. É um tempo de reflexão, de penitência, de conversão espiritual, tempo e preparação para o mistério pascal. Na Quaresma, Cristo convida-nos a mudar de vida. Nos, em Igreja, somos convidados a viver a Quaresma como um caminho para Jesus Cristo, escutando a Palavra de Deus, orando, compartilhando com o próximo e praticando boas obras. Como se vê há uma série de atitudes cristãs que nos ajudam a «parecer» mais com Jesus Cristo, já que por acção das nossas falhas, nos afastamos mais de Deus.

Por isso, a Quaresma é o tempo do perdão e da reconciliação fraterna. Cada dia, durante a vida, devemos retirar dos nossos corações o ódio, o rancor, a inveja, os zelos que se opõem ao nosso amor a Deus e aos irmãos. Na Quaresma, aprendemos a conhecer e a apreciar a Cruz de Jesus, como sinal de libertação da nossa própria cruz. Com isto aprendemos também a tomar a nossa cruz com alegria para alcançar a glória da ressurreição.

A liturgia deste 1º domingo da Quaresma, apresenta-nos as tentações de Jesus no deserto. Do ponto de vista positivo, podemos dizer que o deserto é uma ocasião propícia para o silêncio, para a oração e para a penitência. Mediante estes aspectos podemos reencontrar o sentido da vida e redescobrir tudo aquilo que é fundamental para sermos felizes. O deserto pode ser ainda uma ocasião onde deixamos o Espírito nos encher de verdade por dentro e assim criarmos as condições necessárias para assumir plenamente todos os projectos da nossa vida. Jesus dá-nos o exemplo.

Do ponto de vista negativo, o deserto pode ser tudo o que não tem sabor nem é importante para nos tornarmos mais humanos e mais irmãos uns dos outros. O deserto pode ser toda a nossa propensão para a esterilidade do amor. Uma vida toda carregada de egoísmo e de ódio contra os outros é uma vida no deserto árido sem sombra de existência verdadeira.

Os nossos desertos também podem ser positivos ou negativos. Porém não podemos esquecer que em nenhum momento o Espírito Santo nos abandona. Assim, podemos estar seguros que o amor de Deus ou o Espírito Santo, será a força principal que nos guiará para a verdade e nos livrará de todas as tentações que o diabo intente contra o nosso coração.

As tentações fazem parte da vida e podem ser uma constante no nosso pensamento e no nosso coração. Porém, se acreditamos de verdade na mediação fiel do Espírito Santo nada nos pode demover daquilo que escolhemos para as nossas caminhadas pessoais.

No entanto, nenhuma pessoa pode, em nenhum momento, vangloriar-se de que está livre de tentações. Porque todos os seres humanos estão sujeitos às travessias no deserto e em qualquer momento podem ser atacados com as piores artimanhas do diabo.

O diabo ou demónio, é uma figuração do mal. É a nomeação de tudo aquilo que seja contra a dignidade humana. O demónio, é um nome que manifesta a força do mal ou da maldade que gera o coração dos homens e a lógica do mundo.

Parece que nem o próprio Jesus se livrou dessa propensão, embora sendo verdadeiramente Deus. A humanidade de Jesus foi assumida em toda a sua radicalidade e neste momento também podemos perceber de verdade, como Jesus não deixa de assumir as tentações como aspecto peculiar da condição humana. Elas tornam-se um instrumento, que Jesus utiliza para nos mostrar que na nossa vida, embora também cheia de tentações, devemos mediante a presença do Espírito Santo, lutar sempre contra tudo o que nos desvie do caminho do bem.

terça-feira, 8 de março de 2011

Ivo de Sousa reeleito presidente da Academia do Bacalhau de Pretória

Ivo de Sousa reeleito presidente da Academia do Bacalhau de Pretória

Academia do Bacalhau de PretóriaCom quinze votos a favor, contra três de Jaime de Caires e um de Manuel Furriel, Ivo de Sousa foi reeleito presidente da Academia do Bacalhau de Pretória, em acto eleitoral a que se procedeu no decorrer do almoço mensal de convívio da penúltima quinta-feira, 24 de Fevereiro, no Strydfontein Family Restaurante, de Pretoria North, funções que vem desempenhando desde 29 de Maio de 2009, data em que sucedeu no cargo a Eduardo Rocha.

