segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Nova Ortografia

Acordo ortográfico a partir de janeiro mas sem consenso
O acordo ortográfico estabelecido em 1990 entre os sete países de língua oficial portuguesa, entra em vigor em janeiro em Portugal e terá um período de transição de seis anos. No Brasil, o acordo já está em vigor desde o início do ano e tem um período de transição de três anos. Trata-se do acordo que estabelece normas ortográficas, ou seja, regras de como escrever palavras, mas não altera a pronúncia, não cria nem elimina qualquer palavra. Grande parte dos linguistas portugueses consideram que existem razões históricas, defendendo que é chegado o momento de pôr termo a uma espécie de "guerra ortográfica" dos 100 anos. Por outro lado, entendem haver razões internacionais, pois permite que um único documento, numa grafia única, represente todos os países da Comunidade Portuguesa de Língua Portuguesa (CPLP) internacionalmente . Finalmente, os especialistas consideram haver razões de natureza pedagógica, por entenderem que uma única ortografia facilita a aprendizagem no ensino do português como língua estrangeira. A verdade é que com o acordo ortográfico, que não reúne o consenso entre escritores e professores de língua portuguesa, o vocabulário regista mais de 200 mil entradas. As alterações abrangem o alfabeto, a utilização das maiúsculas e minúsculas, a acentuação gráfica, as consoantes mudas e o hífen. O alfabeto passa de 23 para 26 letras (k,w,y) que passam a ser usadas em topónimos e antropónimos de origem estrangeira (ex: kosovo, kantiano, kosovar), em siglas (ex: www), símbolos, unidades de medida (ex: kg, km) e palavras de origem estrangeira de uso corrente (ex:yoga, kart). Em relação à utilização de minúsculas, passam a escrever-se obrigatoriamente os dias de semana, os meses e as estações do ano, os axiónimos (ex: senhor doutor...), os pontos cardeais e colaterais e as formas (fulano, sicrano, beltrano). Passam a escrever-se facultativamente com minúscula nos títulos de livros (exceto os nomes próprios neles contidos), hagiónimos (ex: santa Barbara) e nos domínios do saber, cursos e disciplinas (ex: português, matemática, anatomia). Em relação às maiúsculas, passam a escrever-se facultativamente as categorizações de logradouros públicos, templos e edifícios (ex: palácio de São Lourenço ou Palácio de São Lourenço, rua da Alegria ou Rua da Alegria). Na acentuação gráfica, é eliminado o acento gráfico no ditongo oi (ex: heróico passa a heroico) em palavras graves e nas formas verbais terminadas em -eem (ex:crêem, dêem, lêem passam a creem, deem, leem). Suprime-se ainda o acento agudo e circunflexo de palavras homógrafas (ex: pára, péla, pêlo passam a para, pela e pelo). Neste caso há exceções, mantendo-se os acentos em pôde, pôr, dêmos, amámos, sujámos. Ainda na acentuação gráfica, elimina-se o acento sobre a letra u nas terminações verbais que, gue, gui, quis (ex: argúi, delinquém, adeqúes passam a argui, delinquem, adeques). Em relação às sequências consonânticas suprimem-se as consoantes mudas ou não articuladas, que se tinham conservado na variante europeia por razões etimológicas (ex: cc - colecionador, cç - correção, ct - atual, pc - excecional, pç, adoção, pt- ótimo). Conservam-se nos casos em que a consoante se pronuncia (ex: adepto, apto, réptil, eucalipto, inepto, rapto, compacto, convicto, pacto, factual, convicção, ficção, friccionar, erupção, núpcias). Provavelmente, a alteração ortográfica que poderá gerar mais confusão, pelo menos no início da aplicação do acordo, é o hífen. Nas locuções substantivas e adjetivas (ex: cão de guarda, fim de semana, sala de jantar, cor de açafrão, cor de café com leite, cor de vinho). Exceções aplicam-se a locuções já consagradas pelo uso (ex: água-de-colónia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa). Aplica-se a regra geral, ou seja, todos os prefixos/radicais são aglutinados à palava-base (ex: eurodeputado, euroasiático, socioeconómico, psicossocial, contraindicação, antirrugas, minissaia, autoestrada). Utiliza-se o hífen quando o prefixo liga-se à palavra-base sempre que esta começa por h (ex: anti-histamínico, circum-hospitalar, co-herdeiro, geo-história, imuno-hematologia, pré-história, super-homem). Utiliza-se o hífen quando o prefixo termina com a mesma letra com que inicia a base (ex: anti-infeccioso, auto-observação, contra-ataque, micro-ondas, pan-nacional, semi-interno, super-realista). Exceção para os prefixos co, re, pre, pro que se aglutinam à base mesmo que estas comecem por o ou e (ex: cooperante, cooperação, reentrar, reeleger, preencher, proeminente). Utiliza-se o hífen quando o prefixo ex- tem sentido de anterioridade (ex: ex-presidente, ex-marido, ex-militar), sempre que o prefixo é acentuado graficamente (ex: pré-operatório, pós-parto, pró-independência) e quando a palavra-base é um estrangeirismo, um nome próprio ou uma sigla (ex: anti-apartheid, anti-Salazar, anti-MPLA). Por outro lado, levm hífen as seguintes estruturas: verbo+nome (ex: conta-gotas, fica-pé, guarda-chuva, lambe-botas, para-quedas, porta-moedas), nome+nome (ex: camião-cisterna, cirurgião-plástico, comboio-fantasma, comício-festa, problema-chave, tenente-coronel), advérbio+advérbio/nome (ex: abaixo-assinado, além-Atlântico, aquém-mar, recém-casado). Exceção para as sequências com -não e -quase são escritas sem hífen (ex: não alinhado, não crente, quase estático e quase dito). Não levam hífen as seguintes estruturas: adjetivo+nome (ex: segunda feira, alto comissário, alta fidelidade, primeiro ministro), nome+adjetivo (ex: assembleia geral, defesa central, guarda florestal, guarda noturno), adjetivo+adjetivo (ex: social democrata, surdo mudo), nome+preposição+nome (ex: caminho de ferro, casa de banho, fim de semana, sala de jantar). Assim, vamos ver como será aplicado o acordo ortográfico a partir de janeiro. Os dados estão lançados e em breve vamos saber o que mais vai pesar na balança: os benefícios que os apoiantes dão como certos ou os danos que os opositores temem como prováveis. Um século em busca da convergência A ortografia da língua portuguesa é regida por um conjunto de normas oficiais materializadas em acordos ortográficos. No início do século XX quer em Portugal, quer no Brasil, surgiu a intenção de estabelecer um modelo de ortografia que pudesse ser usado como referência nas publicações oficiais e no ensino em ambos os países, iniciando-se assim um longo processo de tentativas de convergência das duas ortografias. Em1943, realizou-se em Lisboa um encontro entre os dois países com o objectivo de uniformizar os vocabulários já publicados, o da Academia das Ciências de Lisboa, de 1940, e o da Academia Brasileira de Letras, de 1943. Deste encontro resultou o Acordo Ortográfico de 1945, que, no entanto, apenas tornou-se vigente em Portugal, não tendo sido ratificado pelo Brasil, que continuou a reger-se pelo Vocabulário de 1943. Em 1986 foi feita no Brasil uma nova tentativa de uniformização da ortografia, mas não se chegou a consenso. Anos mais tarde, fruto de um longo trabalho desenvolvido pelas Academias de Portugal e Brasil, os representantes oficiais de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe assinaram o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, ao qual em 2004 adere o recém-independente Timor-Leste. O Acordo Ortográfico de 1990 entrou em vigor no início de 2009 no Brasil e agora prepara-se para entrar em Portugal. Acordo só avança nas escolas com manuais actualizados O acordo ortográfico vai avançar nas escolas portuguesas, mas apenas «no início de um ano lectivo» e quando todos os recursos estiverem adaptados. A garantia foi deixada pela ministra de Educação, Isabel Alçada, que se escusou a apontar uma data concreta. «O acordo vai avançar nas escolas, mas tem de avançar segundo um calendário seguro, para que haja uma adaptação dos recursos e uma informação clara sobre o assunto», afirmou Isabel Alçada, salientando a importância da «colaboração dos editores que publicam livros escolares». Segundo a ministra da educação, «quando o acordo for apresentado como a nova forma de utilizar a Língua Portuguesa escrita» não pode haver «recursos que ainda não estão adaptados, professores que ainda não estão informados». Tal como referiu «tudo tem de ser afinado, mas isso exige estudo e exige tempo». Segundo afirmou: «Não pode acontecer o acordo já estar em vigor e ainda estarmos a usar livros com a ortografia anterior». Sobre a hipótese de o acordo entrar em vigor nas escolas em outubro de 2010, Isabel Alçada escusou-se a dar garantias, alegando que nunca anuncia nada antes de estar feito. «Não gosto muito de falar daquilo que está em curso, gosto de falar daquilo que está completado. Gosto de ser clara e, muitas vezes, quando um processo está em curso, a clareza não é possível», declarou, garantindo apenas que a tutela da educação está a «trabalhar com as editoras» para agilizar o processo. Diário da República com acordo ortográfico Garantida está a impressão do Diário da República segundo o novo acordo ortográfica. Aliás, a Assembleia da República prepara-se para aplicar o acordo ao nível dos diplomas e das intervenções. Alguns deputados e ministros já adoptaram o novo acordo ortográfico nas suas intervenções públicas, tal como aconteceu com Teixeira dos Santos, na recente discussão do Orçamento Rectificativo. O Governo da República pretende com a entrada em vigor do novo acordo, em janeiro, refletir sobre uma futura Academia de Língua Portuguesa. Na Madeira, pouco se sabe sobre a aplicação do acordo quer ao nível público, quer ao nível do ensino. Porém, os dados estão lançados e nos próximos seis anos de adaptação, veremos como decorre a aplicação ao nível do hífen, dos acentos e das duplas grafias. Acordo no Parlamento - A Assembleia da República vai aplicar o acordo ortográfico a partir de janeiro em todos os seus diplomas e na publicação do Diário da República. Também a partir de janeiro a Agência Lusa vai passar a escrever as suas notícias com base no novo acordo ortográfico. O jornal desportivo Record já aplica o acordo há mais de um ano.

