quinta-feira, 26 de julho de 2012

Diálogo improdutivo

Sobre o fogo que devastou a Madeira

Tenho lido os seus artigos sobre o fogo....

Raimundo Quintal
Ontem
Raimundo Quintal




Obrigado pela atenção

Eleutério Gouveia Sousa
Ontem
Eleutério Gouveia Sousa




Haveria condições de iniciar-se uma Fundação que abrangesse toda a diáspora e os locais, também, no sentido de ajudar a Madeira de uma forma racional e sem fins políticos? (Meu irmão é o Comendador José Ivo de Sousa, mora na Áfroca do Sul e nste momento está na Madeira...Deve ter ouvido falar dele) Tenho a certeza de que abraçaria essa ideia com entusiasmo....Ps. Eu moro no Brasil

Raimundo Quintal
Ontem
Raimundo Quintal




Sinceramente nunca pensei no assunto!....

Eleutério Gouveia Sousa
Ontem
Eleutério Gouveia Sousa




Temos aqui um organismo privado (SEBRAE) que trabalha profissionalmente na implantação dessas ideias.

Fala-se muito mas produzir que é bom!....

sábado, 7 de julho de 2012

Só faltava esta!...

Só faltava esta!...




Um pré-candidato à liderança do PSD/Madeira, mas apoiado pelos mais estremes inimigos dos autonomistas sociais-democratas – o que só por si diz tudo – apareceu agora com uma daquelas ideias, cujo absurdo só poderá fazer tais adversários bater as palmas.
Diz que se ganhar o Partido – quando?... – provocará «eleições antecipadas» no arquipélago, para uma nova Assembleia e um novo Governo.
Esta gente vem tentando provocar divisões no Partido Social Democrata da Madeira, vá lá se saber porquê, ou talvez se saiba, estratégia experimentada pela primeira vez pelos inimigos do PSD na Região Autónoma, seguidos por uma côrte de ressabiados e de candidatos a «desempregados políticos».
É preciso traduzir o que o líder municipal pretende.
Nada mais, nada menos, do que dissolver a Assembleia Legislativa da Madeira, mais de dois anos antes do termo da sua Legislatura!
Isto é, o Partido Social Democrata, com maioria absoluta no Parlamento regional, autodemite-se e sujeita-se a novas eleições, sabe-se lá para quê.
Será para a tal famosa «coligação» com o CDS?...
Será para o «salvador» perder as eleições – o que não me admiraria – e entregar a Madeira à Oposição, sob fortes aplausos Desta?...
Isto é, a estabilidade política vai ao ar, para se andar a «brincar às eleições» numa altura económico, social e financeiramente tão difícil para a população madeirense!
Para se andar a «brincar às eleições», exactamente quando há outras eleições, as autárquicas!
Será para arranjar lugar imediatamente, aos que a lei impede de concorrer à renovação do mandato, bem como a todos aqueles que se prestam a esta comédia que tanto agrada aos principais inimigos do PSD/Madeira?
É este o «caminho da esperança» cujo qualquer outro conteúdo se desconhece?...
Obviamente que o Partido Social Democrata da Madeira foi eleito para, e vai estavelmente cumprir o mandato de quatro anos, sem perturbar a vida madeirense que já tem de gramar um Portugal perturbadíssimo.
Obviamente que o PSD/Madeira está aqui para ganhar as próximas eleições autárquicas com o apoio da população inteligente e de boa formação de carácter.
Obviamente que o PSD/Madeira não andará a reboque de loucuras, segurará a conjuntura firme e sensatamente, com eficácia dará os passos necessários para retirar a Madeira, o mais possível, das confusões nacionais e, sobretudo, garante que recusará a leviandade política.
E há outras coisas a esclarecer.
Apontam-se defeitos ao PSD/Madeira que, a existir, são também do pré-candidato, pois ele não «aterrou» hoje no Partido.
E quais são as tais «novas causas mobilizadoras»?...
Já não é a luta contra a injustiça social, contra a «Madeira Velha» dos ingleses que o apoiam e o põem a dividir o PSD, já não é a luta por uma Autonomia que traga uma verdadeira Libertação ao Povo Madeirense?...
Este PSD/Madeira continua a ouvir as pessoas por toda a Madeira e Porto Santo. Dizer o contrário é mentira.
O PSD/Madeira não está remetido à «socialite» ressabiada ou adversária, de alguns sectores no Funchal.
E sejamos sérios!
Respondam-me ao desafio de dizer com quem, com o acordo ou promessa de quem, quando e como, existem as tais condições de rever, para já, o Plano de Ajustamento Económico e Financeiro.
E finalmente.
Para não trazer «estórias» cá para fora, não me façam falar das pessoas que foram pressionadas ou ameaçadas, se não fossem a refeições «de aniversário» ou «de homenagem»...
E ponto final. Até ao Congresso Regional da Madeira do Partido Social Democrata, na hora própria.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Propostas do psl 9 Partido Social Liberal)


