quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Se quiser ficar comigo....

SE QUISER FICAR COMIGO Se quiser ficar comigo Que seja por inteiro, Quero amor verdadeiro Não quero coisa forçada. Não quero alguém comigo, Por falta de opção ou Porque foi obrigado... E também não preciso De sobras de presente ou passado. Quero uma história concreta E com fios de ouro bordada. Quero que Fique comigo Pelo prazer de estar ao meu lado E não precisa estar apaixonado Basta ser meu amigo E se sinta feliz, por se partilhar comigo! Que regozije nos momentos bons E que segure minhas mãos nos Momentos de infortúnios que a vida nos impõe. Pra ficar comigo Tem que ter bom humor E não gosto que use máscaras... Se lá o que for... Se ficar comigo Te farei conhecer o paraíso Serás único para mim Serei única para ti... Mas não quero amor dividido! Quero carinho.... Quero afeto Quero gesto concreto. E, se não estiver satisfeito Não haverá brigas e nem lamúria, Sinta-Se a vontade Que lhe mostrarei a porta da rua! Antes só, que mal acompanhada. Este é meu lema, nesta caminhada. Poetisa Léo Lima

Juca Cipó....



JUCA CIPÓ Juca cipó vivia em uma cidade do interior, numa pobreza de fazer dó. Juca levantava de madrugada pra tratar da bichaiada e depois ir pra roça trabaiá... Juca não media esforços, dava mio pras galinhas, quirela para os pintinhos e cana de açúcar pras vacaquinhas... Dizia ele que era para o leite ficar docinho! Dava lavagem para os porcos ficarem gordinhos e quando matava um porquinho, a carne era repartida com os vizinhos. E por isso ele muito querido na região dos cafundó. Aos domingo ia pra missa reza pra padinho Cisso pras coisas ficá mió. Da casa a muié cuidava, levava comida pro juca na roça e cuidava da gurizada... Todos de barriga grande, cara melada, pé discarso que dava inté pena de vê. Mas a mulecada do Juca era um respeito só... O pai oiava e a criança virava pó. Juca ia pra roça e trabaiava que era de fazê dó... A noite ia pro Ribeirão pescá de anzó. Pegava bagre, lambari e pexe cipó... Mas, o apelido de cipó do Juca num foi pro causa disso, não. Juca só um medo na vida, que era de encontrá a marvada pessonhenta... Coitado dele, trabaiava com o peito apertado, merrendo de medo de incontrá com a danada. Ele era memo assombrado, quarque coisa ele baquiava... Um dia carpino o cafezá, Juca suava i fidia iguar gambá. E dirrepente arguma coisa passô na perna de juca... Ele jogô pra longe a inchada e perna pra que ti tenho... De Juca só inxergava o vurto correndo no cafezá. O que o Juca num sabia que o que ele achô que era uma cobra; era só um cipó... Foi intão que passaram a chamá o Juca, de Juca cipó... Eita home bão, pra daná! Poetisa Léo Lima

A Cena

A CENA Dia deste presenciei uma cena... Em plena Praça pública, ouvi os gritos de uma mulher... Ai.. . Ai... Ai Parei e vi uma rodinha de moradores de rua e um dos deles, com uma cinta na mão, Batendo nas pernas da mulher... Todos que presenciavam a cena, assistiam inertes... Eu, ali, como todos, só olhando sem dizer uma palavra. Foram algumas chibatadas e, em seguida ele devolveu a cinta para o colega que a havia emprestado; e eu fiquei esperando o festival de xingamentos e palavrões... Mas, isso não aconteceu! Simplesmente ela sentou-se ao lado de seu agressor no banco da praça e a conversa continuou como se nada tivesse acontecido. Eu balancei a cabeça, como se não tivesse acreditando no que estava vendo. Entrei em meu carro e voltei pra minha casa com aquela cena martelando meu pensamento ... Eles pareciam crianças brincando... Crianças crescidas, que brigam, que se batem e continuam brincando! Mas ficou a pergunta que não quer calar: porque ela apanhou? Porque aceitou passivamente as chibatadas? Porque continuou ali, como se nada tivesse acontecido? Ali, vi pessoas dominadas pelo vício, mas, pessoas aparentemente libertas do poder do mal, sem o domínio do ódio, da crueldade. E, apesar de uma certa violência... Eu não vi rancor e nem mágoa nos olhos daquela mulher... Como na minha ignorância nada entendi, apenas esbocei um sorriso e fui embora. oxalá todos nós tivemos esta atitude, quando alguém nos humilha, ou quando fazem alguma coisa que não gostamos... Ao invés disso ficamos enraivecidos, furiosos, e muitas vezes com gosto de sangue na boca, querendo vingança, dar o troco e gritar para que o mundo saiba o mal que nos fizeram! Nossa vida seria diferente se em nosso coração não habitasse o mal... E tudo o que consegui analisar através daquela cena, é que precisamos ter coração de criança... para que a vida cresça, floresça e produza frutos... Frutos de compreensão, de partilha, de amor e liberdade! Léo Lima