domingo, 13 de dezembro de 2009

“Gloria in excelcis Deo” (Glória a Deus nas alturas)

Provavelmente, continuam os viandantes de hoje à procura de um abrigo. Com certeza, alguma mulher grávida estará procurando um lugar para que seu filho nasça com dignidade. Mas, com indiferença, continuam as pessoas de hoje a fazer pouco caso das necessidades alheias e, quando muito, chamam a polícia para levar as grávidas desavisadas até o pronto socorro.

Temos notícias diárias de policiais parteiros. Homens duros, acostumados a combater o mal, seus rostos iluminam-se quando ajudam uma vida a vir ao mundo. É muito mais alegria do que, por exemplo, “ajudar” a eliminar vidas!... (abortos, etc...)

Mas, vamos ao tema principal... Maria estava nos momentos delicados que a faria personagem central da história humana; dar à luz o Filho de Deus. Desprovido de tudo, menos do amor infinito de sua mãe, na ocasião do nascimento de Jesus, apareceram os anjos entoando o cântico: “Glória in excelris Deo”. Os pastores, avisados, foram as primeiras pessoas a prestar louvor ao Rei que acabara de nascer!

Somente pessoas com desprendimento total poderiam ver naquele menino a figura do Salvador!

Se nós, neste Natal, soubermos nos despojar de tudo que impeça o progresso espiritual e colocar nossas imperfeições no altar da vida, que venha o Príncipe da Paz e nos abençoe! Que nossa vida seja um contínuo Natal de bons propósitos, realizações e felicidade diária!

Bom Natal!

Eleutério Sousa

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

NATAL

Natal – o Nascimento de Jesus. A data verdadeira perde-se nas brumas do tempo. A tradição ortodoxa e oriental fala em 6 de janeiro. A Igreja ocidental “cristianizou” as festas pagãs de 25 de dezembro, saturnálias e equinócio do sol.Para nós, interessa o espírito desta época. Após um ano cansativo, um momento de paz em família revigora a sociedade e torna-a mais solidária, mais irmã...Para os cristãos é época de purificação. Afinal, ir ao encontro do Menino Deus, só com a alma contrita e cheia de gozo espiritual. Não foi à toa que a mensagem dos anjos se dirigiu a pastores de almas simples e cheias de sabedoria!... Os poderosos, os soberbos e toda a sorte de gente indesejada, foram afastados do convite para o banquete celestial!...Pensemos nisso!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Uma mulher especial

Era ainda uma menina de 17 anos. Aceitara a incumbência de tornar-se mãe de um ser especial. Para qualquer mãe, seu menino é um ser especial. Imagino os sonhos que tinha enquanto fazia os deveres domésticos. Sim, porque apesar de jovem, ela era uma perfeita dona de casa. Seu marido, a apoiava incondicionalmente. A jovem soube que uma parente estava grávida e prontificou-se a ir até sua casa e prestar-lhe toda a assistência que, neste caso, é importantíssima. Chegou o dia de ser mãe. Uma viagem inoportuna, mas necessária, fez com que tivesse seu neném fora de sua cidade natal. Ela não reclamava, não se lastimava, porque, acima de tudo, tinha fé, muita fé no seu Deus! Foi posta à prova, uma prova difícil de superar. Não entendia porque o maioral do lugar perseguia seu filho, ainda menino. Mas, decidida, aconselhada por alguém, buscou outro país para viver. Os planos feitos tinham que esperar! A escola, outra língua! Como superar tudo, meu Deus! O pesadelo acabou com a morte do maioral. De volta a casa, sua família alcançou a paz e seu menino crescia em sabedoria e piedade. Mais tarde, já feito homem, seu filho foi cumprir a sua missão. A sua mãe, ciente do que estava acontecendo, acompanhou-o, como anjo protetor, como mãe de todos os que necessitavam de conforto e paz! Aí, o prenderam e o mataram! Que mulher poderia aceitar que isso acontecesse sem revolta interior? Mas ela confiava nos planos do Criador. Tinha recebido uma mensagem, havia muitos anos e acreditava nela: Tu serás mãe do ALTÍSSIMO! Seu filho, na hora da morte, a deu como mãe para nós que, em última análise, éramos os culpados de sua morte! Que coração magnânimo! Oração: Te aceitamos, mãe, embora indignos. Que benção ter uma mãe como esta, solícita intercessora, cuidadosa, amorosa! Nossa mãe, minha mãe, Mãe de Deus! Nossa igreja a tem como um dos seus maiores tesouros: Mãe da Igreja. Sob seus olhos amorosos vamos singrando este vale de lágrimas. Mãe, Maria. Dai-nos a tua benção! Tu que dignificas em grau extremo o sexo feminino. No dia da mulher, Maria, te amamos, Mãe! Eleutério Sousa

sábado, 21 de novembro de 2009

Balada de Neve

Batem leve, levemente,como quem chama por mim.Será chuva? Será gente?Gente não é, certamentee a chuva não bate assim. É talvez a ventania:mas há pouco, há poucochinho,nem uma agulha buliana quieta melancoliados pinheiros do caminho… Quem bate, assim, levemente,com tão estranha leveza,que mal se ouve, mal se sente?Não é chuva, nem é gente,nem é vento com certeza. Fui ver. A neve caíado azul cinzento do céu,branca e leve, branca e fria…. Há quanto tempo a não via!E que saudades, Deus meu! Olho-a através da vidraça.Pôs tudo da cor do linho.Passa gente e, quando passa,os passos imprime e traçana brancura do caminho… Fico olhando esses sinaisda pobre gente que avança,e noto, por entre os mais,os traços miniaturaisduns pezitos de criança… E descalcinhos, doridos…a neve deixa inda vê-los,primeiro, bem definidos,depois, em sulcos compridos,porque não podia erguê-los!… Que quem já é pecadorsofra tormentos, enfim!Mas as crianças, Senhor,porque lhes dais tanta dor?!…Porque padecem assim?!… E uma infinita tristeza,uma funda turbaçãoentra em mim, fica em mim presa.Cai neve na Naturezae cai no meu coração. Augusto Gil

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Testemunhos de Fé

TESTEMUNHO no 2º dia da presença da Imagem Peregrina na Paróquia do Porto Moniz – 31 de Out. 2009

DSC05203 OBRIGADO MARIA!

O calmo lusco-fusco da manhã deu timidamente lugar a um céu azul e rosa, que se iluminava com a luz dourada do sol, anunciando um novo dia. Não um dia qualquer, mas um dia em que tínhamos o privilégio de ter connosco a Imagem de Maria.

Por volta das sete das manhã, os passarinhos no seu chilrear, prolongavam em pleno Outono um dia de Verão tardio e já muitos voluntários colaboravam na azáfama de fazer perdurar a beleza da decoração da Igreja e retocar o tapete de flores para mais um dia de festa.

As nove horas eram anunciadas pelo rebate dos sinos e à Igreja acorriam homens e mulheres que, na sua simplicidade e fé, viam como precioso cada minuto de permanência de Maria junto de nós e como tal queriam começar o dia cantando e orando com e para Ela.

Durante toda a manhã e tarde, com horas distribuídas pelos diferentes sítios, por entre oração, cânticos e meditação, foi tempo de cada um colocar aos pés de Maria a sua vida, como oferenda singela, mas plena de simbolismo e significado. Foi tempo de partilhar com Ela angústias, preocupações, receios e alegrias.

Num profundo silêncio de quem contempla, os olhos de cada um viraram-se para Maria, vendo nela o Modelo de todos os Cristãos.

Em clima de festa, o dia culminou com a realização das cerimónias litúrgicas, enriquecidas pelo espírito de união gerado em torno da vontade de ajudar a paróquia a tornar o mais significativa possível a passagem da Imagem.

De olhos postos em Maria, todos os presentes se associaram aos cânticos de louvor, como que querendo que eles fossem entendidos pela Mãe como prece de filhos reconhecidos pela dádiva de A contemplar de tão perto.

