quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Se quiser ficar comigo....

SE QUISER FICAR COMIGO Se quiser ficar comigo Que seja por inteiro, Quero amor verdadeiro Não quero coisa forçada. Não quero alguém comigo, Por falta de opção ou Porque foi obrigado... E também não preciso De sobras de presente ou passado. Quero uma história concreta E com fios de ouro bordada. Quero que Fique comigo Pelo prazer de estar ao meu lado E não precisa estar apaixonado Basta ser meu amigo E se sinta feliz, por se partilhar comigo! Que regozije nos momentos bons E que segure minhas mãos nos Momentos de infortúnios que a vida nos impõe. Pra ficar comigo Tem que ter bom humor E não gosto que use máscaras... Se lá o que for... Se ficar comigo Te farei conhecer o paraíso Serás único para mim Serei única para ti... Mas não quero amor dividido! Quero carinho.... Quero afeto Quero gesto concreto. E, se não estiver satisfeito Não haverá brigas e nem lamúria, Sinta-Se a vontade Que lhe mostrarei a porta da rua! Antes só, que mal acompanhada. Este é meu lema, nesta caminhada. Poetisa Léo Lima

Juca Cipó....



JUCA CIPÓ Juca cipó vivia em uma cidade do interior, numa pobreza de fazer dó. Juca levantava de madrugada pra tratar da bichaiada e depois ir pra roça trabaiá... Juca não media esforços, dava mio pras galinhas, quirela para os pintinhos e cana de açúcar pras vacaquinhas... Dizia ele que era para o leite ficar docinho! Dava lavagem para os porcos ficarem gordinhos e quando matava um porquinho, a carne era repartida com os vizinhos. E por isso ele muito querido na região dos cafundó. Aos domingo ia pra missa reza pra padinho Cisso pras coisas ficá mió. Da casa a muié cuidava, levava comida pro juca na roça e cuidava da gurizada... Todos de barriga grande, cara melada, pé discarso que dava inté pena de vê. Mas a mulecada do Juca era um respeito só... O pai oiava e a criança virava pó. Juca ia pra roça e trabaiava que era de fazê dó... A noite ia pro Ribeirão pescá de anzó. Pegava bagre, lambari e pexe cipó... Mas, o apelido de cipó do Juca num foi pro causa disso, não. Juca só um medo na vida, que era de encontrá a marvada pessonhenta... Coitado dele, trabaiava com o peito apertado, merrendo de medo de incontrá com a danada. Ele era memo assombrado, quarque coisa ele baquiava... Um dia carpino o cafezá, Juca suava i fidia iguar gambá. E dirrepente arguma coisa passô na perna de juca... Ele jogô pra longe a inchada e perna pra que ti tenho... De Juca só inxergava o vurto correndo no cafezá. O que o Juca num sabia que o que ele achô que era uma cobra; era só um cipó... Foi intão que passaram a chamá o Juca, de Juca cipó... Eita home bão, pra daná! Poetisa Léo Lima

A Cena

A CENA Dia deste presenciei uma cena... Em plena Praça pública, ouvi os gritos de uma mulher... Ai.. . Ai... Ai Parei e vi uma rodinha de moradores de rua e um dos deles, com uma cinta na mão, Batendo nas pernas da mulher... Todos que presenciavam a cena, assistiam inertes... Eu, ali, como todos, só olhando sem dizer uma palavra. Foram algumas chibatadas e, em seguida ele devolveu a cinta para o colega que a havia emprestado; e eu fiquei esperando o festival de xingamentos e palavrões... Mas, isso não aconteceu! Simplesmente ela sentou-se ao lado de seu agressor no banco da praça e a conversa continuou como se nada tivesse acontecido. Eu balancei a cabeça, como se não tivesse acreditando no que estava vendo. Entrei em meu carro e voltei pra minha casa com aquela cena martelando meu pensamento ... Eles pareciam crianças brincando... Crianças crescidas, que brigam, que se batem e continuam brincando! Mas ficou a pergunta que não quer calar: porque ela apanhou? Porque aceitou passivamente as chibatadas? Porque continuou ali, como se nada tivesse acontecido? Ali, vi pessoas dominadas pelo vício, mas, pessoas aparentemente libertas do poder do mal, sem o domínio do ódio, da crueldade. E, apesar de uma certa violência... Eu não vi rancor e nem mágoa nos olhos daquela mulher... Como na minha ignorância nada entendi, apenas esbocei um sorriso e fui embora. oxalá todos nós tivemos esta atitude, quando alguém nos humilha, ou quando fazem alguma coisa que não gostamos... Ao invés disso ficamos enraivecidos, furiosos, e muitas vezes com gosto de sangue na boca, querendo vingança, dar o troco e gritar para que o mundo saiba o mal que nos fizeram! Nossa vida seria diferente se em nosso coração não habitasse o mal... E tudo o que consegui analisar através daquela cena, é que precisamos ter coração de criança... para que a vida cresça, floresça e produza frutos... Frutos de compreensão, de partilha, de amor e liberdade! Léo Lima