| | |   | GILBERTO TEIXEIRA
                              A Autonomia  é uma luta  pacífica? | 
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                                    |                                                                                                 |                                                     |  Não  é necessário ser muito arguto para reconhecer que muitos dos furtos e  ataques à mão armada, que se vêm dando, são o resultado do mal-estar e  das terríveis circunstâncias a que nos reduziu a imprevidência  governamental, aliada a uma insaciável ambição de riqueza que  caracteriza certas classes sociais”. |  |                                                      | Rui Nepomuceno, advogado e ensaísta,  com base na imprensa da época, realizou um ensaio critico síntese “não  só do estabelecimento da 1ª República na Madeira, mas do contexto  político e social que antecedeu o novo regime, nomeadamente através de  uma breve análise da situação referente à incipiente Autonomia  Administrativa, adoptada em 8 de Agosto de 1901, que pouco tinha  adiantado na resolução dos problemas do povo madeirense. As condições em  que decorria a vida dos madeirenses fizeram com que o 5 de Outubro  fosse recebido com enorme expectativa. Um bom exemplo é precisamente o  da imprensa que rejubilou com o advento da Republica, sendo que se pode  dizer que, na Madeira, o regime monárquico quase caiu pacificamente”.
Este ensaio publicado na Revista Islenha, nº 47, de Dezembro de 2010,  recomenda-se para meditação dos agiotas da política local, neste período  que antecede as eleições legislativas, para convencerem-se que a  história se repete. Diz o autor: “Durante quase todo o séc. XIX e nas  primeiras décadas do seguinte, tal como havia acontecido desde finais de  quinhentos até pouco mais de meados do séc. XVII, o Arquipélago da  Madeira voltou a enfrentar uma profunda crise económica, social, e até  moral, bem patente na pobreza generalizada, no desmesurado surto  emigratório, e até na grande quantidade de recém-nascidos expostos nas  Misericórdias e nos Conventos da ilha; carências tão profundas e  devastadoras, que não temos a mínima dúvida, em afirmar que os séculos  XVII e XIX foram os períodos mais negros e dramáticos da história  madeirense”. Ainda ninguém sabe o que em por aí…
A longa e trabalhosa investigação, infelizmente, não é tida em conta,  por quem anda agora numa deprimente caça ao voto, a inventar problemas,  criar chatices, e prestar um péssimo serviço à Autonomia Regional, por  ignorância, má fé e incompetência, manipulando números, distorcendo  factos e realizando uma campanha política demagógica, insensata, e  fomentadora de conflitos. Porque feita com fraca e intriguista memória.
Para os que imaginam que todos os males vêm do Governo e que só a quem  governa se devem pedir responsabilidades e criticar opções, fica este  naco de prosa elucidativo do que o autor do texto leu em A Verdade, na  sua edição de 14 de Abril de 1917, que os … "campos de batatas, trigo,  milho, árvores de fruta e até os pinheirais cederam os seus lugares à  cana sacarina, (…) obrigando-nos assim a importar. Com a guerra  europeia, porém, a importação vem-se tornando dia a dia impossível, e  como consequência a fome, a negra fome voltou a bater à porta de muitos  lares.
Não é necessário ser muito arguto para reconhecer que muitos dos furtos e  ataques à mão armada, que se vêm dando, são o resultado do mal-estar e  das terríveis circunstâncias a que nos reduziu a imprevidência  governamental, aliada a uma insaciável ambição de riqueza que  caracteriza certas classes sociais”.
Conforme referi antes, a pacificação da sociedade madeirense só será  obtida, se houver de entre os vivos, quem der testemunho do que foram as  perseguições, ameaças de morte e outros macabros alçapões montados por  aqueles cuja “insaciável ambição de riqueza” motivou-os a aterrorizar os  moageiros, e a obter através de afilhados especialistas em traições,  junto do Governo Central o «Monopólio Cerealífero» “que impedia a livre  importação de cereais, e através do qual apenas os moageiros da sua  clientela política eram autorizados a importar o grão, facto que  redundava em compadrios, açambarcamento e especulações, por parte desse  sector da classe dominante”.