sábado, 17 de setembro de 2016

O menino do Baú...



O MENINO DO BAÚ Em um canto doa quarto, um baú achatado Parece esquecido... Abandonado... envolto em mistério e todas as noites saia dali, para me fazer companhia, um menino... Olhos grandes, brilhantes como diamantes. Cabelos negros como a noite sem luar. Boca sussurrante a liberar palavras emocionantes... Contava-me histórias de um povo de outrora Que viajava em carruagens ornamentadas e extravagantes, envoltas em magias deslumbrantes e bruxas que faziam feitiçarias em plena luz do dia... Contou-me de uma garotinha, que perdeu-se da família... e muito sozinha buscava um caminho que a lavasse de volta para sua cama quentinha... muitas coisas aconteceram com a pobrezinha, que a levaram ao desespero... Mas ela encontrou um companheiro todo lombreiro com pernas compridas e de olhos arregalados e vermelhos. Tinha uma aparência como de cristal líquido. Falava ligeiro e levava tudo na brincadeira!... Ela e seu amigo esquisito viveram muitas aventuras emocionantes Mato adentro... Até ela reencontrar o abraço de Seus parentes. E o menino do baú contou-me muitas outras estórias emocionantes. Eu ficava paralisada e não me continha de euforia e contentamento. Seu nome era mistério, sua voz imitava o barulho dos ventos e meus pensamentos tomavam direções estonteantes... Eu o ouvia, encantada, e a cada palavra que dizia: meu coração acelerado batia... Assim que eu adormecia... ele desaparecia, mas deixava um brilho intenso no baú e uma fragrância de rosas no ar... Eu saltitante acordava e não via a hora que anoitecesse novamente...

Seguindo em busca de um destino

Seguindo em busca de um destino Sigo com a multidão... Olho para os lados, Pessoas flageladas... Mutiladas... Decepcionadas... Atormentadas... Chorando a dor do desamor e da escravidão!. São sobreviventes de uma existência cruel e eloqüente... Eu sigo em frente, passos lentos, temerosos!.... Vou pra algum lugar, chegarei a algum lugar onde eu possa descansar... Olho novamente para os lados!... Esboço um sorriso, passos indecisos, ninguém pra me estender a mão e nem apontar uma direção... Somos zumbis vagantes, alucinados desta vida maçante que quer nos derrotar. Agora é noite... Tudo está calmo... Hora de deserto, de encontrar com a alma e buscar respostas que nos acalmem... O que fizemos da vida que era Tão divertida? Onde deixei a criança que morava em mim e era Tão cheia de alegria e de vida? Onde eu me perdi de mim? Hum!... sinto cheiro de mar, sinto perfume no ar.. Coração acelera! É A felicidade a chegar? Eu estou pronta... Leva-me para junto de ti. Quero em teus braços me envolver, me aconchegar e adormecer! Léo
Sigo com multidão... Olho para os lados Pessoas flageladas... Mutiladas... Decepcionadas... Atormentadas... Chorando a dor do desamor e da escravidão. São sobreviventes de uma existência cruel e eloqüente. Eu sigo em frente, passos lentos, temerosos. Vou pra algum lugar, chegarei a algum lugar onde eu possa descansar... Olho novamente para o lado. Esboço um sorriso, passos indecisos, ninguém pra me estender a mão e nem apontar a direção... Somos zumbis vagantes, alucinados desta vida maçante que quer nos derrotar. Agora é noite... Tudo está calmo... Hora de deserto, de encontrar com a alma e buscar respostas que nos acalmam... O que fizemos da vida que era Tão divertida? Onde deixei a criança que morava em mim e era Tão cheia de alegria e vida? Onde eu me perdi de mim? Hum... sinto cheiro de mar, sinto perfume no ar.. Coração acelera! É A felicidade a chegar? Eu estou pronta... Leva-me para junto de ti. Quero em seus braços me envolver, me aconchegar e adormecer! Léo
Meu primeiro beijo Meu primeiro beijo foi no mínimo eloqüente... Ainda na adolescência, um namoradinho de escola reapareceu... De repente!.. Após algum tempo de conversa, ele me acompanhou até próximo de minha casa. Paramos para nos despedir, inesperadamente, ele me tomou nos braços e se apossou de minha boca... Eu senti sua boca quente, cheia de desejos, colada à minha, parecia que queria me engolir! Por um momento fiquei sem ação ... Uma onda estranha percorreu meu corpo e meus pensamentos, meu rosto ficou rubro, lívido.... naquele momento fiquei quase desfalecida!... Ele, experiente, me envolveu em um abraço cálido, tentador e cheio de malícia!... Desviei-me de seus braços, só queria sumir naquele instante... Mas, ao mesmo tempo, queria ficar ali... A vergonha foi tanta que quase sai correndo aos prantos...
Hoje, penso que deveria ter aproveitado melhor aquele momento que ficou perdido no tempo... Mas não de meu pensamento!... Léo