O fim do dia traz consigo a vontade de fazer mais e melhor por Maria no dia derradeiro da presença da Virgem entre nós. Essa vontade é forte ao ponto de esconder por completo o cansaço e conferir energias para a preparação da actividade a realizar com as crianças no dia seguinte.

De regresso a casa todos se sentem de alma reconfortada e coração repleto da Paz que brota do rosto da Imagem da Mãe de Jesus.

Obrigado Maria, por estares entre nós!

Natália Nunes e Sandra Rodrigues

Testemunho da Imagem Peregrina

TESTEMUNHO – 3º dia, o da partida - A Imagem partiu, Maria e a sua mensagem permanecem! – Porto Moniz, 1 de Nov. de 2009

image

Qualquer Domingo é, por excelência, um dia especial para qualquer Cristão mas este Domingo, 1 de Novembro, trazia consigo mais duas razões para ser ainda mais especial que qualquer outro Domingo: era Dia de Todos os Santos e iríamos vivê-lo na presença da Imagem de Maria.

Como forma especial de acompanhar a Mãe, a manhã foi preenchida com a Exposição e Adoração do Santíssimo pelos Irmãos da Confraria e já no período da tarde coube aos cursistas prestar-Lhe a devida e merecida homenagem.

As crianças são sem dúvida as que olham para a Imagem de Maria com mais curiosidade mas, ao mesmo tempo, com expressões faciais que revelam terem a noção de que aquela “Senhora” não é uma “Senhora” qualquer e por isso a presença da Imagem Peregrina serviu de mote para falar às crianças de modo mais especial sobre o papel de Maria e sobre as suas aparições aos pastorinhos, também eles crianças que olharam para Maria com fascínio.

Aproximava-se a passos largos a hora da cerimónia litúrgica que iria marcar a despedida da Imagem de Maria e nos rostos começava a vislumbrar-se a nostalgia de quem queria ver adiada o mais possível a partida da Virgem.

A cerimónia, em que todos se juntaram para comungar na presença de Maria o “Pão de Deus” teve o seu início com a distribuição de um “Pão-por-Deus” simbólico a cada uma das muitas crianças presentes.

O restante rito eucarístico teria sido semelhante ao de qualquer cerimónia de liturgia dominical, não fosse ser visível um espírito de união e uma harmonia indescritíveis e que pareciam emanar de cada um, recebidos directamente de Maria.

A comunidade paroquial rezou o Pai-Nosso de mãos dadas, como que formando uma corrente humana em torno de Maria, mostrando-lhe que por sua intercessão se vivia naquele templo um clima de união fraterna.

No momento da despedida os pedidos e as mensagens para a Mãe foram enviados em direcção ao céu, em balões azuis e brancos que ajudavam a dizer adeus a Maria quando a emoção fazia das palavras um meio impossível de utilizar para comunicar com Ela.

Sentia-se que cada um se despedia dela em silêncio e lhe agradecia o privilégio de ter usufruído da sua companhia, com a certeza de que a Imagem se ia embora, mas que a luz deixada por Maria continuava bem acesa dentro do coração de cada um.

Esta pequena caminhada com Maria continuará a ter reflexos nas caminhadas da vida de cada um de nós. Jamais nos esqueceremos que estivemos tão junto d’Ela, que a sua companhia nos confortou como não nos conseguiria confortar o abraço mais apertado.

Todos nos sentimos envolvidos e protegidos pela brancura do manto de Maria e temos a certeza que, como Mãe, ela continuará a envolver-nos com a sua candura e a proteger-nos intercedendo por nós junto do seu Filho Jesus.

A Imagem partiu, Maria e a sua mensagem permanecem!

Natália Nunes e Sandra Rodrigues

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

“FAZER O BEM E NÃO OLHAR A QUEM”

Naquele tempo... começa desta maneira o evangelista...“Um homem foi atacado por salteadores e o deixaram à beira da estrada, moribundo.Passavam por ali, um sacerdote da lei, um fariseu e um levita, mas simplesmente ignoraram o desditado.“Um samaritano, aliás, pessoa mal-vista por aqueles que haviam passado por ali anteriormente, encarregou-se de cuidar do homem e ainda pagou a estalagem onde ele poderia recuperar-se e seguir viagem...” Estas palavras são uma interpretação do evangelho, não sendo “ipis letteris”, as do evangelista.Este gesto do samaritano ecoa há centenas de anos em nossa civilização cristã e seu exemplo é seguido por milhões de pessoas de coração bondoso e por instituições, às vezes seculares, de assistência.Tomemos, por exemplo, as Santas Casas, fundadas por uma rainha portuguesa, D. Leonor, a instituição “Santa Casa de Misericórdia” é uma fundação de inspiração cristã que serve como o bom samaritano, a quem precisa de seus serviços.Temos tantos e tantos abnegados exemplos , como os Asilos de São Vicente de Paulo, os Hospícios de São João de Deus e hodiernamente casas de auxílio aos aidéticos, etc.“Pastorais” que indicam a dinâmica da Igreja e que, por mãos anônimas, fazem o trabalho social, preconizado por Jesus. Recompensas? Claro, “aquilo que fizerdes a um de vossos semelhantes é a mim que o fazeis”...Sublime mandamento, o Amor!Sejamos também parte integrante e dinâmica nesta inclusão social de que tanto clama a “Boa Nova”...Faz-nos bem ao corpo e ao espírito e, sobretudo, à “conta” que devamos ter “depositada” no “Banco Divino”...Pensemos nisso!

sábado, 31 de outubro de 2009

A Escola de Sagres

O Infante Dom Henrique, um dos filhos do Rei João I, que participara da conquista de Ceuta, compreende a necessidade de planejar e organizar mais eficientemente o empreendimento marítimo-mercantil, reuni alguns dos melhores e mais experientes pilotos, astrônomos, matemáticos, cartógrafos e construtores de navios da época, vindo sobretudo de Gênova e Veneza, ativas cidades comerciais da Itália. E, funda, em 1417 a Escola de Sagres, acontecimento importante, representa a mudança radical e definitiva do rumo da expansão ultramarina.Valendo-se do que lá aprenderam, os portugueses começam a sua expansão marítima, o norte da África, é abandonado, de agora em diante, cada vez mais para o Atlântico, ocupam as ilhas de Açores e Madeira no Atlântico.Mas o objetivo principal era descer as costas da África, de extensão desconhecida, para tentar chegar às Índias. A segunda tentativa de ultrapassar o cabo Bojador, uma ponta da África que avançava pelo Atlântico, foi vencida pelo medo. Medo de que passando do cabo os brancos se tornassem negros, medo de que o mar fervesse ao calor tropical, medo de que a neblina espessa engolisse os navios. Os marinheiros temiam o desconhecido. Imaginavam a Terra plana, com oceanos que poderiam desembocar no nada. Em 1434 Gil Eanes, da equipe de Sagres, volta triunfante, o Bojador e contornado.A expansão marítimo-comercial portuguesa ao longo do litoral africano, passa a ser mais intensa, Nuno Tristão, explora o Senegal, Serra Leõa, a Costa do Ouro, sempre em busca do marfim, ouro e principalmente dos escravos negros para as ilhas de Açores e Madeira. Com as invenções que surgiram - o astrolábio para medir a posição das estrelas, e a bússola, para garantir a orientação - os pilotos portugueses puderam afastar-se do litoral sem o pavor de se perder. Vela ao vento, as naus não param, cruzando o Atlântico: era preciso chegar ao fim da África e de lá partir para a conquista do mercado das especiarias, tecidos e porcelana da Índia.Com a invasão da Europa pêlos turcos, e fator decisivo. O que interessa é descobrir um novo caminho para negociar com os homens das Índias, na década de 1470, Lopo Gonçalves cruza a linha do Equador, Diogo Cão atinge a embocadura do Congo, chamando-o de Rio do Padrão. O reconhecimento da região por esse navegador possibilita mais tarde a viagem de Bartolomeu Dias, que chega a cruzar o Cabo das Tormentas em 1488, mudando-lhe o nome para Cabo da Boa Esperança, numa antevisão da certeza e confiança de estar no caminho certo para o Oriente.Antes, porém que Portugal possa colher o triunfo esperado, um fato surpreendente vem fazer sombra sobre as esperanças portuguesas. Cristóvão Colombo, navegador genovês contratado por Espanha, chega à ilha de Guanaani, em 1492, descobrindo o continente americano, e regressa, afirmando ter atingido às Índias. Infante Dom Henrique, um dos filhos do Rei João I, que participara da conquista de Ceuta, compreende a necessidade de planejar e organizar mais eficientemente o empreendimento marítimo-mercantil, reuni alguns dos melhores e mais experientes pilotos, astrônomos, matemáticos, cartógrafos e construtores de navios da época, vindo sobretudo de Gênova e Veneza, ativas cidades comerciais da Itália. E, funda, em 1417 a Escola de Sagres, acontecimento importante, representa a mudança radical e definitiva do rumo da expansão ultramarina.Valendo-se do que lá aprenderam, os portugueses começam a sua expansão marítima, o norte da África, é abandonado, de agora em diante, cada vez mais para o Atlântico, ocupam as ilhas de Açores e Madeira no Atlântico.Mas o objetivo principal era descer as costas da África, de extensão desconhecida, para tentar chegar às Índias. A segunda tentativa de ultrapassar o cabo Bojador, uma ponta da África que avançava pelo Atlântico, foi vencida pelo medo. Medo de que passando do cabo os brancos se tornassem negros, medo de que o mar fervesse ao calor tropical, medo de que a neblina espessa engolisse os navios. Os marinheiros temiam o desconhecido. Imaginavam a Terra plana, com oceanos que poderiam desembocar no nada.Em 1434 Gil Eanes, da equipe de Sagres, volta triunfante, o Bojador e contornado.A expansão marítimo-comercial portuguesa ao longo do litoral africano, passa a ser mais intensa, Nuno Tristão, explora o Senegal, Serra Leõa, a Costa do Ouro, sempre em busca do marfim, ouro e principalmente dos escravos negros para as ilhas de Açores e Madeira. Com as invenções que surgiram - o astrolábio para medir a posição das estrelas, e a bússola, para garantir a orientação - os pilotos portugueses puderam afastar-se do litoral sem o pavor de se perder. Vela ao vento, as naus não param, cruzando o Atlântico: era preciso chegar ao fim da África e de lá partir para a conquista do mercado das especiarias, tecidos e porcelana da Índia.Com a invasão da Europa pêlos turcos, e fator decisivo. O que interessa é descobrir um novo caminho para negociar com os homens das Índias, na década de 1470, Lopo Gonçalves cruza a linha do Equador, Diogo Cão atinge a embocadura do Congo, chamando-o de Rio do Padrão. O reconhecimento da região por esse navegador possibilita mais tarde a viagem de Bartolomeu Dias, que chega a cruzar o Cabo das Tormentas em 1488, mudando-lhe o nome para Cabo da Boa Esperança, numa antevisão da certeza e confiança de estar no caminho certo para o Oriente.Antes, porém que Portugal possa colher o triunfo esperado, um fato surpreendente vem fazer sombra sobre as esperanças portuguesas. Cristóvão Colombo, navegador geno-vês contratado por Espanha, chega à ilha de Guanaani, em 1492, descobrindo o continente americano, e regressa, afirmando ter atingido às Índias.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Primeira Conferência Municipal de Cultura de Cambará