Todos nos recordamos de ouvir falar da então designada Revolução da  Farinha. Registaram-se motins e Rui Nepomuceno recorda o que está  escrito no Elucidário Madeirense acerca dessa matéria. O povo “invadiu a  casa do Presidente da Câmara do Funchal, obrigando a acompanhá-lo aos  Paços do Concelho para fixar o preço do pão. Ao mesmo tempo tentaram  prender o caixeiro duma casa inglesa, a quem se atribuía a principal  responsabilidade do pretendido aumento dos preços, o qual (…) para  escapar à sanha popular fugiu da ilha”.
Quem era a casa inglesa? Bom será que o povo de agora não esqueça que os  vampiros de sempre ainda aí estão, abusando do dinheiro acumulado para  intimidar oponentes, ou quem lhes descobre a careca. Só que ao contrário  do que sucedeu no passado, há hoje quem olhe para a “ganância, a  ladroeira, o roubo, o assalto descarado e feroz á bolsa do pobre”.
A corrupção e os problemas sociais existentes em Portugal, com toda a  certeza que são extensíveis à Madeira. Não há sobre isso a mais pequena  dúvida. O que não se deve é aceitar que uns ricos palhaços, não  enfrentem e afrontem quem “rouba as populações”, apresentando provas  disso. Preferem distrair-nos com bagatelas que não valem nada.
A ideia de que morreram os vampiros que emperram o futuro da Madeira é  errada. O mal da Madeira não está no aterro do Cais, nem na Marina da  Ponta de Sol. O mal está naqueles que tendo condições económicas e  financeiras excelentes, resolveram armar em espiões, não para favorecer o  povo, mas para abrir caminho aos seus negócios. Eles querem prosperar e  superar as fortunas que dizem que existem à custa de corrupção e  compadrio. Só que nunca provam nada e escondem-se atrás de biombos. Até  Outubro nada vai ser pacífico em termos de Autonomia! |  
                                                 
                          Artigo de Opinião de : Gilberto Teixeira  | 
 
Não é necessário ser muito arguto para reconhecer que muitos dos furtos e ataques à mão armada, que se vêm dando, são o resultado do mal-estar e das terríveis circunstâncias a que nos reduziu a imprevidência governamental, aliada a uma insaciável ambição de riqueza que caracteriza certas classes sociais”.
Rui Nepomuceno, advogado e ensaísta, com base na imprensa da época, realizou um ensaio critico síntese “não só do estabelecimento da 1ª República na Madeira, mas do contexto político e social que antecedeu o novo regime, nomeadamente através de uma breve análise da situação referente à incipiente Autonomia Administrativa, adoptada em 8 de Agosto de 1901, que pouco tinha adiantado na resolução dos problemas do povo madeirense. As condições em que decorria a vida dos madeirenses fizeram com que o 5 de Outubro fosse recebido com enorme expectativa. Um bom exemplo é precisamente o da imprensa que rejubilou com o advento da Republica, sendo que se pode dizer que, na Madeira, o regime monárquico quase caiu pacificamente”.
Este ensaio publicado na Revista Islenha, nº 47, de Dezembro de 2010, recomenda-se para meditação dos agiotas da política local, neste período que antecede as eleições legislativas, para convencerem-se que a história se repete. Diz o autor: “Durante quase todo o séc. XIX e nas primeiras décadas do seguinte, tal como havia acontecido desde finais de quinhentos até pouco mais de meados do séc. XVII, o Arquipélago da Madeira voltou a enfrentar uma profunda crise económica, social, e até moral, bem patente na pobreza generalizada, no desmesurado surto emigratório, e até na grande quantidade de recém-nascidos expostos nas Misericórdias e nos Conventos da ilha; carências tão profundas e devastadoras, que não temos a mínima dúvida, em afirmar que os séculos XVII e XIX foram os períodos mais negros e dramáticos da história madeirense”. Ainda ninguém sabe o que em por aí…
A longa e trabalhosa investigação, infelizmente, não é tida em conta, por quem anda agora numa deprimente caça ao voto, a inventar problemas, criar chatices, e prestar um péssimo serviço à Autonomia Regional, por ignorância, má fé e incompetência, manipulando números, distorcendo factos e realizando uma campanha política demagógica, insensata, e fomentadora de conflitos. Porque feita com fraca e intriguista memória.