A seguir ao almoço a que entre as trinta presenças se encontravam o compadre honorário da Academia-Mãe, em Joanesburgo, José Gonçalves, e o padre Joseph da igreja católica de Sochanguve, este que por sinal ali procedeu à prece sobre a bênção da refeição, usou da palavra Ivo de Sousa para os habituais agradecimentos a quem consigo tem cooperado nestes convívios no patrocínio de certas actividades, com destaque para a proprietária do restaurante, Yvonne Pestana, que sempre se tem revelado uma excelente colaboradora, voltando a repetir ter sido uma boa ideia o ter-se optado pelo Strydfonteinn para estes almoços da última quinta-feira de cada mês, na medida em que se tem aproveitado a presença dos compadres que ali convivem há vários anos nesse preciso dia de cada semana, com a particularidade de para além do bom acolhimento, se poder contar sempre com a oferta de whisky para cada leilão que ali é efectuado, e até autorizar a entrada de vinho que esta Academia consegue de ofertantes para cada almoço que vem promovendo. Voltando a pedir a qualquer compadre de Pretória que tenha intenção de marcar presença no próximo Congresso Mundial das Academias do Bacalhau, este ano marcado para a Austrália, o favor de se fazer acompanhar da bandeira desta tertúlia da capital, Ivo de Sousa fez questão de enaltecer ali a colaboração que teve neste mandato, de Manuel Bento Teixeira, pela maneira como sempre tem procurado trazer as contas em ordem, só possível de pessoa idónea e responsável, que sempre procura ser fiel ao compromisso assumido, adiantando que uma direcção que tenha a sorte de poder contar com um tesoureiro como este, é garantido meio caminho andado para o sucesso que qualquer líder pretende. Ao referir o bom saldo existente no banco, quando em Maio de 2009 assumiu a presidência, de cento e sete mil randes a prazo, e catorze mil em conta à ordem, deixava agora cento e quinze mil em conta a prazo e quarenta e seis mil à ordem, para além dos donativos entregues durante este seu reinado, de quarenta mil à igreja de Santa Maria dos Portugueses; cinco mil à Casa do Povo do Campanário, da Ilha da Madeira; mil randes para os sem abrigo do Funchal; dois mil para comparticipação das despesas com a comemoração do Dia de Portugal, em Pretória; vinte mil aos Lusíadas; dois mil para ajuda a despesas de funeral; três mil para as placas a oferecer a convidados especiais, e mensagens de condolências publicadas no Século; cinquenta mil para auxílio às vítimas da tragédia ocorrida na Ilha da Madeira em Fevereiro de 2010; dez mil para almoço de ajuda ao sr. Duarte; dois mil para galhardetes desta Academia; e quinze mil de patrocínio à última festa dos jovens, numerários que perfazem um total de Rl6l.000.00 no banco, e Rl50.000.00 em donativos. Não deixando de sublinhar que para se conseguirem estes resultados contou sempre com a boa cooperação dos compadres desta Academia, assíduos aos convívios, assim como de alguns de outras congéneres, patrocínio de troféus para os torneios de sueca e de casino disputados a seguir aos almoços mensais, oferta de vinhos e do pão para as refeições, e do whisky para os leilões, deixando por conseguinte uma situação desafogada a quem o viesse a substituir no cargo para novo mandato. Face ao bom trabalho efectuado, e montante conseguido, o compadre Jaime de Caires pediu a Ivo de Sousa pa-ra continuar à frente da Academia, pelo menos por mais um mandato, apelo que foi ouvido pelos membros presentes, reflectido na esmagadora maioria de votos favoráveis na eleição a que se procedeu de seguida, sendo ainda de opinião criar-se um “Trust” para fundos de ajuda a boas causas, ideais para que foram criadas as Academias do Bacalhau, sugestão a merecer fortes aplausos, e partilhada por Manuel Furriel com a expressão, “dar-se hoje e continuar-se a trabalhar para o amanhã”. Face ao bom trabalho executado e referências elogiosas de que fora alvo, e maioria de votos na sua pessoa, Ivo de Sousa sentiu-se na obrigação de aceitar a vontade dos compadres ali reunidos, ao mesmo tempo que agradecia a confiança em si depositada, prometendo fazer o melhor ao seu alcance no desempenho dessa missão, pedindo para tal a colaboração dos que o ouviam e têm apoiado, guardando para último uma referência elogiosa ao semanário de língua portuguesa, “O Século de Joanesburgo”, que hoje leva as notícias da nossa comunidade a todo o mundo, pela forma como tem divulgado as actividades das nossas colectividades e instituições, em que esta Academia de Pretória se engloba e está grata, esperando continuar a merecer o mesmo tratamento no futuro.