sábado, 10 de setembro de 2016

O que é poesia?

O QUE É POESIA?




Me perguntaste, carinho,
Se eu sabia
O que era poesia...
Com esses olhos azuis,
Me perguntaste, meiga assim,
Só resta dizer com o coração:
Enlevo mil, que extasia,
Você é prosa, é verso, enfim
Uma bela poesia!
Poesia pode ser romântica,
Alegre, triste...
Expressa os sentimentos e a emoção:
É o sentir mais profundo,
O lampejo de um segundo,
Palavras doces para sua amada!
É também tua doce mirada,
Esse mar azul de água cristalina,
É um anjo que desvenda a neblina
Dos maus presságios...
Enfim, poesia é você
Que é minha adorada!
Eleutério Sousa

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Onde tudo começou!....

Porto Seguro, um encontro com o paraíso e a História

Por Carla Delecrode

Porto Seguro, um encontro com o paraíso e a História
Foto divulgação

Arraial d' Ajuda
Visitar Porto Seguro é ir ao encontro da nacionalidade. Ainda na estrada, a caminho da cidade, é possível ver as árvores de pau-brasil. Logo, se avista uma praia deslumbrante e ao lado o município. “É indescritível o sentimento que se apossa de nós ao entrar em contato com a ‘célula mater’ do Brasil. Como em um túnel do tempo, senti-me como um dos navegantes que acreditavam ter chegado ao paraíso.” O depoimento do leitor Eleutério Sousa, do Paraná, é uma das muitas histórias enviadas ao Opinião e Notícia sobre Porto Seguro, um dos destinos mais procurados para viagens pelo Brasil.
Praias paradisíacas, passeios ecológicos e muita cultura são alguns dos atrativos do lugar, que ficou na história brasileira como o ponto de chegada dos portugueses em 1500. A cidade, localizada no sul da Bahia, foi fundada em 1534 e, além das belas paisagens, tem como ponto forte a receptividade baiana. “É ótimo. A população está sempre disposta a auxiliar e a tirar dúvidas dos turistas. Os passeios em cidades e arredores são fantásticos”, afirmou o leitor Junior Macruz, de Assis, de São Paulo.
Centro
Há opções de diversão tanto para quem deseja apreciar a tranquilidade e a natureza, quanto para os que procuram alternativas para aproveitar a noite baiana. Para os que se encaixam no primeiro perfil, Porto Seguro oferece passeios ecológicos, trilhas, parque aquático, passeios de escuna, prática de esportes como mergulho, assim como belas praias, com recifes de corais e piscinas naturais. O transporte local e a limpeza urbana, porém, foram apontados pelos leitores como pontos negativos.
Em Porto Seguro, o que não faltam são roteiros para conhecer o passado dos primeiros portugueses, indígenas e jesuítas da época do descobrimento. A programação deve incluir visitas ao Memorial da Epopéia do Descobrimento, ao Centro Histórico e ao Museu do Descobrimento. Como o município é tombado pelo IPHAN como Patrimônio Histórico Nacional, desde 1973, na parte baixa da cidade pode-se apreciar construções do século XVII. O Centro Histórico — local do primeiro núcleo habitacional do país — oferece visitação a monumentos como o marco do descobrimento, trazido de Portugal em  1503.
Axé moi
Os boêmios e foliões também não ficam de fora da diversão. A dica para aproveitar a folia baiana é o complexo de lazer Axé Moi, que oferece shows o dia inteiro. A Ilha do Pirata também é uma alternativa de lazer temático, com diversão noturna e aquários com tubarões. O luau mais tradicional pode ser apreciado em Tôa Tôa. Outro ponto turístico é a Passarela do Álcool, no centro da cidade, onde há várias opções de bares, restaurantes e lojas para comprar ‘lembrancinhas’. Os que estiverem na cidade esta semana também poderão conferir uma programação especial, em comemoração aos 510 anos do descobrimento, até 25 de abril, na passarela do álcool.
