domingo, 3 de julho de 2011

Autonomia da Madeira

GILBERTO TEIXEIRA Para quem serviu a Autonomia (II)
Ainda bem que foi possível em tão poucos anos, dar a volta, quebrar rotinas e a monotonia, duma sociedade pseudo-aristocrata, que se escondia em chás, canastras e outros requintes sem se preocupar com os 65% de analfabetos que existiam. Hoje as pessoas que vivem isoladas vales acima, sabem o que é progresso, sentem os benefícios do desenvolvimento, acariciam a modernidade.
Se os actuais actores da vida activa, algures na casa da meia-idade soubessem quanto foi lento o caminhar da Madeira, durante o seu crescimento como seres humanos; o que foi essa odisseia de viajar de autocarro até ás freguesias rurais, coisa que hoje não os preocupa com as novas acessibilidades. Vejo neles orgulho nas propriedades e casas que os pais possuem em freguesias distantes e que vão receber como herança, casas onde passaram férias de infância e juventude e que usufruem. Sentem-se confortáveis com os teres e haveres, mas não se preocupam com as armadilhas que alguns estão montando, e que podem perfeitamente privá-los de projectos e sonhos nos melhores anos que passam, sem saber o que vão deixar aos seus filhos. A própria lógica de mudanças entre o que foi esse passado de tremendas dificuldades – eles desconhecem o que foram as senhas de racionamento do açúcar – e o presente, faz-me viajar desde essa adolescência e juventude inquieta, quando andava em busca duma configuração identitária até “este admirável mundo novo” que nunca vislumbrei. E mais do que lembrar o que era a Madeira de ontem, vale a pena folhear álbuns com imagens desse passado e compará-las com a imparável dinâmica duma sociedade actual, mais justa, mais niveladora com a perfeita noção das complexidades. Ainda bem que foi possível em tão poucos anos, dar a volta, quebrar rotinas e a monotonia, duma sociedade pseudo-aristocrata, que se escondia em chás, canastras e outros requintes sem se preocupar com os 65% de analfabetos que existiam. Hoje as pessoas que vivem isoladas vales acima, sabem o que é progresso, sentem os benefícios do desenvolvimento, acariciam a modernidade. A ansiedade, a angústia, apesar da crise que e abateu sobre nós, já não faz nenhum madeirense recuar nos sonhos. A emancipação não é uma palavra vã. Podem ter existido “obras faraónicas, megalómanas, sem retorno” como dizem os talhantes políticos da esquerda e da direita mais ignominiosa que se possa imaginar. Eles que são os primeiros beneficiários do progresso, que viram as suas propriedades valorizadas, os negócios florirem como nunca, renegam tudo para se parecerem amigos dos pobres, doadores e voluntários da caridade mais abjecta do mundo. Estamos cansados dos que tentam encobrir a sua inutilidade e inoperância. Afinal, ao contrário do que dizem da longevidade do Presidente e de outros governantes no Poder, eles saem e entram nos partidos, sindicatos e afins, conforme as derrotas e os tachos a que se habilitam, e as pessoas distraem-se dos anos em que andam sempre a prometer ser alternância de poder. Umas vezes são líderes, outras, deputados, outras ainda líderes parlamentares. Demitem-se, saem e fazem uma cura algures durante dois ou três anos, e regressam como se nunca tivessem tido responsabilidades partidárias. Como se nunca tivessem feito a genuflexão aos patifes do lado de lá, solidarizando-se com eles contra a sua própria terra e o seu povo que juraram defender e afinal atacaram. Há até quem detenha recordes de demissões e readmissões no PS. É só apreciar e descodificar as estratégias e tácticas políticas desses “turistas políticos” que passam a factura dos seus devaneios à agência socialista, sem qualquer coerência com o ideal regionalista. Que protecção deram aos sectores tradicionais da economia madeirense, como as novas tecnologias de informação, do comércio electrónico às telecomunicações, das centrais hídricas e eólicas? E porque mentem, manipulam, ofendem e destratam tudo? Temos de estar atentos, porque não sendo profissionais da política armam-se em coveiros da nossa Autonomia, chorando lágrimas de crocodilo pelos agricultores, pescadores, viticultores e em geral no nosso povo humilde que depois do voto é sempre esquecido. Tem de haver quem impulsione o sonho e combata os troca-tintas que hoje são da UDP, amanhã do PS e noutro dia do Bloco. Seres humanos que merecem compaixão, porque nasceram com a raiva na chupeta e prosseguem até à velhice com ódio a quem faz alguma coisa em prol da brava gente madeirense. Intelectuais de circunstância e com pavio gasto. Este povo habituou-se a trabalhar sobre a dureza e inacessibilidade do terreno. A vitória dessa teimosia bendita impôs ao homem a dimensão da sua luta. Ontem como hoje o madeirense teve de abalar para longe, sem temer o desconhecido, do lugar à língua, enfrentando climas difíceis, hábitos e costumes de outros. Foi em busca de satisfações pessoais e acabou deixando referências. Alguém saberá honrar as memórias, combater os fracos e os inúteis que por aí andam. Voltará a haver ética e valores. Há que respeitar a Madeira que tem gente de elevada qualidade, capaz de conjugar esforços para enveredar por novos paradigmas e fazer a diferença em relação ao restante do território nacional. Os socialistas e os pêpês fazem programas de Governo por atacado. Outras vezes designam governos sombra, que estão à sombra do independente do outro lado desta rua, e vivem das iniciativas e das manipulações deles. Não há maneira de se manterem de forma “elevada” na condução da política, e recorrem sempre aos mesmos artifícios de pretenderem debates com o partido do Governo. A realidade é outra bem diferente: eles não se entendem e comem-se uns aos outros. O protagonismo está com os inúteis líderes que se acham melhores que os doutores do partido. Quando fizerem uma avaliação detalhada das informações será tarde. Estão condenados a nova derrotas. São banais. Quando tiverem conhecimento das proezas e dos falhanços clamorosos do senhor José Manuel Rodrigues, (há quantos anos no partido?) que escamoteia os seus limites, à moda dos jogadores de casino, tirarão conclusões de arrepiar. Mas enfim, “guardado está o bom bocado”.

Artigo de Opinião de : Gilberto Teixeira