domingo, 24 de julho de 2011

D. Afonso Henriques e a luta pela independência
OS CRUZADOS PENÍNSULA IBÉRICA

Durante a Reconquista, os Cristãos da Península Ibérica foram ajudados pelos Cruzados, cavaleiros de outros reinos europeus que lutavam pela fé cristã. Foi assim que chegaram à Península dois nobres franceses da família dos duques de Borgonha: D. Raimundo e D. Henrique.

Estes cavaleiros foram recompensados por D. Afonso VI, rei de Leão, pelos valorosos serviços prestados na luta contra os Muçulmanos. D. Raimundo casou com D. Urraca, filha legítima do rei e recebeu o condado da Galiza. D. Henrique casou com D. Teresa, filha ilegítima de Afonso VI, recebeu o Condado Portucalense.

Mapa dos Reinos Cristãos da Península Ibérica no século XI. Observa as fronteiras do Condado Portucalense. «Portucale» era uma povoação situada na margem direita do rio Douro, junto à foz. Deu origem às palavras Porto e Portugal.

Como concluíste pela leitura do documento, D. Henrique passou a ter a seu cargo o governo do Condado, a defesa e o alargamento do território, embora continuasse dependente do rei, a quem devia obediência e apoio militar.

D. Henrique lutou para se tornar independente do reino de Leão, no que teve o apoio dos nobres portucalenses, mas morreu sem alcançar esse objectivo. Conquistou entretanto terras aos Mouros, alargando o seu território.

D. Afonso Henriques e a luta pela independência Afonso Henriques passa a governar o Condado

D. Afonso Henriques era ainda criança quando seu pai morreu.

D. Teresa assumiu o governo do condado, continuando a política de alargamento e de independência iniciada por D. Henrique. Contudo, a sua aliança com a Galiza provocou o descontentamento de muitos senhores portucalenses que receavam a intromissão dos nobres galegos nos assuntos internos do condado.

Estes nobres portucalenses opuseram-se ento a D. Teresa e apoiaram D. Afonso Henriques contra a mãe.

Em 1128, o exército de D. Teresa foi derrotado na Batalha de S. Mamede, perto de Guimarães

D. Afonso Henriques, rei de Portugal

D. Afonso Henriques deu continuidade à política de seu pai, orientando a sua acção em dois sentidos: - alargamento do território, conquistando terras aos Mouros; - independência do Condado Portucalense, lutando contra o primo, Afonso VII (novo rei de Leão e Castela).

D. Afonso Henriques terá alcançado os seus objectivos?

Após derrotar D. Teresa, D. Afonso Henriques passou a governar o Condado Portucalense.

Após as derrotas de Cerneja, na Galiza, e de Arcos de Valdevez, no Minho, Afonso VII assinou o Tratado de Zamora, em 1143. Neste tratado, o rei de Leão e Castela reconheceu a independência do Condado Portucalense, com a condição de Afonso Henriques o aceitar como Imperador de Espanha. Nasceu assim um novo reino - Portugal.

D. Afonso Henriques foi o seu primeiro rei.

Portugal passou a ser uma monarquia hereditária, ou seja, o responsável pelo governo do país era o rei e, quando este morria, sucedia-lhe o filho mais velho.

D. Afonso Henriques e a luta pela independência A conquista da linha do Tejo

Tendo em vista o alargamento do território, D. Afonso Henriques fixou residência em Coimbra. Daí partiu à conquista da linha do Tejo, barreira natural contra as investidas dos Mouros. O primeiro castelo a ser conquistado foi o de Leiria (1135), ponto de partida dos ataques inimigos. Este castelo, depois de ter sido de novo ocupado pelos Mouros, foi reconquistado em 1145, passando definitivamente para a posse dos Cristãos. Foi a partir de Leiria que passaram a dar-se as investidas portuguesas contra os Mouros.

Que outras terras terá D. Afonso Henriques conquistado aos Mouros?

Em Março de 1147, aproveitando a escuridão da noite, Santarém foi tomada de assalto por D. Afonso Henriques.

Após a tomada de Santarém já era possível partir à conquista de Lisboa, a cidade mais poderosa que os Mouros detinham na zona ocidental da Península Ibérica.

Torre de assalto. Esta torre era construída em madeira e revestida de peles para a proteger dos projécteis inimigos. Estas peles eram encharcadas para defender a torre de setas incendiárias. No interior tinha escadas que permitiam aos assaltantes entrar no castelo. Nesta torre, podes observar também o aríete (tronco saliente).

Os ataques cristãos, as doenças e a fome obrigaram os Mouros a renderem-se, em Outubro de 1147, após terem estado cercados durante cerca de quatro meses. Depois de conquistarem Lisboa, cidade muito bem localizada e rica, os Portugueses apoderaram-se das restantes praças das redondezas. A linha do Tejo passou a ser o limite sul do território português. Os Portugueses partiram então para a conquista de terras a sul ainda em poder dos Mouros. Cidades importantes como Alcácer do Sal, Évora e Beja foram conquistadas; porém, quando D. Afonso Henriques morreu (1185), os Mouros já tinham recuperado grande parte do Alentejo.

A vitória de um povo

O alargamento do território ficou a dever-se ao esforço de toda a população. O rei comandava os exércitos nas batalhas mais importantes. Os senhores poderosos, donos de terras e de castelos, ajudavam o rei no comando dos exércitos. Bem treinados e equipados, combatiam a cavalo. Eram recompensados com cargos e terras.

Os monges guerreiros, que constituíam as ordens religiosas militares, lutavam contra os infiéis em nome da fé cristã e também recebiam cargos e terras como recompensa. O povo combatia a pé. Mal treinados e utilizando armas rudimentares eram os que mais sofriam e morriam na guerra.

O reconhecimento do Reino

Nesta época, o Papa, autoridade máxima da Igreja, tinha muito poder sobre os reis cristãos. Ninguém se podia considerar rei de pleno direito, sem o seu reconhecimento. Logo que D. Afonso Henriques conseguiu a independência do Condado Portucalense, em 1143, procurou colocar Portugal sob a protecção do Papa, comprometendo-se, tal como aos seus sucessores, a entregar anualmente quatro onças de ouro (uma onça equivale aproximadamente a 28 gramas). O Papa, porém, não lhe deu o título de rei mas apenas o de dux(duque).

D. Afonso Henriques terá desistido da sua pretensão? D. Afonso Henriques não desistiu de conseguir o reconhecimento papal:

- comprometeu-se a entregar anualmente 16 onças de ouro; - combateu os inimigos da fé cristã, conquistando-lhes vastos territórios; - apoiou o clero, concedendo-lhe terras e outros cargos. Estes serviços prestados à Igreja contribuíram para que o papa Alexandre III, em 1179, reconhecesse D. Afonso Henriques como rei de Portugal.

Entretanto, morreu D. Afonso VII, a quem D. Afonso Henriques prometera obediência. Os territórios de Leão e Castela deram então origem a dois reinos separados, iguais a Portugal.