Propostas
 
PROPOSTAS DO PARTIDO
Objetivando o que é de mais elementar para as sociedades modernas o Programa do Partido Social Liberal (PSL) discute e defende, em primeiro lugar, a LIBERDADE; a liberdade social, política e principalmente econômica, mas com responsabilidade. Evidentemente, alguns princípios são atávicos ao conceito de liberdade responsável e devem ser discutidos e defendidos pela seguinte ordem:
I – A DEFESA DOS PRINCÍPIOS DEMOCRÁTICOS
Servindo seriamente à causa da liberdade, a democracia não pode e não deve ser mero jogo de aparências, em que há confusão feita com a disciplina e a injustiça social. Essa confusão ajuda aos discursos políticos, aos demagogos e aos que fazem promessas em épocas eleitorais apenas.
Ouve-se com freqüência a palavra democracia, principalmente onde existem condições péssimas de habitação, onde há falta de alimentos e desemprego. Esses arautos estão de plantão para seus alardes e suas pregações (falsas) democráticas. Na verdade, não sabem que a democracia não é apenas discurso de ocasião. Ela se realiza com a efetiva prática da democratização das oportunidades de acesso à terra, à habitação, à educação e pelo permanente esforço e vigilância contra os inimigos da liberdade, que se valem das franquias democráticas para destruir a própria democracia.
II – JUSTIÇA SOCIAL
Cantada em verso e prosa, a celebre Justiça Social é também objeto temporário dos profetas para as ocasiões eleitorais. A Justiça Social, como tudo, começa pela liberdade.
Sem empresas não há empregos, assim como sem haver renda não há porque se falar em divisão de rendas. Justiça Social sem emprego e sem renda é mera falácia.
O pleno emprego, a farta alimentação, a habitação digna, a saúde assistida e a segurança são os esteios da Justiça Social que o Partido Social Liberal tem como meta em seu programa.
III – A CARGA TRIBUTÁRIA E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
O ex-ministro Dílson Funaro disse “o aumento da carga tributária tem que ser pelo desenvolvimento. Elevar a carga com recessão não adianta porque ela torna a cair, é um processo suicida”. É uma grande verdade. Somente com produção e desenvolvimento é que se consegue criar empregos, aumentar a receita, estimular o consumo sem ampliação da recessão, do desemprego e da miséria.
Necessitamos fomentar a pequena e micro empresa, além de estimular a média empresa, prestando-lhes um tratamento diferenciado quanto às suas obrigações tributárias, quer sejam principais ou acessórias.
Somente o desenvolvimento econômico pode nos proporcionar riquezas, favorecendo uma política social moderna e assim caminhar para a tão desejada Justiça Social.
IV – REFORMAS ESTRUTURAIS
O conservadorismo exagerado e proposital emperra o desenvolvimento. Isso acontece porque qualquer mudança pode trazer problema àqueles que cada vez ficam mais ricos, enquanto os pobres ficam mais pobres. A inobservância dessa diferença é certamente pouco inteligente.
As reformas na verdade não agitam, senão quando não são necessárias, enquanto as reformas necessárias por sua vez não excitam, acalmam. Não abalam, consolidam.
Todas as reformas necessárias são elementos de conservação numa democracia que não seja política, mas também social e econômica.
V – POLÍTICA EXTERNA
Com o avanço tecnológico, o Brasil também se dirige para o “podium”, pois tem mostrado ao mundo suas descobertas e que seu material humano intelectual é dos melhores.
Com esse avanço e criação de condições temos que alcançar total independência.
No mundo atual em que vemos, cada vez mais, a intervenção militar de países mais poderosos e a subserviência ao invés da soberania, temos que pensar muito sobre o Brasil. O mundo tem se caracterizado pela sua interdependência dos problemas e interesses.
Temos que ter o nosso próprio pensamento, sem subordinação a qualquer interesse estranho ao Brasil.
Auditar nossa dívida, responsabilizar os que a criaram e pagar o que é na verdade devido, mostra de forma clara a defesa da nossa soberania.
VI – OS TRABALHADORES E O DIREITO DE GREVE
A valorização do trabalho humano, o respeito a quem produz, seja ele operário, médico, engenheiro ou tenha outra qualquer profissão, aliada ao Capital Produtivo, são o caminho para a libertação econômica e uma das metas do programa do Partido Social Liberal.