sábado, 5 de março de 2011

Na rota das cidades perdidas

“O rio da minha aldeia não tem nome, mas é o rio da minha aldeia!... Por isso, é o rio mais importante do mundo porque é o rio da minha aldeia!...” Com palavras semelhantes descrevia o poeta Fernando Pessoa uma paixão de sua meninice: o rio que cruzava sua terra. Também nós, acostumados a uma cidade pequena, pacata, até agora, buscamos em nossa memória algo que nos remeta a outras “eras” em que viver aqui era prazeroso. As pessoas se cumprimentavam, podia-se ir ao baile sem problemas, havia entre - ajuda e solidariedade, mesmo as pessoas mais pobres viviam felizes e suspiravam por voltar o mais rapidamente à sua cidade quando, porventura, se ausentavam dela...Mesmo aqueles que por seus afazeres profissionais optavam por viver em outras paragens mais desenvolvidas não dispensavam uma volta ao “lar” para rever amigos e recordar situações prazerosas de outros tempos. Mas, tudo parece estar acabando. As coisas encaminham-se para uma hipotética “rota das cidades perdidas”, tipo rota das cidades abandonadas do faroeste e estamos encontrando por aqui, não por culpa das autoridades constituídas, diga-se de passagem, toda uma cultura que leva a cidade ao niilismo que nada mais é do que um desânimo que se institucionaliza a passos largos.... A insegurança campeia, a droga que é o motor maligno desta “desconstrução” em que está ficando a cidade e a região, cada vez mais se espalha e parece incontrolável. Urge que as forças vivas da terra sejam acionadas, precisamos de um trabalho de um sociólogo que aponte diretrizes para reverter esta situação.

Falando com pessoas de todas as classes sociais, percebe-se o medo e a incerteza em seus semblantes. Assiste-se ao desmoronar de uma sociedade estabelecida por nossos antepassados em que o valor da palavra dada era o ponto final de um bom relacionamento. Um novo governo está se instalando. Precisamos de novas idéias, prestigiar esforços das autoridades atuais, ver com carinho suas propostas e atuações, e, “borrón y cuenta nueva!”, ou seja, melhorar o que puder ser feito.

Acreditamos que, sobretudo, devamos ter uma nova injeção de ânimo para repor a alegria e a confiança nos cidadãos.

Nossa cidade e região merecem!

quinta-feira, 3 de março de 2011

Os Gêmeos

Era muito criança, quando perdi minha mãe, tinha apenas nove anos, e, minha irmã, treze, ficamos com nosso pai; quando tinha catorze anos, estava no segundo ano do ensino médio, minha irmã já tinha dezessete, ela começava a namorar um rapaz que morava perto da nossa casa, era de gente da nossa amizade, minha irmã arrumou um emprego numa loja. Eu tomava conta da casa de manhã e, à tarde, ia à escola.

Tinha uma amiga muito querida, Lia, estávamos sempre juntas. Havia um rapaz que trabalhava numa farmácia, ele, sempre que eu passava em frente, ficava me olhando, comecei a gostar dele. Uma tarde, Lia me disse:

“Sabe quem pediu pra você ir ao jardim depois das seis horas?”

“Quem?” – perguntei.

“O Augusto, aquele rapaz que trabalha na farmácia.” Respondeu ela.

“Ai! Eu tenho vergonha.” - Disse eu.

“Você é boba mesmo, vai fazer 15 anos, e, além do mais, ele gosta de você.” -Retrucou ela.

“Eu também gosto dele.” - respondi.

“Então eu vou com você.” – disse minha amiga.

Comecei a conversar com ele escondido da minha família. Cinco meses depois, minha irmã soube e me chamou à atenção, eu disse que estava gostando dele. Ela contou para meu pai, minha irmã disse que era um bom rapaz e que eu já tinha quinze anos, meu pai deu seu consentimento para continuar a me encontrar com ele, só me pediu para ter juízo.

Um dia meu pai teve um desmaio no trabalho, e levaram ele para o hospital, foram feitos alguns exames, e o médico disse que ele estava sofrendo do coração, que não podia fazer esforço nem carregar peso e nem se aborrecer. Continuou a trabalhar, mas com os devidos cuidados.

Um dia disse a Lia que queria conversar com ela e lhe contei que tinha feito o que não podia fazer com Augusto, ela ficou assustada e disse:

-“E se você ficar grávida?”

Eu disse que ele queria casar comigo, era só arrumar um emprego melhor. Só uma vez não vou ficar grávida, ele gosta de mim. Mas se passaram vinte dias... Lia veio assustada dizer que Augusto tinha sido atropelado e que tinha sido levado para o hospital, fomos correndo para lá. Chegando, fomos informadas que ele estava sendo operado, demorou duas horas a cirurgia. Chamaram o pai dele, e veio a notícia que ele havia falecido. Ficamos todos desesperados.

Fiquei muito triste por tempos, emagreci, não conseguia estudar, só chorava. Alguns dias depois comecei a me sentir mal, vomitando. Lia me disse:

-“Você precisa ira ao médico, eu estou cismada com esses enjôos. Porque você pode estar grávida.”