Para os que imaginam que todos os males vêm do Governo e que só a quem governa se devem pedir responsabilidades e criticar opções, fica este naco de prosa elucidativo do que o autor do texto leu em A Verdade, na sua edição de 14 de Abril de 1917, que os … "campos de batatas, trigo, milho, árvores de fruta e até os pinheirais cederam os seus lugares à cana sacarina, (…) obrigando-nos assim a importar. Com a guerra europeia, porém, a importação vem-se tornando dia a dia impossível, e como consequência a fome, a negra fome voltou a bater à porta de muitos lares.
Não é necessário ser muito arguto para reconhecer que muitos dos furtos e ataques à mão armada, que se vêm dando, são o resultado do mal-estar e das terríveis circunstâncias a que nos reduziu a imprevidência governamental, aliada a uma insaciável ambição de riqueza que caracteriza certas classes sociais”.
Conforme referi antes, a pacificação da sociedade madeirense só será obtida, se houver de entre os vivos, quem der testemunho do que foram as perseguições, ameaças de morte e outros macabros alçapões montados por aqueles cuja “insaciável ambição de riqueza” motivou-os a aterrorizar os moageiros, e a obter através de afilhados especialistas em traições, junto do Governo Central o «Monopólio Cerealífero» “que impedia a livre importação de cereais, e através do qual apenas os moageiros da sua clientela política eram autorizados a importar o grão, facto que redundava em compadrios, açambarcamento e especulações, por parte desse sector da classe dominante”.
Todos nos recordamos de ouvir falar da então designada Revolução da Farinha. Registaram-se motins e Rui Nepomuceno recorda o que está escrito no Elucidário Madeirense acerca dessa matéria. O povo “invadiu a casa do Presidente da Câmara do Funchal, obrigando a acompanhá-lo aos Paços do Concelho para fixar o preço do pão. Ao mesmo tempo tentaram prender o caixeiro duma casa inglesa, a quem se atribuía a principal responsabilidade do pretendido aumento dos preços, o qual (…) para escapar à sanha popular fugiu da ilha”.
Quem era a casa inglesa? Bom será que o povo de agora não esqueça que os vampiros de sempre ainda aí estão, abusando do dinheiro acumulado para intimidar oponentes, ou quem lhes descobre a careca. Só que ao contrário do que sucedeu no passado, há hoje quem olhe para a “ganância, a ladroeira, o roubo, o assalto descarado e feroz á bolsa do pobre”.
A corrupção e os problemas sociais existentes em Portugal, com toda a certeza que são extensíveis à Madeira. Não há sobre isso a mais pequena dúvida. O que não se deve é aceitar que uns ricos palhaços, não enfrentem e afrontem quem “rouba as populações”, apresentando provas disso. Preferem distrair-nos com bagatelas que não valem nada.
A ideia de que morreram os vampiros que emperram o futuro da Madeira é errada. O mal da Madeira não está no aterro do Cais, nem na Marina da Ponta de Sol. O mal está naqueles que tendo condições económicas e financeiras excelentes, resolveram armar em espiões, não para favorecer o povo, mas para abrir caminho aos seus negócios. Eles querem prosperar e superar as fortunas que dizem que existem à custa de corrupção e compadrio. Só que nunca provam nada e escondem-se atrás de biombos. Até Outubro nada vai ser pacífico em termos de Autonomia!
Artigo de Opinião de : Gilberto Teixeira