Comentário à Missa do Próximo Domingo
 
  Domingo XV Tempo Comum
   10 de Julho de 2011
   A Palavra de Deus
   A Liturgia deste Domingo, apresenta-nos uma mensagem sobre a Palavra de Deus. 
   Somos convidados a pensar sobre a Palavra de Deus.  Que importância lhe damos? Que estudo fazemos dela e quais as formas que  escolhemos para a estudar? A Palavra de Deus, é o centro da minha  religiosidade? Procuro esclarecer a fé na Palavra que me é anunciada?  Ponho em prática a Palavra de Deus, como se fosse uma luz que inspira  todo o meu viver? - Estas são apenas algumas das questões que podemos  colocar diante da mensagem Bíblica sobre a Palavra que as leituras deste  Domingo nos apresentam. 
   São abundantes as metáforas sobre a Palavra de  Deus, lembremos Jeremias que compara a Palavra ao fogo e ao martelo. O  autor de Heb recorre à ideia da «espada de dois gumes». Isaías  inspira-se no mundo rural, um camponês que se inquieta perante a terra  árida, nada mais deseja e ama do que a chuva, início e condição para o  ciclo da vida. À Palavra de Deus, o profeta dá-lhe tal importância que  nos faz pensar Naquele que é a Palavra plena, definitiva, criadora de  Deus, Jesus Cristo. 
   A nossa vida está cheia de exemplos de práticas de  instrumentalização da Palavra de Deus. São muitas as pessoas, ditas de  muito crentes, que não seguem a Palavra de Deus, mas antes a palavra dos  homens. São muitos os que não se guiam pela luz da Palavra Divina, mas  pela doçura das palavras de alguns, os idolatrados pelos interesses  deste mundo. 
   São Paulo ensina que a Palavra de Deus não se deixa  encadear, mas pela força do Espírito Santo, corre veloz como uma gazela  e é penetrante como uma espada de dois gumes. Por isso, não deixemos  que nenhuma lógica deste mundo, nem nenhuma divisão da vida, nem nenhum  interesse material, nem nenhuma palavra, por mais doce que seja, nos  desviar o coração da verdade que a Palavra de Deus nos transmite. Quando  nos guiamos pela Palavra de Deus, nada nos desvia do caminho que Jesus  traçou para nós. Aconteça o que acontecer, estamos seguros na rocha  firme que é a Palavra Divina inspirada por Deus. 
      Nesta passagem belíssima da carta aos Romanos, São  Paulo contempla o processo cósmico da redenção e divinização da  humanidade. Se por um lado, a miséria do pecado votou a humanidade à  corrupção e à morte, por outro, surgiu a humanidade nova, que em Jesus  Cristo recebeu pela acção do Espírito Santo uma nova esperança na glória  de Deus e a certeza que se encontra agora divinizada, embora ainda não  totalmente, daí as contingências e limitações que sofremos neste mundo  («…toda a criatura geme ainda agora…», diz São Paulo), porém, estamos já  expectantes até ao dia em que alcançaremos definitivamente a glória e a  divinização em plenitude. 
    No entanto, a Palavra de Deus, deve ser bem interpretada, e melhor do  que a interpretar é preciso reza-La, porque a Palavra de Deus se serve  para nos guiar para a vida plena, também quando mal digerida serve para  cometer as piores atrocidades. O nosso tempo está cheio de exemplos de  más condutas baseadas na Palavra de Deus. O fundamentalismo é um sinal  muito negativo disso mesmo. A Palavra de Deus se for acolhida com  verdade e honestidade todos os dias recria-nos sempre para o amor, para a  felicidade e para o bem de todos. O coração humano é a boa terra onde  Deus semeia a mensagem da felicidade, sejamos bons «agricultores» dessa  terra que nos foi dado com todo amor.
      JLR