Fiquei apavorada, achava que era por causa da minha tristeza, e pensava "meu Deus, o que vou fazer se for gravidez? Augusto está morto e meu pai não pode se aborrecer, minha irmã vai ficar muito brava comigo!"

Procurei esconder deles a minha situação até onde pude, passaram três meses e ninguém sabia da minha gravidez, eu chorava muito sem saber o que fazer. Um dia o patrão do meu pai veio nos buscar para ir ao hospital, pois tinham levado meu pai para lá, fomos chorando, pressentia que algo ruim estava para acontecer. Meu pai tinha tido um enfarte fulminante, nem tinha me recuperado da morte de Augusto, agora meu pai também estava morto, e nós, sozinhas, neste mundo, os amigos nos ajudavam como podiam. Passados uns dias, vi que precisava contar à minha irmã o que se passava comigo. Ela ficou desesperada e choramos muito, abraçadas, pensamos o que íamos fazer de nossas vidas, sem meu pai e com uma criança para sustentar.

-“Precisamos entregar a nossa casa que não vai dar para pagarmos os aluguéis.” – pensamos.

Fomos morar num quartinho na casa de Lia. Passaram os meses e deixei de ir à escola, passei a vender algumas roupas para a vizinha da Lia para poder ganhar algum dinheiro. No nono mês de gravidez estava bem gorda e minha irmã me levou ao médico, ele disse que eu estava grávida de gêmeos, quase desmaiamos, pois a situação ficava mais complicada ainda, a enfermeira que estava nos acompanhando disse que havia tantas mulheres querendo um filho e eu naquela situação. Fomos para casa e, à noite, já deitada, minha irmã me disse o que iríamos fazer. Ela me sugeriu que déssemos as crianças. Disse que eu era nova e que podia casar e ter quantos filhos quisesse.

No dia seguinte voltamos ao hospital e com dor no coração, disse à enfermeira:

-“Você acha que vou encontrar alguém que possa criar bem meus filhos?” “Com certeza,” disse ela.

-“Deixe comigo que vou arrumar quem possa dar a eles uma vida melhor do que você,”continuou.

Fui muito triste para casa, mas não via outra saída. Uma tarde ela foi em casa e me disse que havia encontrado quem até ia pagar o parto e dar um dinheiro para que eu pudesse me sustentar por algum tempo, só que não queriam que eu soubesse quem eram. Aceitei, e assim aconteceu...

Tive parto normal e só vi os meninos no parto. No dia seguinte a enfermeira entrou no quarto e me entregou uma quantia em dinheiro e me disse para não contar a ninguém, era perigoso, nem o médico podia saber que tinha dado as crianças, comecei a chorar, tinha a impressão que estava vendendo meus filhos, mas não podia recusar o dinheiro, pois a minha situação era muito difícil, minha irmã me abraçou chorando e me disse:

- “Você terá outros filhos, fortes e lindos, Deus te recompensará, Ele está vendo seu sofrimento.”

Fomos para casa, chorei muito. Passado um mês arrumei um emprego numa loja e com o dinheiro que recebera alugamos três cômodos perto da loja, eu e minha irmã agradecemos muito à mãe da Lia e fomos para nossa casa. Passaram cinco meses, minha irmã marcou casamento e fiquei muito triste, pois não queria ser um estorvo na sua vida. Uma tarde Lia veio afobada e me disse:

-“Preciso te contar o que descobri; vi a tal mulher, aquela que levou seus filhos e eu a segui e sei onde ela mora!”

Meu coração parecia que ia sair pela boca.

-“Ela mora no outro bairro. Amanhã à tarde na hora da sua folga eu te levo lá.”

Nem dormi direito aquela noite e no dia seguinte pedi pra sair mais cedo e o patrão concordou. Lia já estava me esperando na calçada, tomamos o ônibus e fomos; era uma boa casa e muito bonita, ficamos um tempão do outro lado da rua vendo se conseguíamos ver as crianças, já estava anoitecendo quando uma mulher saiu no portão com uma criança no colo, ele era lindo, quis me aproximar mais um pouco, mas Lia me puxou e eu disse:

-“Não vou fazer nada, só quero ver mais de perto.”

Quando a senhora nos chamou e perguntou:

-“Vocês não conhecem alguém de confiança que queira trabalhar de doméstica?”

Olhei para Lia e já tinha decidido, respondi:

-“Estou desempregada, se a senhora quiser eu posso fazer uma experiência”. Ela me respondeu:

-“Que bom, estou passando apertada, pois não consigo tomar conta de meu filho e fazer o serviço de casa.”