Praias e parques ecológicos
Recife Fora
Independente da preferência por calmaria ou agitação, as praias são unanimidade como ponto forte da cidade. As belezas naturais de Porto Seguro renderam título de Patrimônio Natural da Humanidade, pela UNESCO, no ano 2000. A programação deve contar com paradas nas praias da cidade, como Taperapuã, em Arraial d’ Ajuda, Trancoso e Caraíva.
Em Arraial d’Ajuda, a 4 Km de Porto Seguro, Parracho e a da Mucugê  são as praias mais agitadas. Já para praticar mergulho boas opções são as águas tranquilas de Araçaípe e Apaga-Fogo. Outra atração é o maior parque aquático da América Latina, o Eco Parque, localizado em uma reserva ecológica da Mata Atlântica.
Reserva Jaqueira
Em Trancoso, os visitantes encontram uma costa de águas verdes e cristalinas, geralmente, com poucos visitantes. A praia mais movimentada é a dos “Nativos”. A costa do “Taípe”, a 8 km de Trancoso, destaca-se, pois Pero Vaz de Caminha fez referências às barreiras vermelhas na carta enviada ao rei de Portugal. Em Caraíva, além das riquezas naturais, é possível visitar a aldeia dos índios pataxós, no Parque Nacional do Monte Pascoal, em Barra Velha. A 15 Km de Porto Seguro também está localizada a Reserva Indígena Jaqueira, aberta à visitação.
Os aventureiros podem optar por passeios ecológicos no Monte Pascoal, em Recife Fora e na Estação Veracel, reconhecida em 1998 como
Rio Barra
Reserva Particular do Patrimônio Natural, pelo IBAMA. Os rios Buranhém, o Rio da Barra, em Trancoso, e o dos Frades também se incluem na lista dos passeios imperdíveis, indicados pela Prefeitura de Porto Seguro.
Confira a cronologia do descobrimento aqui.

Os descobrimentos foram um blefe?

Dos “pecados originais” da Lusofonia


Quase sempre, nos múltiplos debates sobre Lusofonia em que, como Presidente do MIL e Director da Revista NOVA ÁGUIA, temos participado, surge a questão dos alegados “pecados originais” da Lusofonia. Por estes tomam-se, como é fácil de adivinhar, todas as iniquidades que os portugueses cometeram ao longo do período da expansão marítima.

Longe de nós negar que todo esse período é também uma história de violência, mas não convém exagerar, sob pena de cairmos no ridículo. Quer em África, quer na América, quer na Ásia, o mundo não era um paraíso antes dos portugueses chegarem, como alguns, de forma tão ingénua quanto ignorante, sustentam.

Assim, em África, é mais do que sabido que já havia escravatura – muitos dos escravos africanos que foram levados para o Brasil eram já escravos em África. No Brasil, entre os indígenas, o mesmo já acontecia, ainda que em menor escala. E a quem, ainda assim, defenda que os indígenas tinham um modo de civilização superior, recordamos apenas a prática generalizada de canibalismo, algo de tão contra-natura que, mesmo entre as (outras) espécies animais, só muito raramente se verifica.

E quanto à Asia: é certo que quando os portugueses lá chegaram encontraram povos com uma já muito apurada civilização. Mas encontraram e eliminaram igualmente práticas assaz bárbaras. Apenas um exemplo: no seu longo vice-reinado, Afonso de Albuquerque proibiu a prática ancestral das viúvas serem obrigadas a imolar-se com os cadáveres dos seus esposos. Imaginam quantas vidas “o muito cruel” Albuquerque salvou com esta medida?

