segunda-feira, 9 de maio de 2016

Onde tudo começou!....

Porto Seguro, um encontro com o paraíso e a História

Por Carla Delecrode

Porto Seguro, um encontro com o paraíso e a História
Foto divulgação

Arraial d' Ajuda
Visitar Porto Seguro é ir ao encontro da nacionalidade. Ainda na estrada, a caminho da cidade, é possível ver as árvores de pau-brasil. Logo, se avista uma praia deslumbrante e ao lado o município. “É indescritível o sentimento que se apossa de nós ao entrar em contato com a ‘célula mater’ do Brasil. Como em um túnel do tempo, senti-me como um dos navegantes que acreditavam ter chegado ao paraíso.” O depoimento do leitor Eleutério Sousa, do Paraná, é uma das muitas histórias enviadas ao Opinião e Notícia sobre Porto Seguro, um dos destinos mais procurados para viagens pelo Brasil.
Praias paradisíacas, passeios ecológicos e muita cultura são alguns dos atrativos do lugar, que ficou na história brasileira como o ponto de chegada dos portugueses em 1500. A cidade, localizada no sul da Bahia, foi fundada em 1534 e, além das belas paisagens, tem como ponto forte a receptividade baiana. “É ótimo. A população está sempre disposta a auxiliar e a tirar dúvidas dos turistas. Os passeios em cidades e arredores são fantásticos”, afirmou o leitor Junior Macruz, de Assis, de São Paulo.
Centro
Há opções de diversão tanto para quem deseja apreciar a tranquilidade e a natureza, quanto para os que procuram alternativas para aproveitar a noite baiana. Para os que se encaixam no primeiro perfil, Porto Seguro oferece passeios ecológicos, trilhas, parque aquático, passeios de escuna, prática de esportes como mergulho, assim como belas praias, com recifes de corais e piscinas naturais. O transporte local e a limpeza urbana, porém, foram apontados pelos leitores como pontos negativos.
Em Porto Seguro, o que não faltam são roteiros para conhecer o passado dos primeiros portugueses, indígenas e jesuítas da época do descobrimento. A programação deve incluir visitas ao Memorial da Epopéia do Descobrimento, ao Centro Histórico e ao Museu do Descobrimento. Como o município é tombado pelo IPHAN como Patrimônio Histórico Nacional, desde 1973, na parte baixa da cidade pode-se apreciar construções do século XVII. O Centro Histórico — local do primeiro núcleo habitacional do país — oferece visitação a monumentos como o marco do descobrimento, trazido de Portugal em  1503.
Axé moi
Os boêmios e foliões também não ficam de fora da diversão. A dica para aproveitar a folia baiana é o complexo de lazer Axé Moi, que oferece shows o dia inteiro. A Ilha do Pirata também é uma alternativa de lazer temático, com diversão noturna e aquários com tubarões. O luau mais tradicional pode ser apreciado em Tôa Tôa. Outro ponto turístico é a Passarela do Álcool, no centro da cidade, onde há várias opções de bares, restaurantes e lojas para comprar ‘lembrancinhas’. Os que estiverem na cidade esta semana também poderão conferir uma programação especial, em comemoração aos 510 anos do descobrimento, até 25 de abril, na passarela do álcool.
Praias e parques ecológicos
Recife Fora
Independente da preferência por calmaria ou agitação, as praias são unanimidade como ponto forte da cidade. As belezas naturais de Porto Seguro renderam título de Patrimônio Natural da Humanidade, pela UNESCO, no ano 2000. A programação deve contar com paradas nas praias da cidade, como Taperapuã, em Arraial d’ Ajuda, Trancoso e Caraíva.
Em Arraial d’Ajuda, a 4 Km de Porto Seguro, Parracho e a da Mucugê  são as praias mais agitadas. Já para praticar mergulho boas opções são as águas tranquilas de Araçaípe e Apaga-Fogo. Outra atração é o maior parque aquático da América Latina, o Eco Parque, localizado em uma reserva ecológica da Mata Atlântica.
Reserva Jaqueira
Em Trancoso, os visitantes encontram uma costa de águas verdes e cristalinas, geralmente, com poucos visitantes. A praia mais movimentada é a dos “Nativos”. A costa do “Taípe”, a 8 km de Trancoso, destaca-se, pois Pero Vaz de Caminha fez referências às barreiras vermelhas na carta enviada ao rei de Portugal. Em Caraíva, além das riquezas naturais, é possível visitar a aldeia dos índios pataxós, no Parque Nacional do Monte Pascoal, em Barra Velha. A 15 Km de Porto Seguro também está localizada a Reserva Indígena Jaqueira, aberta à visitação.
Os aventureiros podem optar por passeios ecológicos no Monte Pascoal, em Recife Fora e na Estação Veracel, reconhecida em 1998 como
Rio Barra
Reserva Particular do Patrimônio Natural, pelo IBAMA. Os rios Buranhém, o Rio da Barra, em Trancoso, e o dos Frades também se incluem na lista dos passeios imperdíveis, indicados pela Prefeitura de Porto Seguro.
Confira a cronologia do descobrimento aqui.

Os descobrimentos foram um blefe?

Dos “pecados originais” da Lusofonia


Quase sempre, nos múltiplos debates sobre Lusofonia em que, como Presidente do MIL e Director da Revista NOVA ÁGUIA, temos participado, surge a questão dos alegados “pecados originais” da Lusofonia. Por estes tomam-se, como é fácil de adivinhar, todas as iniquidades que os portugueses cometeram ao longo do período da expansão marítima.

Longe de nós negar que todo esse período é também uma história de violência, mas não convém exagerar, sob pena de cairmos no ridículo. Quer em África, quer na América, quer na Ásia, o mundo não era um paraíso antes dos portugueses chegarem, como alguns, de forma tão ingénua quanto ignorante, sustentam.