-“A senhora não vai se arrepender, farei tudo para que a senhora confie e goste de mim” – disse eu.Voltei para casa tão feliz que comecei a chorar de alegria, Lia me disse:

- “Veja o que vai fazer, cuidado para não estragar tudo.!”

Fui ate à loja e expliquei que não podia mais trabalhar lá, o Sr Antônio estranhou e perguntou se alguém tinha me ofendido, eu respondi que não. È que precisava ajudar uma amiga que estava doente. Na manhã seguinte fui cedo para lá. Ela me recebeu muito bem e me explicou o serviço, comecei com muita disposição. Disse a ela:

- ”Seu filho é lindo, como ele se chama?”

Ela me respondeu:

- “Rafael”.

- “Que nome bonito! Eu gosto muito de criança,” - respondi.

Ela disse:- “Que bom!” “Pois poderá me ajudar a tomar conta dele, quando chega a noite estou cansada”.

À tarde, na hora da saída, ela me disse:

- “Gostei de você e do seu trabalho; você é caprichosa como eu gosto...” Sorri e disse:

- “Até amanhã!”

Não contei nada à minha irmã, que estava trabalhando na casa do meu filho com medo dela não gostar, ficou em segredo entre eu e a Lia. Um dia perguntei à minha patroa: Ela me respondeu:

- “sim.”

À noite, eu comentei com Lia:

- “Mas o outro, onde será que está? Será que morreu? Não tenho como saber.” Lia me disse:

- “Fique contente com esse, depois vamos esperar para saber o que aconteceu com o outro.”

Já fazia um mês que estava trabalhando, todo tempo que eu tinha, ia brincar com Rafael, podia sair ou descansar mais. Eliana era uma pessoa muito boa, eu passei a gostar muito dela e de seu marido, era simpático e gentil comigo, era um homem sério.

Ela perguntou da minha família. Eu disse que tinha perdido minha mãe aos nove anos e meu pai aos dezesseis anos, e só havia restado uma irmã com quem morava, morava em três cômodos em outro bairro.

-“Mas minha irmã vai se casar dia vinte e dois, no sábado, até gostaria que a senhora me dispensasse mais cedo pra poder ir ao casamento dela.”

Ela me disse:

-“pode ir sossegada.”

O casamento foi muito simples, mas muito bonito, ela ficou uma noiva muito bonita. Quando nos despedimos, ela me abraçou e começamos a olhar, não sei que sentimento nos envolvia se era de alegria ou tristeza, pois íamos nos separar, ela ia morar em outro bairro do outro lado da cidade. Ela queria que eu fosse morar com ela, mas na circunstância em que eu me encontrava, não seria bom eu ir.

Naquela noite Lia foi dormir comigo, ela ficou preocupada em me deixar sozinha, me convidou pra eu ir morar com ela. Disse que iria pensar.

Na segunda feira D. Eliana me perguntou sobre o casamento. Eu comentei que tinha sido bom, simples, mas minha irmã estava feliz.

”Ela gosta muito do meu cunhado, pena que não vou poder estar sempre com ela porque vai morar num bairro do outro lado da cidade.”

-“Você vai também?” Perguntou ela.

Eu respondi:- “Não, eu gosto deste emprego.”

-“Aonde você vai ficar?”-Perguntou.

-“Não sei, sem a ajuda de minha irmã não vou poder pagar o aluguel.”

Na hora de ir embora D. Eliana me chamou e disse:

- “Eu conversei com Júlio e resolvemos te convidar para morar aqui, assim você não precisa tomar ônibus todos os dias para ir embora.”

-“Verdade? Meu Deus que coisa boa, não esperava esse convite!”- Disse eu.

D. Eliana concluiu:

-“Além do mais, você morando aqui, posso de vez em quando sair à noite para jantar ou num cinema, meu marido vai gostar.”

Rafael se apegou a mim, me sentia feliz só que estava sempre pensando no outro gêmeo, que será que teria acontecido com ele? Será que estava vivo? Deve ser parecido com Rafael; não sabia como procurar. D. Eliana perguntou:

-“Em que série você parou de estudar? Você não gostaria de continuar? Poderia estudar à noite, sem estudo não se vai a lugar nenhum. Rafael já está grandinho, não dá trabalho, se quiser, por mim está tudo certo.”

-“Verdade?” - Disse eu encabulada.

-“Claro, gostamos muito de você, queremos ver você em boa situação e sem estudo fica mais complicado.”- Disse ela.

-“Obrigada. A escola não fica longe daqui, vou ver como posso fazer, quando abrir a matrícula, eu farei.” Respondi eu.