O salário real é a maior conquista para os trabalhadores, além das já conseguidas ao longo desses anos.
Outra grande meta do programa do Partido Social Liberal é moralizar e aperfeiçoar o sistema previdenciário brasileiro. Temos que lutar pela descentralização dos diferentes atendimentos para reduzir os custos operacionais a fim de que a arrecadação sirva de fato para custear a assistência dos segurados em cada área específica e não alimentar o empreguismo burocrático.
A greve deve ser defendida a todo o custo, desde que seja reivindicatória de melhoria salarial e outros direitos. A greve deve ser encarada como um instrumento de defesa do trabalhador, como um instrumento de pressão para defesa ou conquista de interesses legítimos. Nunca a greve de solidariedade, jamais a greve política que serve somente para pelegos e arrivistas.
VII – AS FORÇAS ARMADAS
Definido na Constituição Federal o papel das Forças Armadas, tem ela ainda mais a fazer conforme nossa ótica, desde que o Estado lhes forneça os meios.
Defendemos a profissionalização do jovem com apoio do empresariado, durante o período da prestação do serviço militar. Esse será um passo muito importante na preparação desses jovens para o mercado de trabalho. Imaginem o jovem disciplinado e capacitado profissionalmente. Teremos cidadãos preparados para a vida.
VIII – PRIVATIZAÇÃO
A intervenção do Estado é lastimável e inadmissível em todo e qualquer setor da vida nacional. O Estado foi criado para prestar serviços, impossíveis à iniciativa privada.
O Programa do PSL defende a geral privatização praticada de forma racional e responsável, iniciando-se pelas empresas que apresentem prejuízos aos cofres públicos. A privatização racional quer dizer: vender, alienar, se desfazer primeiro das empresas que são hoje um sorvedouro de recursos do Tesouro Nacional. Deixemos a produção com a iniciativa privada.
IX – OS APOSENTADOS
A Previdência Social com todo o tipo de encargo, obviamente não pode, pelo gigantismo de sua máquina, prestar nenhum serviço, tampouco atender seu objetivo que é o de assegurar ao trabalhador, quando ele não puder mais produzir, uma vida digna.
Ora, hoje temos a Previdência cuidando de Seguro Social, a Previdência administrando a assistência médica de um modo geral e exatamente deixando de cuidar daqueles que contribuíram uma vida inteira para assegurar-se no futuro com uma verdadeira vida digna.
Defendemos, portanto, a divisão das atribuições da chamada Previdência, separando o que é seguro, o que é assistência médica e o que é aposentadoria.
X – REFORMA AGRÁRIA
O nosso País precisa urgente de uma reforma agrária autêntica. Essa reforma será boa para o fortalecimento da democracia e do capitalismo. Será fator de fixação do homem no campo para se processar o “desinchaço” das metrópoles e devolver melhores condições de vida a todos.
Há, todavia, para se ter uma reforma agrária perfeita, que se preparar, ainda que de forma quase precária, o homem para as suas funções no campo, garantindo-lhes o mínimo indispensável à sua sobrevivência.
As terras são um direito do homem. A divisão das terras improdutivas deve começar pelas propriedades do Estado, evitando, inicialmente, os investimentos em desapropriações e a dúvida quanto à razão ou o objeto dessa reforma.
XI – O COOPERATIVISMO
A cooperativa é uma sociedade em que o seu Capital é formado pelos associados e cujos objetivos são o benefício comum de todos eles através de preços mais reduzidos dos objetos de consumo, facilitação de empréstimos para desenvolvimento de suas atividades, obtendo condições mais favoráveis de mercado com a colocação dos produtos, além de outras numerosas vantagens. Tem, é evidente, como base a COOPERAÇÃO.
O cooperativismo é uma forma de transferir o ônus do Estado de atender aos setores econômicos para a própria iniciativa privada, que, nesse caso, busca a solução nela própria, o que reduz custos e aproxima mais o homem em razão da divisão dos problemas que enfrentam e vencem.
VII - HABITAÇÃO