Realizou-se com sucesso a Primeira Conferência Municipal de Cultura de Cambará, dia 21/10/2009. Com brilhantismo, o Hino Nacional foi executado por três jovens.
Os presenntes ouviram emocionados a performance desses alunos do grupo de canto e da Banda Municipal de Cambará.
A Banda afinadíssima tocando o Hino da Cidade

sábado, 17 de outubro de 2009

Thank you, Braille writing! Thank you, Braille writing!

Thank you, Braille writing! I still recall that week when I met you. I still bring to mind, the hours when, with anxious, shaking hands, I traced your curves, the days when, with ecstasy, I devoted myself to the exploration of your recesses, the nights I fell asleep meditating, why for you, one and two was two, two and four was nine and one and four was three, why a simple symbol changed what was equal, and why another one made the small grow; the dawns when you deciphered for me, inside the dark intimacy of my room, beautiful phrases about your secrets; the mornings when I woke up lost between sleep and dream, thinking of the first story you told me. I still dream of the lessons of life, you taught me, through your own code, but which you always made me work for. Every day I think of the pleasures you brought. But neither dream nor thought told me that they were simply the first of the numerous doors to pleasure, whose keys only you owned. I saw the world and myself in a new light. You taught me how to understand life without seeing it. You made me grow up without the hypocritical human importance assigned to image. In short, you taught me to overcome the first barrier of life in the dark. Times passes, the lesson remains. I already know your story But the desire to know more, grows. I always feel small next to your greatness Because your wisdom is my weakness. You enlighten everything, you explain everything And for giving me pleasure, I’ll never forget you. You understand me, teach me and amuse me You accept my pace, and I thank you Because thus you never compromise me I stop every minute, I rashly proceed I don’t understand the message, now it doesn’t matter To reach your pace is the inoperative struggle Nature stops me, the will drives me Because the desire of going forward calls me I enthusiastically touch, I pick up speed I grow desolate ah! I can’t match your pace “Don’t despair”, soon after you comfort me You say without rancour “Don’t hurry” Today you went through another of my doors”. Time passes, the lesson remains, Your words, who understands them, Only time will tell, it explains everything. I accept the challenge, but you introduce me to the future, And your speed, ah! I don’t even try to match it The voice is now, the teacher, But in my soul, the pain grows as I fail to match your speed. Your words, I already understand them You’re the best. I explain, but no one understands, Your pleasure can only be understood through reading You’ve filled me with pleasure, you’ve made me travel, you’ve given me something to read, you’ve taught me to fly, you’ve allowed me to enter the world of writing. Excited, is how I feel, because in every touch, a new sensation, ah, I beg you: guide my hand. There is no wickedness, only homesickness, and through you I have been born again, read the past, comment on the present, prepare the future, with other eyes, on my fingertips, and with a new inner vision. Now I don’t see you so often, but whenever I can, I set you down on my legs, I caress your contours; I handwrite you, each dot, each cell, I turn you over, I feel your perfume, I make you stand out, but they don’t understand, don’t dream of or know your value. They tell me the new fashion is much quicker, but “fast and true does not exist”. They say you are old-fashioned, that your format, is too expensive, but I am proud to know you. In fact I try to listen, but it tires my ears, I loose my way, it does my head in, and I miss the point of what was said or written. “You learn to concentrate. Speed comes with practice.” Once again it is the current law; don’t I have a choice? What happened to these people? I can’t make notes, I want you by my side, to interiorize that which is important, to write down immediately what is on my mind. They don’t understand, because on every corner you are available, even at the kiosk or the station. They forget us, but they always indulge their pleasure. But don’t worry; they will not be able to kill you, the new fashion also globalizes you. I know that I was not the only one you satisfied, that received the greatest pleasure in life, but I don’t feel jealous, on the contrary, I feel happy, knowing that over the five continents, in each country, you have been known for a long time, and many have used you to travel, to dream, to simply read or express themselves. That’s the way I’ve done it, I do it, I learnt and see it, your touch strengthens me, gives me freedom, makes me feel at ease, knowing how to read you moved me forward, annulled my illiteracy, suggested a degree and without your support, I would definitely not have succeeded. Your presence is no longer constant Because the new fashion is absorbing me now All my time, in an incessant way. I search for answers, new knowledge, other information, But the greatest lessons I learnt were yours. I don’t already hesitate, I confess, Every thing I write, I process. But every time an important moment arises, It’s to you I turn, without delay, For your silence, is more comforting. To use you daily? It is not a commitment, Your now have another mission, So am I going to forget you? No way! Once again you have a big role in my life, When you help me choose goods. I pick up the milk, cream, juice, Do I mix them up? Those days are gone, Now you’re already law, as part of consumer equality. Your presence was no longer constant, But now, you have been reborn again, And everyone who uses you thinks you are important When reading and writing you, I now have company, The new fashion, technology. I devote her, more time, more attention, And I just keep my hand in with you. However I am satisfied, Because you let me see the future, For which I thank you, from the bottom of my heart. You are not a lover, but you are a love, you’re not a woman, or a being, but I owe you part of my knowledge, of who I am, and of what I may be. You’ve devotedly taught me, your reading, your writing, and as a mother by the altar, with no sign of grief you’ve passed me on to your rival, to your partner, because you gave me the basis for healthy growth. Thank you very much: Braille writing!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Expedição às Índias

Quando Dom Manuel I, sucessor de Dom João II, sobe ao trono em 1495, está decidido a, enfim, chegar até às Índias. O reino português organiza nova expedição em 1497. Para comandá-la escolhe Vasco da Gama, a quem instrui pessoalmente sobre o que deseja: estabelecer sólidas bases comerciais no Oriente - e propagar a fé cristã.
Em 1498, o esforço quase secular de expansão ultramarina por parte de Portugal atinge seu clímax. A esquadra de Vasco da Gama chega a Calicute na Índia, grande empório de mercadorias do Oriente. Está traçada definitivamente a nova rota marítima para as Índias, pelo Atlântico sul, via Cabo da Boa Esperança.
Ao regressar, seus 160 homens reduziam-se a 55. A viagem prolongara-se por dois anos. Mas dois anos que mostraram o acerto na política portuguesa de navegações. Com Vasco da Gama, completavam-se os objetivos e sonhos dos portugueses. Os comerciantes que aplicavam fortunas nas esquadras, seriam fartamente recompensados, os navegadores que perderam a vida não tinham morrido em vão e ao mesmo tempo estava resolvido o grave problema do abastecimento dos mercados europeus.
Estava garantido, assim, o sucesso da estratégia política e marítima de D. João II: o espaço aberto pela linha de Tordesilhas, assegurou para Portugal a posse do Atlântico sul, caminho aberto e exclusivo para o rico mercado oriental, além de conferir o domínio do já conhecido litoral africano, muito provavelmente também poderia conferir a posse e o controle de um possível "litoral americano" no mesmo Atlântico sul. Esta hipótese viria a ser comprovada em 1500. Com o descobrimento do Brasil.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A Lágrima

No terreno ressequido, uma flor minúscula lutava pela sobrevivência. Uma estiagem inclemente havia reduzido a folhas secas toda uma plantação. Junto de um arbusto protetor restava a última planta, a última flor, esmaecida, estiolada, definhando-se, desejando que uma gota de orvalho viesse embeber sua raiz e dar-lhe um alento de vida.