Assim, em África, é mais do que sabido que já havia escravatura – muitos dos escravos africanos que foram levados para o Brasil eram já escravos em África. No Brasil, entre os indígenas, o mesmo já acontecia, ainda que em menor escala. E a quem, ainda assim, defenda que os indígenas tinham um modo de civilização superior, recordamos apenas a prática generalizada de canibalismo, algo de tão contra-natura que, mesmo entre as (outras) espécies animais, só muito raramente se verifica.

E quanto à Asia: é certo que quando os portugueses lá chegaram encontraram povos com uma já muito apurada civilização. Mas encontraram e eliminaram igualmente práticas assaz bárbaras. Apenas um exemplo: no seu longo vice-reinado, Afonso de Albuquerque proibiu a prática ancestral das viúvas serem obrigadas a imolar-se com os cadáveres dos seus esposos. Imaginam quantas vidas “o muito cruel” Albuquerque salvou com esta medida?

De resto, todas essas recorrentes alegações assentam num mesmo equívoco – apresentam os portugueses simplesmente como “os colonizadores” e os demais povos apenas como “as vítimas”. Como se, a montante, a própria história da Península Ibérica e da Europa não tivesse sido também uma história de violência mútua. Apenas mais um exemplo: decerto, a expansão do Império Romano por (quase) toda a Europa não foi pacífica. Mas isso, por si só, deveria ter-nos levado a demonizar tudo o que o Império Romano nos trouxe – a nível da língua, dos costumes, da civilização? Isso teria sido, a nosso ver, grotesco.

Analogamente, todos aqueles que insistem em demonizar a expansão marítima portuguesa caem no mesmo equívoco de base, confundindo e amalgamando o que pode e deve ser denunciado e lamentado com o que pode e deve ser valorizado e preservado. Eis o que desde logo se passa com a língua portuguesa. Por muito que alguns tivessem preferido que tal não tivesse acontecido, nenhum país africano houve, depois da independência, a renegar a nossa língua comum. Porquê? Simplesmente, porque perceberam, de forma assaz inteligente, que isso teria sido tão grotesco quanto suicidário.

Educação - responsabilidade de todos!

Indisciplina sufoca Escola Pública

 
Sofia Canha
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Vou permitir-me ser politicamente incorreta. Normalmente há grandes pruridos em falar de indisciplina nas escolas e assumi-la como um verdadeiro problema com todas as consequências que daí advêm. Esta questão nunca é verdadeiramente discutida nas escolas, porque não se assume como um problema da escola, mas sim do professor.
Desviou-se a questão para a natureza psicológica do professor, em vez de se assumir como um problema da escola e da sociedade e, assim, se dar instrumentos claros, precisos e justos, de regulação. Fazer depender a gestão da indisciplina na aula unicamente das características pessoais e do perfil do professor, não só é errado como pernicioso. A principal função do professor é mediar a aprendizagem dos alunos, mediante os conteúdos programáticos que, formal ou informalmente, constam do programa e/ou do projeto educativo. E é precisamente esta função que, não raras vezes, acaba por ser secundarizada, perante situações disruptivas constantes, que desviam a atenção do professor da sua principal função.
A relação pedagógica deve assentar no respeito mútuo, tendo por base as condições para o pleno exercício das funções e papéis que cabem a cada um: ensinar/educar e aprender/educar-se. O professor ao longo de 90 minutos aciona constantemente o sistema límbico (responsável pelas emoções) e o reptiliano (instinto, segurança), devido às diversas situações e problemas que ocorrem na aula, significando que nem sempre está concentrado e focalizado naquele que deveria ser o seu conteúdo funcional. Esta intermitência causa uma grande pressão que, a longo prazo, acarreta graves prejuízos para a saúde do docente e compromete o processo de ensino-aprendizagem.
 Todos aqueles chavões que, de repente, se começaram a atribuir ao professor (gestor de conflitos, gestor de emoções, promotor de afetos, entre outros) transformaram-no num super-herói, capaz de assumir uma amálgama de papéis. E a sociedade agradece, as famílias agradecem, o sistema agradece, pois, ao delegar-se neste super-herói a tarefa de fazer tudo o que é da sua responsabilidade e tudo o que não deveria ser, a sociedade, a família e o sistema “lavam as suas mãos”… E pior do que isso, responsabilizam a escola e, em última instância, os professores.
Na generalidade das salas de aula,  gerem-se comportamentos e situações de conflito, quando se deveriam gerir aprendizagens.Ou seja, são tantos os fatores de dispersão que a aprendizagem e o conhecimento ficam secundarizados. É aqui que as escolas privadas ganham terreno e se diferenciam (selecionando os alunos também pelos padrões de comportamento e com autonomia para definirem as regras de conduta e eventuais sanções que, na Escola Pública, seriam inaceitáveis).
Por outro lado, a cultura do prazer que se instalou na sociedade pós-moderna, influenciada pelas correntes humanistas mais fundamentalistas, fez emergir algumas teorias sobre o papel da escola, algumas excessivamente românticas (“a escola deve servir para as crianças serem felizes”, “educar para a felicidade”, entre outras), que têm contribuído para uma maior naturalização dos “maus comportamentos”. Não consta que pessoas educadas em ambientes mais disciplinadores (não confundamos com repressores) sejam pessoas piores, com menos sentido crítico, menos educadas e menos sensíveis.
A escola e os professores têm um papel fundamental no desenvolvimento dos indivíduos e na diminuição das assimetrias socioculturais. Mas é necessário que todos (escola, família e sociedade) tenham consciência do seu papel, relativamente à formação integral dos alunos, filhos, cidadãos.