De resto, todas essas recorrentes alegações assentam num mesmo equívoco – apresentam os portugueses simplesmente como “os colonizadores” e os demais povos apenas como “as vítimas”. Como se, a montante, a própria história da Península Ibérica e da Europa não tivesse sido também uma história de violência mútua. Apenas mais um exemplo: decerto, a expansão do Império Romano por (quase) toda a Europa não foi pacífica. Mas isso, por si só, deveria ter-nos levado a demonizar tudo o que o Império Romano nos trouxe – a nível da língua, dos costumes, da civilização? Isso teria sido, a nosso ver, grotesco.

Analogamente, todos aqueles que insistem em demonizar a expansão marítima portuguesa caem no mesmo equívoco de base, confundindo e amalgamando o que pode e deve ser denunciado e lamentado com o que pode e deve ser valorizado e preservado. Eis o que desde logo se passa com a língua portuguesa. Por muito que alguns tivessem preferido que tal não tivesse acontecido, nenhum país africano houve, depois da independência, a renegar a nossa língua comum. Porquê? Simplesmente, porque perceberam, de forma assaz inteligente, que isso teria sido tão grotesco quanto suicidário.

Educação - responsabilidade de todos!

Indisciplina sufoca Escola Pública

 
Sofia Canha
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Vou permitir-me ser politicamente incorreta. Normalmente há grandes pruridos em falar de indisciplina nas escolas e assumi-la como um verdadeiro problema com todas as consequências que daí advêm. Esta questão nunca é verdadeiramente discutida nas escolas, porque não se assume como um problema da escola, mas sim do professor.
Desviou-se a questão para a natureza psicológica do professor, em vez de se assumir como um problema da escola e da sociedade e, assim, se dar instrumentos claros, precisos e justos, de regulação. Fazer depender a gestão da indisciplina na aula unicamente das características pessoais e do perfil do professor, não só é errado como pernicioso. A principal função do professor é mediar a aprendizagem dos alunos, mediante os conteúdos programáticos que, formal ou informalmente, constam do programa e/ou do projeto educativo. E é precisamente esta função que, não raras vezes, acaba por ser secundarizada, perante situações disruptivas constantes, que desviam a atenção do professor da sua principal função.
A relação pedagógica deve assentar no respeito mútuo, tendo por base as condições para o pleno exercício das funções e papéis que cabem a cada um: ensinar/educar e aprender/educar-se. O professor ao longo de 90 minutos aciona constantemente o sistema límbico (responsável pelas emoções) e o reptiliano (instinto, segurança), devido às diversas situações e problemas que ocorrem na aula, significando que nem sempre está concentrado e focalizado naquele que deveria ser o seu conteúdo funcional. Esta intermitência causa uma grande pressão que, a longo prazo, acarreta graves prejuízos para a saúde do docente e compromete o processo de ensino-aprendizagem.
 Todos aqueles chavões que, de repente, se começaram a atribuir ao professor (gestor de conflitos, gestor de emoções, promotor de afetos, entre outros) transformaram-no num super-herói, capaz de assumir uma amálgama de papéis. E a sociedade agradece, as famílias agradecem, o sistema agradece, pois, ao delegar-se neste super-herói a tarefa de fazer tudo o que é da sua responsabilidade e tudo o que não deveria ser, a sociedade, a família e o sistema “lavam as suas mãos”… E pior do que isso, responsabilizam a escola e, em última instância, os professores.
Na generalidade das salas de aula,  gerem-se comportamentos e situações de conflito, quando se deveriam gerir aprendizagens.Ou seja, são tantos os fatores de dispersão que a aprendizagem e o conhecimento ficam secundarizados. É aqui que as escolas privadas ganham terreno e se diferenciam (selecionando os alunos também pelos padrões de comportamento e com autonomia para definirem as regras de conduta e eventuais sanções que, na Escola Pública, seriam inaceitáveis).
Por outro lado, a cultura do prazer que se instalou na sociedade pós-moderna, influenciada pelas correntes humanistas mais fundamentalistas, fez emergir algumas teorias sobre o papel da escola, algumas excessivamente românticas (“a escola deve servir para as crianças serem felizes”, “educar para a felicidade”, entre outras), que têm contribuído para uma maior naturalização dos “maus comportamentos”. Não consta que pessoas educadas em ambientes mais disciplinadores (não confundamos com repressores) sejam pessoas piores, com menos sentido crítico, menos educadas e menos sensíveis.
A escola e os professores têm um papel fundamental no desenvolvimento dos indivíduos e na diminuição das assimetrias socioculturais. Mas é necessário que todos (escola, família e sociedade) tenham consciência do seu papel, relativamente à formação integral dos alunos, filhos, cidadãos.

sábado, 23 de abril de 2016

Brasil e o futuro adiado!