Comecei a freqüentar as aulas, o tempo passava e eu na luta de todos os dias. Rafael crescia cada vez mais. Começou a ir para o jardim da infância, depois pré-primário... Via sempre minha amiga Lia e de vez em quando ia à casa de minha irmã, que já estava com dois filhos, o primeiro era um menino depois uma menina, ela estava muito feliz.

Dora não sabia que estava junto de meu filho, não quis contar a ninguém, só Lia sabia, era o nosso segredo.

Levávamos nossa vida alegre, D. Eliana e seu marido me consideravam muito e eu fazia minha parte para agradá-los.

Nos finais de semana eles saiam para jantar fora ou dançar. Eu gostava de ficar sozinha com Rafael, me sentia mais mãe.

Um dia D. Eliana brincou comigo dizendo:

- “Você precisa arrumar um namorado se não vai acabar ficando para titia, você é bonita sabe se arrumar tão bem, impossível que ninguém se interesse por você.”

- “Não estou interessada, no momento, talvez mais pra frente, estou ligada nos estudos, quero acabar a faculdade depois faço o que for melhor pra mim.” Disse-lhe.

Assim chegou o dia da formatura de pedagogia, estava muito feliz, todos foram na entrega do meu diploma.

Quatorze anos tinham se passado, mas não queria ir embora, eles gostavam muito de mim e eu deles.

Numa manhã D. Eliana me chamou e disse:

-“Telefone ao Júlio para me levar ao médico, pois não estou passando bem.” Ele chegou assustado e levou-a. Rafael estava na escola, pude ir com eles. Seu Júlio estava muito aflito, chegamos ao hospital, o médico levou pra fazer exames. Eu precisava ir pra casa, era hora de Rafael chegar da escola. Disse a ele que D. Eliana tinha ido para o hospital fazer exames, pois não estava muito bem. Ele quis ir junto deles. Depois de certo tempo, o médico chamou Seu Júlio para conversar. Quando saiu de dentro do consultório, estava muito triste, parecia que tinha chorado. Fiquei preocupada, não quis fazer perguntas, esperei ele estar mais calmo, mas Rafael perguntou, ele disse ainda estão fazendo mais exames, quando chegamos em casa, Rafael foi para o quarto estudar. Ele me chamou e disse, é muito grave.

-“O que D. Eliana tem, posso saber, senhor Júlio?”

-“Você pode, mas Rafael não convém. É câncer. Meu Deus, nos dê força a todos!” Disse o senhor Júlio.

D. Eliana veio para casa depois de ter sido operada e ter ficado muitos dias no hospital.

Teve melhoras, mas continuava o tratamento em casa. Quando piorava, voltava para o hospital. Foi assim por mais de seis meses, era um sofrimento só, para ela e para nós que, como eu, a amávamos tanto. Até que um dia, foi para o hospital e não voltou mais para casa. Assim Deus a livrou daquele sofrimento. Ficamos todos tristes, Rafael estava inconformado, chorávamos todos juntos. Um período difícil para todos nós, mas tínhamos que prosseguir a caminhada, quando uma estava mais para baixo o outro ajudava a reerguer. Tinha muito pena do Sr.. Júlio, ele se absorvia no trabalho. Do escritório pra casa, não saía, estava sempre triste.

Às vezes procurava confortá-lo, dar ânimo. Assim passaram dois anos.

Um dia, ele me disse:

-“Se não fosse você não sei o que teria sido de nós, te devo muito, por isso considero da minha família, não me chame mais de senhor, não sou tão velho assim!”

O tempo foi passando, começou outra fase. Melhoravam os nossos ânimos, podíamos sorrir mais, e foram crescendo os sentimentos entre nós com muito respeito. Um dia Rafael nos disse:

-“Não seria bom vocês se casarem e sermos uma família de verdade?”

Fiquei sem saber o que dizer. Um mês depois Júlio me disse:

-“Você se casaria comigo?”

Fiquei encabulada, e respondi:

-“Será que daria certo?”

- “Poderíamos tentar, se você aceitar.”-Disse ele.

No dia seguinte contei para Rafael, que vibrou, me deu um abraço e disse:

- “Não poderia ser melhor!”

Uma noite antes do nosso casamento, Rafael tinha saído, chamei Júlio e disse:

- “Eu não quero me casar com você sem que saiba o meu segredo.”

contei desde o começo tudo para ele, ficou pasmo, quieto, parado mesmo, acho que não sabia o que dizer. Pensando, me disse:

- “Você é muito digna e corajosa pelas suas atitudes. Gosto ainda mais de você. Nunca soube do outro gêmeo?”

- “Não, nunca soube.”-Respondi.

Como advogado, vou tentar investigar o caso.