Agrava-se a cada dia o problema da moradia. Até hoje poucas soluções foram encontradas para minorar esse monstruoso problema. São poucos os caminhos para uma família abrigar-se: alugar, comprar, morar de favor ou ir para uma favela, ou ainda pior, para debaixo de uma ponte. Os reajustes, ainda hoje, das locações levam ao desespero os locatários que não conseguem com seus salários e, muitas vezes, com o desemprego, acompanhar o aumento dos aluguéis. Por outro lado, o alto preço dos imóveis, a pouca poupança e a renda familiar insuficiente, somando-se a falta de financiamentos, barram o sonho da casa própria, do teto, do abrigo.
A falta de moradia embrutece o homem, torna-o indigno ou indigente e facilita a promiscuidade da família.
Da mesma forma que a propriedade improdutiva não pode continuar para valorizar e dar lucro ao proprietário, os lotes urbanos deverão servir para construção de casas populares, com planta previamente aprovada e materiais sem qualquer tributação, tudo para facilitar a construção pelo próprio interessado. Eis a solução.
XIII – A SAÚDE
A situação nacional com relação à saúde encontra-se num estado precário que vem se perpetuando ao longo dos anos. Nos dias de hoje, a classe de maior poder aquisitivo tem acesso aos meios de saúde de primeira linha que as instituições privadas oferecem ao mercado. Há uma necessidade preemente de estudos e de trabalhos para que possamos dar acesso a toda sociedade brasileira de ter assistência médica e odontológica básica. Para tanto, necessita-se de um trabalho que atenda preventivamente, corretivamente e, posteriormente, acompanhamento através de ambulatórios e Postos de Saúde.
Temos que desenvolver um trabalho de campo, destinado aos problemas de cada região, que possa desenvolver e aplicar os meios de saúde adequados, diminuindo e ou extinguindo com isso os problemas epidemiológicos e graves que a população de baixa e média rendas vêem enfrentando nos dias de hoje. Assim sendo, o Partido apóia a municipalização do sistema, mas preconiza maior rigor na fiscalização e na aplicação correta dos recursos públicos destinados à saúde.
XIV – EDUCAÇÃO
Pode-se afirmar que, se educando o homem, conseguiremos resolver todos os problemas da sociedade, sejam eles quais forem. Começando pela formação profissional, indo até a graduação, operar-se-á a verdadeira revolução quando se estabelecer ou construir um grande projeto nacional de educação.
Com certeza, há urgências no setor de educação que não podem esperar por esse grande projeto e, assim, pode-se iniciar a aplicação de pequenos modelos, como o de permitir a instalação de escolas e até estimular o surgimento delas em massa, nos municípios, com total isenção de qualquer obrigação tributária, desde que reserve à administração pública 20% de cadeiras para o ensino primário de crianças reconhecidamente carentes.
Em prosseguimento ao plano de preparação profissional, pode o município promover cursos paralelos de profissionalização, com cursos de 2º grau, com estágio gratuito ou pouco remunerado, em convênio com a iniciativa privada, para formar jovens com condições profissionais e experiência para o mercado de trabalho. Enquanto isso, nosso projeto de alfabetização de adultos começa no local de trabalho, aproveitando o intervalo intra-jornada.
XV – SEGURANÇA PÚBLICA
Pode-se também dizer que esse é hoje o ponto mais fraco da administração pública. Temos uma inversão de valores sociais e um descrédito em razão da impunidade, ao tempo em que temos todo um quadro de deficiência humana e de recursos à disposição do Estado para prevenir e reprimir o crime e a violência.
Enquanto temos uma polícia mal armada, mal remunerada e pouco especializada, importamos pelos meios de comunicação todo tipo de conhecimento estratégico para prática dos crimes, hoje organizado nas metrópoles de tal forma que exigem até o socorro das Forças Armadas, como se estivéssemos reagindo a ataques de uma robusta guerrilha. Por outro lado, as leis penais ainda permitem certos recursos aos faltosos e cerceiam a autoridade policial na fase instrutora do processo. Aliado a tudo isso, temos um sistema penitenciário falido, arcaico e esquecido pelas autoridades.
A prisão, hoje, com toda certeza não recupera, pois a superlotação e a falta de ocupação do preso estimulam e aguçam a sua periculosidade. Cada vez mais, o criminoso se torna inimigo da sociedade. Há necessidade de um projeto amplo que possa resolver, solucionando de vez o problema da segurança pública.