Brasil, que futuro?

os políticos de serviço não apresentam curriculum capaz de sossegar ninguém

 
Carlos Sequeira Advogado
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Porque é que o Brasil é hoje visto pela comunidade internacional como um parceiro  que corre o risco de não ter futuro?  Porquê,   mas sobretudo por culpa de quem?
Dir-se-á que são inúmeros os factores que avultam e que contribuem para fazer do Brasil um país eternamente adiado. Desde logo por ausência de credibilidade da sua classe dirigente. Os países tal  como as instituições têm tudo a ganhar quando têm nos comandos dirigentes responsáveis e com carisma,  capazes de mobilizarem e de arrastarem consigo as populações inteiras. Isso tem acontecido designadamente por altura das grandes crises sociais,   que é quando os povos mais esforços desenvolvem para caminharem ao encontro da sua identidade.
Mas se esses momentos são  momentos de crise,  também é certo que são momentos galvanizadores em que se assistem recorrentemente a actos de superação colectiva conforme aconteceu na Grã Bretanha por ocasião da segunda grande guerra mundial. Os ingleses sofreram então privações de toda a ordem mas foram capazes de fazer das fraquezas forças e caminhar em frente sob o comando de Churchill até á vitória final.
São as circunstancias que fazem os homens providenciais. Sem isso a Inglaterra não teria sido capaz de unir-se  em torno de uma voz de comando e resistir á pressão nazi que se fez sentir em todas as frentes.
Mas para que um tal milagre se tornasse possível,  necessário se tornava o surgimento de um homem providencial. Os grandes chefes militares não são apenas “leaders” capazes de conduzirem as hostes que dirigem á vitória final: são também dirigentes que têm a confiança dos seus homens e em quem estes acreditam. 
Um dos grandes problemas dos políticos brasileiros de momento é a crise de credibilidade que os atinge. Este foi sempre um problema recorrente no Brasil mas provavelmente nunca tão recorrente quanto agora. Ao ponto de essa situação estar a ocasionar compreensíveis dúvidas na hora de vetar Dilma. E que vai seguir-se depois?
A hora não é de tranquilidade, Despedir Dilma é o que desejam muitos milhões de brasileiros de convictos que se encontram que ela não constituiu a escolha certa. Mas quem vai seguir-se a Dilma?
O panorama é na verdade muito preocupante porquanto o quadro não é de molde a tranquilizar ninguem. Na verdade, os políticos de serviço não apresentam curriculum capaz de sossegar ninguém,  envolvidos como se encontram muitos deles com actos de corrupção que descridibilizam  a qualidade da democracia brasileira e atingem seriamente a imagem das instituições como seguramente poucas vezes aconteceu no passado. Falta credibilidade aos dirigentes mas tão importante como isso falta credibilidade á politica económica que propõem para a recuperação do Brasil.
Esta situação tem vindo a conduzir a uma inflação galopante o que é igualmente preocupante,  porquanto  a experiência da América do Sul demonstra que estes momentos são sempre propícios a situações de convulsão social que se conhece como é que principiam mas nunca se sabe como é que acabam.
Os dados recolhidos permitem já concluir que esta  é a pior crise que o Brasil tem  vindo a conhecer desde 1990. Ou seja,  a pior dos últimos vinte e cinco anos. E a procissão ainda vai no adro!
O Brasil necessita com urgência actuar sobre a corrupção que constitui um dos maiores flagelos que tem atingido o país e que muito tem vindo a contribuir para o estado a que chegou.  De resto,  a corrupção é qualquer coisa com que os brasileiros lidam há já largo tempo a esta parte. Ou não tivesse sido no Brasil, por altura de meados dos anos cinquenta, que um politico paulista, Ademar de Barros,. disse sem causar escândalo a ninguém: eu roubo mas faço.
Hoje já nem sequer há quem faça!