A umidade formada pelo sereno da noite formara gotas que, nas folhas rarefeitas do arbusto protetor, teimavam em não descer até o solo.
A flor, como em uma última lufada de esperança, desejava aquelas gotas como sua tábua de salvação. Uma brisa suave ajudava a escorrê-las, aleatoriamente, espalhando-se pelo solo.
A flor, precisava daquelas gotas para sua sobrevivência,mas não havia sido contemplada, para desespero seu. E assim, até à noite seguinte em que se formaria um novo orvalho, a flor terminou por definhar-se.
Quantas pessoas precisam de uma gota de vida, de um alento, um gesto solidário que se recusam terminantemente em vir até elas? Palavras de ânimo, como gotículas salvadoras, um sentimento em forma de uma lágrima, são suficientes para ajudar a quem precisa, desesperadamente, de um conforto. Não esqueçamos que o ser humano é, sobretudo, solidário e que esse sentimento é essencial para seu progresso vivencial.
Eleutério Sousa

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A Pátria é a familia amplificada

O sentimento que divide, inimiza, retalia, detrai, amaldiçoa, persegue, não será jamais o da pátria. A Pátria é a família amplificada.

E a família, divinamente constituída, tem por elementos orgânicos a honra, a disciplina, a fidelidade, a benquerença, o sacrifício. É uma harmonia instintiva de vontades, uma desestudada permuta de abnegações, um tecido vivente de almas entrelaçadas. Multiplicai a célula, e tendes o organismo.

Multiplicai a família, e tereis a pátria. Sempre o mesmo plasma, a mesma substância nervosa, a mesma circulação sangüínea. Os homens não inventaram, antes adulteraram a fraternidade, de que Cristo lhes dera a fórmula sublime, ensinando-os a se amarem uns aos outros: “Diliges proximum turum sicut ipsum”.

Dilatai a fraternidade cristã, e chegareis das afeições individuais às solidariedades coletivas, da família à nação, da nação à humanidade. Objetar-me-eis com a guerra!

Eu vos respondo com o arbitramento. O porvir é assaz vasto para comportar esta grande esperança. Ainda entre as nações, independentes, soberanas, o dever dos deveres está em respeitar nas outras os direitos da massa.

Aplicai-o agora dentro das raias desta: é o mesmo resultado; benqueiramo-nos uns aos outros, como nos queremos a nós mesmos. Se o casal do nosso vizinho cresce, enrica e pompeia, não nos amofine a ventura, de que não compartimos. Bendigamos, antes, na rapidez de sua medrança, no lustre da sua opulência, o avulsar da riqueza nacional, que se não pode compor da miséria de todos.

Por mais que os sucessos nos elevem, nos comícios, no foro, no parlamento, na administração, aprendamos a considerar no poder um instrumento de defesa comum, a agradecer nas oposições as válvulas essenciais da segurança da segurança da ordem, a sentir no conflito dos antagonismos descobertos a melhor garantia da nossa moralidade.

Não chamemos jamais de inimigos da pátria aos nossos contendores. Não averbemos jamais de traidores à pátria os nossos adversários mais irredutíveis.

A pátria não é ninguém: são todos; e cada qual tem no seio dela o mesmo direito à idéia, à palavra, à associação.

A pátria não é um sistema, nem é uma seita, nem um monopólio, nenhuma forma de governo: é o céu, o solo, o povo, tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade. Os que a servem são os que não invejam, os que não inflamam, os que não conspiram, os que não sublevam, os que não desalentam, os que não emudecem, os que não se acobardam, mas resistem, mas ensinam, mas esforçam, mas pacificam, mas discutem, mas praticam a justiça, a admiração, o entusiasmo. Porque todos os sentimentos grandes são benignos e residem originariamente no amor. No próprio patriotismo armado o mais difícil da vocação, e a sua dignidade não está no matar, mas morrer. A guerra, legitimamente, não pode ser o extermínio, nem a ambição: é, simplesmente, a defesa. Além desses limites, seria um flagelo bárbaro, que o patriotismo repudia.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Motivos Das Navegações Portuguesas

Portugal logo percebeu que o seu futuro não estava no comércio terrestre, obstruído pela Espanha - em luta contra os árabes e governada por um inimigo, o Mediterrâneo se achava inteiramente dominado pelos italianos (venezianos e genoveses), que monopolizam o comércio das especiarias com os árabes, ampliando sempre mais suas rotas marítimas e terrestres, na distribuição dos produtos orientais. Os portos lusitanos, entre os quais Sagres, Lisboa e Porto, simplesmente tornava-se escala importantes das expedições marítimas quer realizam o tráfico das especiarias orientais entre o Mediterrâneo e o Norte da Europa. Para Portugal só restavam os caminhos do mar. Somente vencendo a barreira do Atlântico poderia expandir seu comércio. A saída natural para o avanço do comércio marítimo lusitano seria a exploração da Costa Africana mais próxima, onde se encontravam algumas cidades árabes de importância comercial, entre as quais sobressai a cidade de Ceuta, cidade do norte africano, em frente a Gibraltar, seria o primeiro trampolim: abriria aos portugueses as portas do Mediterrâneo. Em 1415, Ceuta foi vencida, Tânger, Arzila e Alcácer, novas conquistas portuguesa no litoral africano. Sua importância comercial era o marfim, ouro e escravo. Mas a África era apenas o começo. A verdadeira riqueza estava nas Índias, de onde vinham, além de ricas sedas e brocados, as especiarias: pimenta, canela, cravo, gengibre, noz-moscada, essenciais para o sabor e conservação dos alimentos. Tudo isso rendia um bom dinheiro aos mercadores árabes que as forneciam e às cidades italianas que as negociavam com o resto da Europa.Em 1453, os turcos penetram na Europa, tomam Constantinopla, e avançam até Alexandria e bloqueiam todo o comércio das especiarias, com o rompimento das linhas de abastecimento, surge a crise no mercado europeu. Impõe-se, com urgência descobrir um novo caminho para o Oriente. Para dominar esse rico mercado das especiarias e eliminar os intermediários muçulmanos, passa a ser o grande alvo da expansão marítima portuguesa. E o jeito era descobrir um caminho direto para chegar as Índias.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

O ALFABETO ROMANO DEPOIS DO LATIM

A EXPANSÃO DAS LÍNGUAS LATINAS
A forma misturada de dizer o nome das letras em latim passou, mais tarde, para as línguas neolatinas, como o português. Essa mudança alterou, em parte, o princípio acrofônico. Posteriormente, com a introdução de novas letras, o princípio acrofônico nem sempre foi respeitado. Assim a letras H, que os romanos chamavam de adspiratio, passou a se chamar agá em português. Desde sua origem mais remota, ela tem sido usada como uma espécie de “curinga”, representando sons diversos ou, mais freqüentemente, modificando o valor fonético da letra anterior e formando dígrafos. A letra W, em Portugal chamada A Origem do Alfabeto Luiz Carlos Cagliari 7 de “duplo vê” e no Brasil de “dábliu”, já aparece em documentos insulares em 692 e veio, como o nome português indica, da escrita de dois V. Sua difusão deve-se ao extenso uso que teve em manuscritos da Alemanha nos séculos XI e XII. No século XVII, passou a representar uma consoante diferente, tornandose assim uma letra a mais no alfabeto. A letra J é também uma invenção da Idade Média. Surgiu quando os escribas perceberam que, escrevendo dois ii góticos juntos, pareciam estar escrevendo um H. Para distinguir os dois casos, o segundo I da seqüência passou a ser grafado com uma pequena curva virada para a esquerda, originandose assim a letra J. O pingo do J começou a aparecer no século XIV, tornando essa letra mais fácil de ser reconhecida na escrita gótica. Foi Louis Meigret quem colocou no alfabeto francês o J como letra independente, em 1542. A escrita minúscula passou a ter a barra vertical do t aumentada, cortando a barra horizontal, em 1467. O alfabeto inglês antigo tinha duas letras novas, o thorn ð e o winn þ. A letra winn veio do alfabeto rúnico, também derivado do romano, e apareceu pela primeira vez num documento do ano de 811. A letra C representava o som inicial da palavra child, escrita cild. A letra S passou a ter duas formas gráficas: ƒ e S, e as duas formas amalgamadas aparecem na escrita alemã fracture como ß. A letra Ç surgiu na península Ibérica, quando as línguas neolatinas começavam a ser escritas, para representar o mesmo som grafado pelos antigos ingleses com as letras thorn e wynn. A forma gráfica mais antiga do Ç era um C com um pequeno Z subscrito. Algumas línguas procuraram modificar a forma gráfica básica de certas letras para obter novos caracteres e assim representar sons que não tinham letras próprias no alfabeto romano. O tcheco, por exemplo, incluiu letras como C C; o rumeno, T; o norueguês, Æ Ø; o sueco, Ä Å; o espanhol, Ñ etc. O uso dos acentos para diferenciar qualidades vocálicas diferentes em português vem da influência árabe e já aparece no português arcaico. Convém lembrar também que os alfabetos de algumas línguas deixaram de lado certas letras do alfabeto romano. O italiano não possui as letras J, K, W, X e Y. O iorubá não tem as letras C, Q, V e Z. Finalmente, as letras do alfabeto romano foram assumindo estilos diferentes, com a produção de livros manuscritos e, sobretudo, depois do surgimento das tipografias (1456). A forma gráfica das letras foi se modificando criando-se, assim, novos alfabetos. A escrita monumental romana deu origem às letras de forma maiúsculas e a escrita carolíngia deu origem às letras de forma minúsculas, no século IX. No século XII, surgiram as letras góticas (ou pretas) e as escritas cursivas caligráficas. Folheando-se, hoje, uma página de jornal ou de revista, constatamos uma infinidade de alfabetos. Mas o princípio alfabético permanece constante: a ortografia define o valor funcional das letras, mesmo quando o aspecto gráfico vai gerando novos alfabetos que, por serem usados para transcrever uma mesma língua e valerem como substitutos do alfabeto romano primitivo (letras de forma maiúsculas), são, para nós, simples variantes de um mesmo alfabeto. Na verdade, no mundo de escrita em que vivemos, lidamos com inúmeros alfabetos, além de contarmos, ainda, com caracteres não alfabéticos, como os pictogramas modernos, a escrita A Origem do Alfabeto Luiz Carlos Cagliari 8 ideográfica dos números, das abreviaturas, siglas, logotipos e inúmeras marcas e sinais que completam o nosso sistema de escrita. O alfabeto, hoje, é apenas uma parte do sistema de escrita que usamos, mas as letras ainda são a parte mais importante deste sistema.