Uma viagem marítima tem um sabor único; entre mar e céu, “cavalgando” as ondas, o navio segue o seu rumo. Minuto após minuto, hora após hora, dia após dia, aparentemente “um cavaleiro errante”, a nave imensa “traça” sua rota!
Alheia à máquina que navegava, cruzando o oceano, a vida fervilhava, fazia nascer encontros, conhecer novas pessoas, ensaiar um novo idioma – no navio viajavam cidadãos espanhóis e italianos, enfim, uma cidade em miniatura que só não fazia esquecer os laços familiares e sentimentais que ligavam o Manoel à sua ilha e à sua gente.
Da amurada do barco, vira desaparecer, à distância, primeiro, seus pais que estavam na sua despedida, a sua cidade e, por fim, as montanhas que, em anfiteatro, cercam o burgo.
À medida que o navio avançava para o alto mar, desapareciam entre a neblina rarefeita, os últimos picos das montanhas. Um último apito, o último silvo, triste, pungente, dava o toque de despedida. Dificilmente encontraremos uma simbiose tão estranha como esta em relação à saudade e distância que aumentava mais e mais...
Uma dor difícil de amainar permaneceu assim, por horas, no coração de nosso personagem.
Mas, o ritmo da aventura, sem desligar seus laços ancestrais, dava o tom à vida, ao bulício que se antevia para seu futuro!...
O navio singrava rumo à América do Sul. A bordo, mais de 3000 passageiros, uma pequena cidade flutuante que se esparramava pelos conveses, corredores, beliches, piscinas, salas de jogos, refeitórios, cinema, etc. À popa, havia mesas de ping-pong onde se aglomeravam alguns passageiros disputando partidas animadíssimas.
A monotonia da viagem era quebrada por alguma onda mais forte que balançava desmedidamente o enorme navio de cerca de 200 metros de comprimento. Na sua esteira, como que abrindo o mar em dois, um rastro de espuma branca estendia-se por entre as águas azul-esverdeadas que se confundiam com os matizes infinitos do fimamento.
A princípio, o rastro prateado, espesso, leitoso, parecia não se desfazer. À medida que se distanciava o barco, refazia-se o mar como que diluindo os pensamentos do Manoel, pensativo e ainda com saudades apertando o peito. Olhando a espuma que, sabia, indicava o rumo da sua ilha, uma lágrima confundia-se na sua memória, incisiva e persistente, não deixando no olvido a família que lá deixara e, em última análise, as fortes lembranças de sua meninice!...
O mar era o elo. Ao mesmo tempo em que “cortava” seu cordão umbilical, fazia-o homem e a cuidar-se de se próprio; e, na rota para o sul, uma cidade flutuante, cheia de vida, o apartava dos seus e se via em um solilóquio que teimava em não desaparecer...