- “Não sei se ele está vivo ou morto. Meu coração dói muito ao lembrar do outro.” – disse eu.

-“Admiro muito você nunca ter deixado transparecer este acontecimento, Eliana morreu sem saber e você se submeteu ao trabalho da casa, com Rafael, sem reclamar de nada, e vou fazer de tudo para desvendar a verdade sobre seu filho.” Comentou ele.

-“Que bom que você compreendeu a minha situação.”- Respondi.

Nosso casamento foi simples, com poucos amigos e familiares nossos, estávamos todos felizes. Uma noite Júlio disse:

-“É hora de contarmos tudo a Rafael. Ele tem que saber que você é sua mãe biológica, e contar também sobre seu irmão gêmeo.”

Fomos ao quarto dele. Júlio começou a contar tudo que se passou comigo, ele ficou quieto, abismado, ouvindo com toda atenção, depois começou a me abraçar, chorando, e nós também. Ele disse:

-“Você sabe que sempre te amei como mãe, embora sem saber. Que bom, tenho um irmão!”

-“Não sei se está vivo ou morto. Nem sei como encontrá-lo, não temos nenhuma pista.”- Respondi eu

. -“Mas se estiver vivo nós o encontraremos, não é, mãe?”

Comecei a soluçar ao ouvi-lo me chamar de mãe, abracei-o com toda força do meu amor.

Júlio começou a investigação. Começou pelo hospital, disseram que aquela enfermeira já tinha morrido, e como ela fez escondido do médico e do hospital ninguém sabia de nada.

Passado algum tempo, Júlio chegou todo contente, contando que tinha achado uma pista do gêmeo, quase desmaiei. Deu-me um copo com água. Quando estava mais calma começou a falar:

-“Hoje fui ao centro da cidade, entrei num bar, pedi um salgado e um refrigerante. Estava sentado, distraído, quando entrou um rapaz, eu chamei: Rafael o que você esta fazendo aqui?”

Ele sorriu e me disse:

-“Não me chamo Rafael, o senhor está enganado, me chamo Vitor.”

Eu levei um susto, meu coração disparou.

-“Me perdoe, meu filho é muito parecido com você!”

Ele riu. Eu pedi a Vitor que sentasse comigo.

-“Gostei muito de você, quero te conhecer. Meu nome é Júlio, sou advogado, moro num bairro não longe daqui.”

-“Eu já me apresentei, Vitor Bernardes.”

Ele sentou e começou a conversar; perguntei como chamava seu pai, conheço uma família Bernardes. Ele disse:

-“Meu pai se chamava Adir Bernardes, não deve ser dessa família.”

-“Chamava, por quê?”

-“Porque ele morreu há quatro anos num acidente, ele e minha mãe.”

-“Nossa? E você tem irmãos?”

-“Não, depois do acidente quis morar sozinho, mas a irmã de minha mãe, não deixou, fiquei muito descompensado com a morte deles. Moro com meus tios.”

-“Era só você de filho?”

-“Era filho de criação, pois minha mãe havia tido um aborto complicado e não podia ter mais filhos. Mas o amor que sentia era o mesmo, eu os amava muito.”

-“Eu entendo, pois aconteceu o mesmo comigo e minha mulher, amamos muito o filho que criamos.”

-“Gostei muito de você, gostaria de encontrá-lo mais vezes. Vou deixar o meu cartão, faço questão de recebê-lo em minha casa, eu acho que teremos uma boa amizade.”

-“Também gostei muito do senhor, é muito simpático. Vou deixar meu endereço e meu telefone.”

-“Abracei-o com carinho porque tenho certeza que é irmão de Rafael." - Comentou o dr. Júlio.

Ficamos tão felizes naquela noite que não conseguimos dormir de ansiedade. Júlio abraçando- me, disse:

-”Agora você pode dormir sossegada que tenho certeza que ele é seu filho, e foi bem criado.Ainda vamos ter muitas alegrias se Deus quiser, temos o endereço dele.”

Quando chegou no sábado eu disse a Júlio:

-“Não agüento mais de ansiedade por conhecer Vitor.”

Júlio me disse:

- “vou arriscar telefonar.”

Fiquei do lado dele, do outro lado uma voz de mulher, que atendeu.

-“É da casa do senhor Vitor?”

-“É sim senhor.”

-“Ele está?”

- “Sim, vou chamá-lo.” Ele atendeu:

-“Pois não!”

-“Aqui é Júlio, que nos encontramos no bar da cidade.”

-“Sei, como vai o senhor?”

-“Tudo bem, Vitor. É que você não me telefonou, achei que tivesse me esquecido.”

-“Não! Eu gostei muito do senhor. É que estive muito ocupado esse final de semana.”