domingo, 16 de agosto de 2009

Uma flor preciosa

Aldeia natal de Eleutério Sousa
A Saudade me traz, de longe,
Devagar, bem de mansinho,
O perfume das flores da minha terra!...
....Ah!, que felicidade,
A ternura que se esconde
Num doce carinho
E o sentimento que nele se encerra!....
Das varandas da minha terra,
Por entre as flores,
Vislumbram-se o aconchego da paisagem
E a magia do céu profundo!...
Ao longe, o mar,
De um azul misterioso,
Que se dilui
Em lágrimas de Saudade....
...Os olhos, fitos no horizonte,
São os da minha terra;
Entre as flores,
Ela é a rainha,
Cujo perfume se sente,
Único, especial...
...É o perfume de saudades
De outrora,
Por quem meu coração chora....
Ah!, Que falta me faz
Meu torrão natal!...

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O ALFABETO ROMANO

Os etruscos instalaram-se no centro da Itália por volta do ano 1000 a.C. Uma das poucas coisas que se conhece deste povo é sua escrita, baseada no alfabeto grego. Por volta de 700 a.C., os etruscos começaram a escrever, adaptando à sua língua o alfabeto grego de 21 caracteres que, com o tempo, chegou a ter 26 letras. O documento mais antigo que deixaram é o Cippus Perusianus, do século V a.C. Aos etruscos sucederam os romanos. Roma foi fundada em 753 a.C. e desde sempre manteve vínculos com os gregos. A República Romana começou em 509 a.C. e, em 451 a.C., foi escrita a Lei das Doze Tábuas. A mais antiga inscrição conhecida em latim foi feita em bustrofedom e gravada na “Pedra Preta” do Fórum Romano, por volta do ano 600 a.C. Dos 26 caracteres etruscos, os romanos passaram a usar apenas 21 letras. Algumas sofreram modificações na forma gráfica e, sobretudo, no valor fonético. Depois que houve uma mudança fonética A Origem do Alfabeto Luiz Carlos Cagliari 6 significativa no latim, distinguindo fonemicamente os sons k e g, a letra C, que originariamente representava o g, passou a representar o k; a letra K, que representava o k, caiu em desuso e foi substituída pela letra C. Para representar, então, o som de g, os romanos passaram a anotar a letra C com uma pequena barra vertical na parte inferior, no final da curva, dando origem, assim, à letra G. A invenção do G foi atribuída a Spurius Carvilius Ruga (230 a.C.), Do ipsilon grego, os romanos ficaram apenas com a forma V, representando um segmento labial consonantal ou vocálico. Posteriormente, com a distinção fonêmica entre estas duas realizações, a letra V ficou para o segmento consonantal e a forma arredondada U para a vogal. A forma grega do Y limitou-se à escrita de palavras de origem grega. Alguns eruditos e até imperadores, como Cláudio, tentaram inventar letras para se tornarem famosos, mas nenhuma dessas tentativas deu certo. Os romanos usavam um diacrítico chamado apex para marcar vogais ou consoantes longas (geminadas). Tal uso não era, porém, obrigatório. Esse diacrítico era um acento ou uma vírgula sobre a letra: Í = ii, S = ss. A partir do século II torna-se mais comum o uso da compendia, ou seja, da ligadura para unir duas letras, como A+E – Æ, O + E – OE. As formas gráficas da escrita cursiva desenvolvida pelos romanos alteraram bastante as letras capitais de seus monumentos. Documentos com esse tipo de escrita, chamado pugillares, foram encontrados em Pompéia em 1875. Em 1973, muitas tabuinhas com a mesma forma de escrita foram descobertas no poço de um forte romano em Vindolândia, no norte da Inglaterra. Com o objetivo de seguir o princípio acrofônico já mencionado, os romanos modificavam os nomes das letras. Se a chave para a decifração das letras está em seus nomes, uma vez perdido totalmente o caráter icônico das formas gráficas, já não se precisava mais de nomes com significados especiais para as letras, como no alfabeto dos semitas. Por outro lado, não havia necessidade de adaptar esses nomes à língua, como fizeram os gregos. O mais prático era designar as letras por monossílabos iniciados com o som mais representativo de cada uma delas. Foi assim que as letras passaram a se chamar a, bê, cê, dê, etc. e o alfabeto passou a ter outro nome, em português: “abecê”. Na época de varrão (116-27 a.C.), havia duas maneiras de dizer os nomes de algumas letras: a antiga e uma nova, com um E inicial, seguindo-se o som da consoante, como em EF, EL, EM, EN, ER e ES.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

UM IMPASSE NA ESCRITA ALFABÉTICA

Alguns dos povos semitas, como os egípcios, os assírios e os babilônicos, tinham uma grande civilização e contaram com sistema de escrita próprios e bem estabelecidos. Outros povos menores, que viviam no Oriente Médio, passaram a escrever somente depois do surgimento da escrita alfabética. A adaptação do sistema existente a essas línguas ágrafas procurava manter as funções das letras, com variações locais na forma gráfica de alguns caracteres, mas sem grandes modificações, como as que ocorreram entre os gregos. Em ambos os casos, entretanto, os usuários da escrita tiveram que enfrentar o sério problema dos dialetos. As diferenças dialetais da língua grega podiam ser reunidas em grandes grupos: o arcádio, da Arcádia e de Chipre; o eólio da Tessália, Beócia e do Norte; o Jônico, da Ática; e o dórico, do Peloponeso (exceto Árcadia) e Creta. Por sua importância histórica e cultural, o dialeto ático, próprio de Atenas, prevaleceu e passou a ser conhecido como koiné, ou seja, “língua comum”. Posteriormente, a palavra koiné passou a representar apenas a linguagem do povo, por oposição à da elite. Diante de tal diversidade lingüística, o alfabeto parecia fadado a desaparecer, pois já não podia ser um sistema de escrita útil para uma sociedade com tanta variação dentro de uma mesma língua. Mas a escrita acabou sendo salva pela ortografia. Com a introdução da noção de ortografia na escrita alfabética, as palavras passaram a ser escrita apenas de uma forma e foi possível neutralizar as variantes dialetais. Obviamente, a ortografia de uma língua depende, basicamente, do seu prestígio. A língua passa a ter uma ortografia mais regular e estável quando surge uma obra clássica modelar. Foi o que aconteceu com o grego antigo e, muitos anos depois, com as línguas derivadas do grego e do latim.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O Alfabeto Grego