Eleutério Sousa

Pátria de lés a lés - Potencia global...

Mundo lusófono tem tudo para se constituir como potência global
25-Jun-2012
Mundo lusófono tem tudo para se constituir como potência globalO primeiro-ministro português considerou que o mundo lusófono tem tudo para se constituir uma potência global e afirmou haver entusiasmo dos presidentes do Brasil, Angola e Moçambique com a ideia de uma “aliança de prosperidade recíproca”.
 “Imaginem só o potencial humano, empresarial, político, económico, social e cultural que temos aqui em reserva”, afirmou na sexta-feira Pedro Passos Coelho, durante um jantar com empresários num hotel do Rio de Janeiro.
 “Tive, por isso, oportunidade, há alguns meses já de falar, com a presidente Dilma, com o presidente Eduardo dos Santos, com o presidente Guebuza, entre outros, e todos nós, entusiasmados, concordámos sobre as inúmeras vantagens de estabelecer uma aliança de prosperidade recíproca para os nossos empresários e cidadãos, assente numa sólida relação política, social e empresarial”, acrescentou.
 Segundo o primeiro-ministro Passos Coelho, os países de língua portuguesa têm “disponibilidade de capitais, de recursos, de conhecimentos técnicos e humanos únicos em muitos setores de actividade”, ou seja, têm todos os ingredientes para construírem um “grande mercado”.
 Passos Coelho apontou ainda que cada país lusófono “é uma porta de entrada para uma comunidade maior” e defendeu que, tendo os portugueses sido “pioneiros da globalização”, não faz sentido que desperdicem “os maiores proveitos da actual globalização”.
 Em particular quanto às relações com o Brasil, o primeiro-ministro advogou que está a ser construída “uma verdadeira aliança estratégica”, assinalando que escolheu o Brasil para a sua primeira visita fora da Europa, assim como Dilma Rousseff escolheu Portugal para a sua primeira visita fora do continente americano.
 Neste jantar com empresários promovido pela Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro, estiveram, segundo a organização, cerca de 200 pessoas. O ex-deputado e dirigente do PSD Agostinho Branquinho, que actualmente é administrador da Ongoing Brasil, foi um dos presentes.
 Antes, o primeiro-ministro visitou o Real Gabinete Português de Leitura, onde defendeu que a língua portuguesa deve ser vista “também como um factor global em termos de geopolítica” e apontou o Acordo Ortográfico como expressão de “uma visão estratégica” que deve ser prosseguida.
 O Real Gabinete Português de Leitura é uma biblioteca criada no século XIX por um grupo de portugueses residentes no Brasil, sediada num edifício de estilo neomanuelino, no centro do Rio de Janeiro.
 Durante a sua visita a esta biblioteca pública, Pedro Passos Coelho destacou o facto de Portugal ter sido “durante treze anos, a parcela europeia de um Império” que tinha o Rio de Janeiro como capital. “Essa situação não tem paralelo na história das nações e continua a constituir-se como um factor de grande interesse e inspirador de reflexões mais vastas”, disse.
 Por outro lado, a propósito do papel que “a diáspora portuguesa” pode ter face à situação nacional, Passos Coelho considerou que os portugueses e luso-descendentes es-palhados pelo mundo são “um dos melhores cartões de visita” de Portugal.
 “Mostram a todo o mundo a raça de que somos feitos, a maneira como nunca desistimos de projectos que parecem difíceis”, elogiou.