-“Se você estiver mais folgado e quiser dar a honra da sua visita, venha almoçar conosco amanhã, vai conhecer minha família.”

-“Está bem, obrigada pelo convite para o almoço, irei com todo prazer. A que horas devo estar aí?”

-“Venha às onze horas, para podermos conversar com mais tempo.

-“Estarei as onze, obrigado.”

Meu coração batia desordenadamente, precisei fazer o impossível para me acalmar.

Comecei cedo o almoço e caprichei mais que pude. Estávamos tão felizes.!Rafael disse ao pai:

- “Será que ele é mesmo meu irmão?”

Júlio disse: -“Eu diria que tenho certeza, mas o impossível é Deus errar. Como dizem, vamos esperar os acontecimentos.”

Às onze horas e dez minutos a campainha tocou, não conseguia disfarçar minha ansiedade. Júlio foi atender.

-“Entre, meu rapaz!”

-“Com licença!”

Quando o vi, não tive dúvidas ele era igual a Rafael, só o cabelo que penteava diferente. Júlio me apresentou, minha vista escureceu, sentei-me numa cadeira que estava próxima.

-"Desculpe-me, estou contente por conhecê-lo.”

Rafael vinha vindo, eles se olharam.

-“Meu Deus! Não é que nos parecemos mesmo?”

Sentamos e começamos a conversar, os meninos olhavam um para o outro, e riam, acho que era de alegria. Victor disse:

- “Como podemos ser tão parecidos?”

Júlio disse:

- “Sabe, Victor, estamos achando que você é gêmeo de Rafael.”

-“Como? Que história e essa?”

-“Você me disse que era adotado e minha mulher teve um parto de gêmeos, e por circunstâncias dolorosas precisou dar seus filhos, no hospital eles separaram os gêmeos.”

-“Meu Deus! Minha mãe me contou que me pegou em um hospital, mas não disse que eu tinha um irmão gêmeo.”

-“Nem seus pais, nem eu e nem a minha primeira mulher sabíamos. Depois de ver vocês dois juntos, não tenho duvida de que vocês sejam gêmeos.”

Eu o abracei e todos nós nos abraçamos, chorando, foi grande a emoção que sentimos, quando nos acalmamos, ele me abraçou e começamos a chorar de novo. Júlio disse:

- “A sua mãe por acaso contou em que hospital você nasceu?”

-“Sim, Santa Adelaide.”

-“Agora temos certeza.”.

-“Amei muito meus pais, foram bons e me amaram também.”

Eu disse:

- “Fico aliviada e dou graças a Deus. Eu descobri o Rafael porque uma amiga minha seguiu D. Eliana, ela precisava de empregada e eu me candidatei, e fiquei até agora junto deles.”

Foi o dia mais feliz de minha vida, nem que eu vivesse por mil anos, não iria esquecer a alegria daquele domingo. Contei toda minha vida para ele, era muita emoção.

Ele foi embora prometendo que sempre estaria junto de nós, ia trazer os tios para nós conhecermos, assim que nos despedimos, comecei a chorar, ele me abraçou e disse:

- “Mãe, não se preocupe, não moro longe daqui, estarei sempre junto de vocês.”

Chorei mais ainda por ter ouvido dos lábios do Victor a palavra mãe, pois não esperava mais encontrar o outro gêmeo. Victor trouxe seus tios para nos conhecer. Estavam admirados com tudo.

Ficamos muito amigos. Eles sempre nos visitavam e meu filho estava sempre em casa, ele era um rapaz muito alegre, feliz e nos dava muita alegria vivendo todos como uma só família

Fiz tratamento para engravidar, meu desejo era dar um filho a Júlio que foi sempre um bom pai para Rafael e agora excelente marido, eu era muito grata a ele por toda minha vida. Quando disse a ele que estava desconfiada que estava grávida, ele ficou parado como se não tivesse entendido, e quando voltou do susto ele disse :

- “Será que é verdade? Você já esta com trinta e cinoc anos, não será perigoso?”

-“Já consultei com Dr.Rubens ele me disse que já passei por um parto e não sou tão velha assim. Vou marcar exames ainda hoje.”

-“Eu quero ir com você.

-Tudo bem.”

Dois dias depois fomos ao hospital, quando o resultado deu positivo ele me pegou no colo, me beijou, abraçou, não sabia o que fazer, o médico começou a rir.

Os meses passaram rápido, ele tinha todo cuidado comigo, e quando nossa Melissa nasceu, parecia um menino junto como os gêmeos, ficaram no berçário chocando a menina. Deus seja louvado que me faz tão feliz........ Obrigada, Pai.

Jeannette Guarido Romanini