Segundo Heródoto, um fenício chamado Cadmos insta lou-se na Boécia, onde fundou Tebas e começou a escrever grego com 16 caracteres fenícios. Conta-se também que, durante a guerra de Tróia, surgiram quatro novas letras, introduzidas por Palamedes. O alfabeto grego teria sido completado pelo poeta Simônides de Ceos (556-468 a.C.) com mais quatro letras. É difícil distinguir a história da lenda. O fato de colocar letras representando consoantes e vogais, umas ao lado das outras, compondo as sílabas, deu ao sistema de escrita o verdadeiro alfabeto. É por isso que muitos estudiosos dizem que o alfabeto propriamente dito foi inventado pelos gregos. Esta afirmação dá ênfase à função das letras na representação dos segmentos das sílabas e deixa de lado, de certo modo, a própria natureza das letras, tal qual existia na escrita semítica. São duas concepções diferentes do que é uma escrita alfabética. No esforço para adaptar à sua língua o sistema de escrita já estabelecido para os fenícios, os gregos seguiram o mesmo princípio acrofônico da escrita fenícia. Começaram adaptando os nomes das letras lendo-os à moda grega. Assim, ale passou a se chamar alfa, beth passou a se chamar beta, e assim por diante. O conjunto das letras recebeu um nome composto pela soma das duas primeiras, ou seja, alfabeto. Algumas letras dos fenícios representavam sons inexistentes em grego. Passaram então, a representar sons que existiam em grego mas não nas línguas semíticas. As novas letras inventadas baseavam-se no estilo gráfico das já existentes. O alfabeto grego passou mesmo a ter letras para mais de um segmento fonético das sílabas, como _ = [dz], _ =[ts], _ = [ks], _ [ps]. É curioso notar que o grego arcaico começou distinguindo a aspiração de sua não-ocorrência através de dígrafos, escrevendo __ para [th] e somente depois a letra _ passou a representar sozinha o som [th], ficando a letra _ para representar [t]. A distinção entre _ e _ diferenciava [k] e [kh]. Sutilezas fonéticas também surgiram nas vogais, com letras diferentes para as breves _ e as longas _ _. O documento mais antigo que temos é a inscrição no vaso Dipylon (entre os séculos IX e X a.C.). Outros exemplos são as inscrições de Yehimelek, Tera, Melos e Creta. Somente no século IV a.C. foram uniformizados os diferentes usos das letras num alfabeto de 24 letras, com uma ortografia estabelecida, formando a escrita do grego clássico. As marcas de acento e alguns sinais de pontuação, acompanhando a escrita das palavras, foram introduzidas por Aristófanes de Bizâncio (250-180 a.C.) e pelo grande Aristarco. O documento mais antigo com essas marcas é o papiro Bacchylides, que data do século I a.C., mas os sinais diacríticos só se tornariam obrigatórios na escrita a partir do século IX de nossa era. O tipo atual dos caracteres gregos foi lançado em 1660 por Wetstein na Antuérpia. Os antigos costumavam escrever as palavras sem separação, emendando umas nas outras. Para evitar ambigüidades, ou simplesmente destacar palavras, usavam um ponto separando-as. Os semitas escreviam em geral da direita para a esquerda. Os gregos começaram a escrever na forma bustrofedom (em grego, “caminho do boi”), compondo uma linha da esquerda para a direita e a seguinte da direita para a esquerda, invertendo a direção dos caracteres, e assim sucessivamente a cada nova linha.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Alfabeto Semítico (continuação)

A Torre de Babel - Segundo a Bíblia, a soberba dos homens deixou-os incomunicáveis...
Além disso, o significado dessas palavras devia se associar diretamente a hieróglifos egípcios que pudessem ser usados para representar os sons iniciais. A primeira palavra da lista era aleph (boi) e para representá-la foi escolhido o hieróglifo que era o desenho de uma cabeça de boi. A segunda palavra foi beth (casa), que ficou associada ao hieróglifo que representava uma casa. Obviamente, em egípcio, esses hieróglifos estavam associados às mesmas idéias mas não aos mesmos sons. Por exemplo “casa” em egípcio é per e não beth. Feita a tabela com os caracteres, os significados e os nomes, estava criado o alfabeto. Agora, o hieróglifo egípcio que representava “casa” e que era associado às consoantes PR, passou a ser o caracter que representava apenas o som de “B” inicial da palavra beth, a qual passou, por sua vez, a ser o nome da letra. Esse procedimento estendeu-se a todas as palavras da relação, surgindo deste modo o alfabeto. O novo sistema de escrita assim constituído, além de escrever só consoantes, tomou-se uma forma de escrita puramente fonética. Agora, para escrever, era preciso decompor as sílabas em seus elementos consonantais e vocálicos, registrando com os novos caracteres apenas os elementos consonantais. Um princípio acrofônico era a chave para decifrar e escrever o alfabeto: bastava saber o nome das letras, reconhecer o som consonantal e usar o caracter correspondente para escrever as consoantes que iam sendo detectadas nas palavras a serem escritas. A idéia parecia boa demais e de fato iria servir de modelo, muitos séculos depois, para que os lingüistas criassem os alfabetos fonéticos e pudessem registrar e ler os sons de todas as línguas do mundo, mesmo daqueles que nunca tinham sido escritas. Porém do ponto de vista do uso, como veremos adiante, esse novo sistema encontrou um obstáculo intransponível na variação dialetal da fala das pessoas. Teve então que sofrer uma modificação básica, justamente no aspecto que parecia mais promissor, a representação fonética dos sons da fala. Formas derivadas da escrita fenícia foram encontradas em muitas regiões do Mediterrâneo. Documentos provenientes da Espanha (El Pendo), da França (Glozel), de Portugal (Alvão), da Itália e até da Iugoslávia têm inscrições (não decifradas) em caracteres cuja forma gráfica lembra de perto a escrita fenícia. Em outros lugares, como na Líbia, na Mesopotâmia, na Turquia e na Grécia, a escrita fenícia foi adaptada às línguas locais e passou a ter um amplo uso social.

terça-feira, 28 de julho de 2009

O ALFABETO SEMÍTICO

Os semitas das grandes civilizações estavam satisfeitos com seus sistemas de escrita. De um lado, no nordeste da África, predominava o sistema egípcio, e do outro, na Mesopotâmia, o sistema cuneiforme. Acontece, porém, que entre esses dois pólos de civilização viviam povos que não estavam comprometidos demais com essas culturas, mas que eram grandes comerciantes no Mediterrâneo. Eles logo perceberam que os silabários cuneiformes eram muito práticos (com poucos caracteres escrevia-se qualquer palavra) mas que a escrita egípcia tinha uma forma gráfica mais atraente para ser escrita e lida, útil sobretudo nas necessidades do dia-adia. Surgiu, então, uma escrita com caracteres egípcios para línguas do Oriente Médio. Como eram línguas que estavam sendo escritas pela primeira vez; nada mais conveniente do que unir as vantagens gráficas dos caracteres egípcios às vantagens funcionais da escrita cuneiforme que, há muito, já abandonara a maioria dos caracteres ideográficos em favor de um silabário com poucos caracteres. Os documentos mais antigos que nos chegaram dessa nova escrita foram descobertos em 1904-1905 pelo arqueólogo britânico Flinders Petrie, em Serabq el Khadin, no Sinai. Essas inscrições, chamadas de proto-sinaíticas, datavam de cerca de 1500 a.C. e foram estudadas minuciosamente pelo grande egiptólogo, também britânico, Alan Gardiner, que demonstrou sua ligação com os hieróglifos egípcios. A escrita proto-sinaítica certamente influenciou o que veio depois, mas faltam-nos documentos para estabelecer as pontes nos tempos e lugares corretos. No outro extremo do Oriente Médio os fenícios tinham na escrita um instrumento importante de sua atividade comercial ao redor do Mediterrâneo. Se, por um lado, quando viajavam valia a pena seguir cultura dos ricos egípcios, assírios e babilônicos, em casa a nova escrita era mais prática e, portanto, mais útil. Ao que tudo indica, a escrita fenícia já estava estabelecida no século XIII a.C., época dos documentos mais antigos. Os mais importantes são as inscrições do sarcófago do rei Ahiirâm de Biblos, que datam de cerca de 1300 a.C., e os da pedra Moabita, do rei Mesa, que datam de 842 a.C. No século XI a.C., o sistema utilizado na escrita fenícia já tinha passado por várias modificações e se fixado numa forma definitiva, com 22 letras apenas. Ela está na origem de muitas outras escritas, como a árabe, a hebraica, a aramaica, a tamúdica, a púnica (de Cartago) e, sobretudo, a escrita grega, da qual se derivou a latina, origem do alfabeto que hoje usamos. Os semitas do Oriente Médio puseram em prática aquela idéia de formar uma escrita com poucos caracteres e com formas gráficas de fácil desenho. Para isto, fizeram uma lista de palavras, de tal modo que cada uma delas começasse pelo som de uma consoante diferente, e sua sucessão representasse toas asconsoantessemitas das grandes civilizações estavam satisfeitos com seus sistemas de escrita. De um lado, no nordeste da África, predominava o sistema egípcio, e do outro, na Mesopotâmia, o sistema cuneiforme. Acontece, porém, que entre esses dois pólos de civilização viviam povos que não estavam comprometidos demais com essas culturas, mas que eram grandes comerciantes no Mediterrâneo. Eles logo perceberam que os silabários cuneiformes eram muito práticos (com poucos caracteres escrevia-se qualquer palavra) mas que a escrita egípcia tinha uma forma gráfica mais atraente para ser escrita e lida, útil sobretudo nas necessidades do dia-adia. Surgiu, então, uma escrita com caracteres egípcios para línguas do Oriente Médio. Como eram línguas que estavam sendo escritas pela primeira vez; nada mais conveniente do que unir as vantagens gráficas dos caracteres egípcios às vantagens funcionais da escrita cuneiforme que, há muito, já abandonara a maioria dos caracteres ideográficos em favor de um silabário com poucos caracteres. Os documentos mais antigos que nos chegaram dessa nova escrita foram descobertos em 1904-1905 pelo arqueólogo britânico Flinders Petrie, em Serabq el Khadin, no Sinai. Essas inscrições, chamadas de proto-sinaíticas, datavam de cerca de 1500 a.C. e foram estudadas minuciosamente pelo grande egiptólogo, também britânico, Alan Gardiner, que demonstrou sua ligação com os hieróglifos egípcios. A escrita proto-sinaítica certamente influenciou o que veio depois, mas faltam-nos documentos para estabelecer as pontes nos tempos e lugares corretos. No outro extremo do Oriente Médio os fenícios tinham na escrita um instrumento importante de sua atividade comercial ao redor do Mediterrâneo. Se, por um lado, quando viajavam valia a pena seguir cultura dos ricos egípcios, assírios e babilônicos, em casa a nova escrita era mais prática e, portanto, mais útil. Ao que tudo indica, a escrita fenícia já estava estabelecida no século XIII a.C., época dos documentos mais antigos. Os mais importantes são as inscrições do sarcófago do rei Ahiirâm de Biblos, que datam de cerca de 1300 a.C., e os da pedra Moabita, do rei Mesa, que datam de 842 a.C. No século XI a.C., o sistema utilizado na escrita fenícia já tinha passado por várias modificações e se fixado numa forma definitiva, com 22 letras apenas. Ela está na origem de muitas outras escritas, como a árabe, a hebraica, a aramaica, a tamúdica, a púnica (de Cartago) e, sobretudo, a escrita grega, da qual se derivou a latina, origem do alfabeto que hoje usamos. Os semitas do Oriente Médio puseram em prática aquela idéia de formar uma escrita com poucos caracteres e com formas gráficas de fácil desenho. Para isto, fizeram uma lista de palavras, de tal modo que cada uma delas começasse pelo som de uma consoante diferente, e sua sucessão representasse todas asconsoantes