 Em seguida, o primeiro-ministro alegou que Portugal está finalmente a encarar de frente os seus problemas e a seguir a direcção certa para os resolver: “Sempre ganha-mos tempo quando fazemos o que é preciso, e nós estamos a fazer o que é preciso para colocar Portugal num caminho de crescimento justo”.
* Passos Coelho satisfeito com interesse da América Latina em Portugal
 O primeiro-ministro Passos Coleho faz um balanço positivo da sua viagem de seis dias à América do Sul, que terminou ontem, domingo, salientando o interesse que encontrou pelos produtos e bens portugueses.
 Nesta visita à América do Sul, que teve como principal objectivo reforçar as relações económicas de Portugal com o Peru e a Colômbia, realizaram-se encontros com empresários, em que estiveram representadas dezenas de empresas portuguesas.
 “O Peru e a Colômbia são dois países e dois mercados muito importantes para os investidores portugueses”, disse Pedro Passos Coelho. “Todos sabemos que, nesta fase, as exportações e o investimento realizado por empresas portuguesas em mercados em franco crescimento e que oferecem segurança e confiança podem ser determinantes para esta fase de recuperação económica do nosso país”, acrescentou.
 Na sexta-feira, a Direcção-Geral do Orçamento divulgou que o défice do Estado rondou os 2,700 biliões de euros nos cinco primeiros meses do ano, mais 35% do que em igual período do ano passado, fruto não só da queda da receita fiscal, mas também do aumento da despesa.
 No sábado, Passos Coelho garantiu que o Governo está “a analisar com muita atenção aquilo que se passa do lado da receita, de modo a avaliar em que medida é que pode estar em causa o objectivo do défice” de 4,5% para este ano, reiterando que este vai ser cumprido.
 “É cedo para estar a falar em quaisquer medidas de austeridade”, concluiu, à margem da conferência com o Presidente colombiano, Juan Manuel Santos.
Neste périplo pela América Latina,“encontrámos, não apenas governos comprometidos com a abertura aos capitais portugueses e aos produtos e bens portugueses, como também os empresários portugueses manifestaram um interesse muito relevante em contactar com os seus homólogos”.
Ao longo desta visita, Passos Coelho apelou à entrada de capital estrangeiro em Portugal, que apresentou como um país que pode abrir portas para o mundo lusófono. Por outro lado, apontou como fundamental o aumento das exportações e do investimento das empresas portuguesas em mercados fora da União Europeia, sobretudo no actual contexto económico nacional.
Durante a viagem, Passos Coelho esteve acompanhado pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, e pelo presidente da AICEP, Pedro Reis.
 “Apostámos muito na diplomacia económica e creio que esta viagem mostrou que a aposta que fizemos em colocar a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) na coordenação dos Negócios Estrangeiros está já hoje a dar os seus frutos”, declarou, em Bogotá. Segundo o primeiro-ministro, “isso é reconhecido pelos próprios empresários, que mostram uma grande satisfação pelo facto de terem agora apenas uma entidade a que se dirigir, que está integrada em toda a rede diplomática e na mesma tutela”.
Questionado sobre a ausência do ministro da Economia nesta viagem, o primeiro-ministro defendeu que Álvaro Santos Pereira “está a fazer um trabalho muito importante para Portugal” e recusou que este esteja à margem da diplomacia económica. “Há um trabalho conjunto muito importante entre a AICEP, os Negócios Estrangeiros e o Ministério da Economia. Portanto, não estamos de costas voltadas uns para os outros, estamos a trabalhar em conjunto”, afirmou.