terça-feira, 21 de julho de 2009

Juventude desvairada-um conflito de gerações

Apercebemo-nos que, a cada ano que passa, as gerações entram em "conflito" por uma aparente contradição entre pensamentos que se presumem, à primeira vista, opostos entre si. Os novos entes que entram no mercado de trabalho, nas escolas, etc. permanentemente vêm os mais velhos como reacionários, que pouco ou nada têm a ensinar, na presunção de que sabem tudo e, valendo-se das novas tecnologias, olham os mais antigos com um ar de superioridade. Às vezes parece salutar esta maneira de ver e de estar no mundo, pois, a ânsia de liberdade e de novas descobertas são úteis e de extrema necessidade para a evolução humana, o que, diga-se de passagem, a juventude possui.Mas o jovem ponderado sabe que deve aprender com os depositários de conhecimento - Pais, professores, etc. aquilo que lhe dê, para o futuro, a bagagem que vá servir de esteio ao crescimento do seu "edifício" vivencial.A isto chama-se civilização. Milênios de acertos e desacertos, mas um conhecimento de valores e lições que fazem continuar a espécie humana! Lembremo-nos que é o conjunto deles que nos solidifica como os reis da criação e como projetistas de um mundo melhor.

A pedra da Rosetta (Alfabetos antigos)

Durante a expedição de Napoleão na pirâmide, foi encontrada Pedra de Rosetta, que mais tarde permitiu decifrar os hieróglifos egípcios. Ela fazia parte de um conjunto de estelas que foram distribuídas em cada templo, para registrar a realização das festividades anuais em homenagem a Ptolomeu V por ter concedido isenção de impostos.Suas inscrições registram um decreto instituído em 196 a.C. sob o reinado de Ptolemeu V Epifânio, escrito em duas línguas: Egípcio Tardio e Grego. A parte da língua egípcia foi escrita em duas versões, hieróglifos e demótico, sendo esta última uma variante cursiva da escrita hieroglíficaApesar de estar faltando um pedaço, foi possível a tradução de um trecho:"No decorrer do reinado do jovem que sucedeu a seu pai na realeza, Senhor dos Diademas, mui glorioso, que estabeleceu o Egito e foi piedoso perante os deuses, triunfante sobre seus inimigos e que restaurou a paz e a vida civilizada entre os homens, Senhor dos Festivais dos Trinta Anos, semelhante à Ptah, o Grande, um rei como Rá, grande rei dos países Alto e Baixo, progênie dos Deuses Filopatores, aprovado por Ptah, a quem Rá deu a vitória, imagem viva de Amum, filho de Rá, PTOLOMEU, ETERNO, AMADO DE PTAH, no nono ano, quando Aetos, filho de Aetos, era sacerdote de Alexandria e os deuses Sóteres e os deuses Adelphoi e os deuses Evergetes e os deuses Filopatores e o deus Epifânio Eucaristo; Pyrrha, filha de Philinos, sendo Athlophoros de Berenice Evergetes, Areia, filha de Diogenes, sendo Kanephoros de Arsinoe Filadelfo; Irene, filha de Ptolomeu, sendo sacerdotisa de Arsinoe Filopator; aos quatro do mês de Xandikos, de acordo com os egípcios, o 18ª de Mekhir.” Em 2004 uma equipe de arqueólogos alemães descobriu uma pedra do século II a.C., com inscrições em grego arcaico e hieróglifos, com importância similar à da célebre Pedra de Rosetta de 238 a.C., e tem gravado um decreto do faraó Ptolomeu III – que reinou entre 246 e 221 a.C – em grego arcaico e hieróglifos. O texto descreve os méritos do faraó – cuja liderança levou o Egípcio ao seu apogeu – e uma série de medidas contra a fome no país, com a importação de cereais provenientes da Síria e Chipre. Com 99 centímetros de altura e 84 de largura e 65 grossura, a pedra foi descoberta perto de uma estátua que representa a mulher de Ramsés II, nas ruínas de um templo na antiga cidade de Bubastis, 90 quilômetros a noroeste do Cairo.

domingo, 19 de julho de 2009

Torre de Belém - Lisboa
Daqui, intemeratos marinheiros sairam à descoberta de novas terras e espalharam a Língua Portuguesa pelo mundo.
Em um dia qualquer de 1500 zarpava daqui Pedro Álvares Cabral, chegando à Terra de Vera Cruz, a 21 de Abril, início da enorme Nação Brasileira.
Porto seguro de variados povos, o Brasil é uma dádiva para quem mora aqui ou faz deste país a sua pátria de acolhimento.
Te amamos, querido Brasil!

sábado, 18 de julho de 2009

A Origem do Alfabeto(continuação)

Os sistemas silábicos do Oriente Médio vieram da escrita Suméria (iniciada por volta de 3200 a.C.), que se transformou em cuneiforme com o domínio da civilização acadiana (2000 a 600 a.C.). Os dois pólos mais importantes de irradiação dessa escrita foram as civilizações babilônica e assíria da Mesopotâmia. Os acadianos, assim como os egípcios, falavam uma língua semítica, ramo ao qual pertencem hoje o árabe e o hebraico. Um breve exame dessas línguas mostra que, nelas as palavras tem uma formação muito especial, se comparadas às de outros ramos, como o anglo-germânico e o neolatino. Nestes, as palavras apresentam uma idéia central, marcada pela raiz, e idéias adicionais, marcadas por “sufixos” e “prefixos”. Assim a palavra “ilegalmente” tem a raiz “ileg”, que traz a idéia principal, referente a “lei”, o prefixo “i”, que implica uma negativa, e os sufixos “al”, que indica uma qualidade, e “mente”, que se refere a um estado ou modo. Nas línguas semíticas, as palavras trazem a idéia central na combinação de três consoantes. Assim, no árabe, à seqüência KTB é atribuída a idéia central de algo relativo a “escrita”. Outras idéias adicionais são acrescentadas através da inserção de vogais diferentes junto às consoantes, formando-se, desse modo, novas palavras. Por exemplo, katab significa “ele escreveu” kaatib significa “escritor”; kitab significa “livro”. As vogais eram facilmente recuperáveis na leitura, através do contexto. A solução parecia satisfatória, uma vez que, nas línguas semíticas, o sistema fonológico apresenta apenas três fonemas vocálicos: I, U, A. Outras qualidades vocálicas eram facilmente detectáveis a partir de regras tão simples quanto a que, em português, identifica o som do É aberto em “belo”, “bela”, e o do Ê fechado em “Beleza”. O sistema de representação consonantal dos semitas durou milênios: só a escrita egípcia durou três mil anos. É claro que os sistemas de escrita não usam apenas um procedimento de representação. A própria escrita egípcia, basicamente do tipo consonantal, utilizava também símbolos ideográficos, determinativos semânticos e fonéticos.