|                                                                                                 |                                                     |  Ainda  bem que foi possível em tão poucos anos, dar a volta, quebrar rotinas e  a monotonia, duma sociedade pseudo-aristocrata, que se escondia em  chás, canastras e outros requintes sem se preocupar com os 65% de  analfabetos que existiam. Hoje as pessoas que vivem isoladas vales  acima, sabem o que é progresso, sentem os benefícios do desenvolvimento,  acariciam a modernidade. |  |                                                      | Se os actuais actores da vida activa,  algures na casa da meia-idade soubessem quanto foi lento o caminhar da  Madeira, durante o seu crescimento como seres humanos; o que foi essa  odisseia de viajar de autocarro até ás freguesias rurais, coisa que hoje  não os preocupa com as novas acessibilidades. Vejo neles orgulho nas  propriedades e casas que os pais possuem em freguesias distantes e que  vão receber como herança, casas onde passaram férias de infância e  juventude e que usufruem. Sentem-se confortáveis com os teres e haveres,  mas não se preocupam com as armadilhas que alguns estão montando, e que  podem perfeitamente privá-los de projectos e sonhos nos melhores anos  que passam, sem saber o que vão deixar aos seus filhos.
A própria lógica de mudanças entre o que foi esse passado de tremendas  dificuldades – eles desconhecem o que foram as senhas de racionamento do  açúcar – e o presente, faz-me viajar desde essa adolescência e  juventude inquieta, quando andava em busca duma configuração identitária  até “este admirável mundo novo” que nunca vislumbrei. E mais do que  lembrar o que era a Madeira de ontem, vale a pena folhear álbuns com  imagens desse passado e compará-las com a imparável dinâmica duma  sociedade actual, mais justa, mais niveladora com a perfeita noção das  complexidades.
Ainda bem que foi possível em tão poucos anos, dar a volta, quebrar  rotinas e a monotonia, duma sociedade pseudo-aristocrata, que se  escondia em chás, canastras e outros requintes sem se preocupar com os  65% de analfabetos que existiam. Hoje as pessoas que vivem isoladas  vales acima, sabem o que é progresso, sentem os benefícios do  desenvolvimento, acariciam a modernidade.
A ansiedade, a angústia, apesar da crise que e abateu sobre nós, já não  faz nenhum madeirense recuar nos sonhos. A emancipação não é uma palavra  vã. Podem ter existido “obras faraónicas, megalómanas, sem retorno”  como dizem os talhantes políticos da esquerda e da direita mais  ignominiosa que se possa imaginar. Eles que são os primeiros  beneficiários do progresso, que viram as suas propriedades valorizadas,  os negócios florirem como nunca, renegam tudo para se parecerem amigos  dos pobres, doadores e voluntários da caridade mais abjecta do mundo.
Estamos cansados dos que tentam encobrir a sua inutilidade e  inoperância. Afinal, ao contrário do que dizem da longevidade do  Presidente e de outros governantes no Poder, eles saem e entram nos  partidos, sindicatos e afins, conforme as derrotas e os tachos a que se  habilitam, e as pessoas distraem-se dos anos em que andam sempre a  prometer ser alternância de poder. Umas vezes são líderes, outras,  deputados, outras ainda líderes parlamentares. Demitem-se, saem e fazem  uma cura algures durante dois ou três anos, e regressam como se nunca  tivessem tido responsabilidades partidárias. Como se nunca tivessem  feito a genuflexão aos patifes do lado de lá, solidarizando-se com eles  contra a sua própria terra e o seu povo que juraram defender e afinal  atacaram. Há até quem detenha recordes de demissões e readmissões no PS.
É só apreciar e descodificar as estratégias e tácticas políticas desses  “turistas políticos” que passam a factura dos seus devaneios à agência  socialista, sem qualquer coerência com o ideal regionalista. Que  protecção deram aos sectores tradicionais da economia madeirense, como  as novas tecnologias de informação, do comércio electrónico às  telecomunicações, das centrais hídricas e eólicas?
E porque mentem, manipulam, ofendem e destratam tudo? Temos de estar  atentos, porque não sendo profissionais da política armam-se em coveiros  da nossa Autonomia, chorando lágrimas de crocodilo pelos agricultores,  pescadores, viticultores e em geral no nosso povo humilde que depois do  voto é sempre esquecido.
Tem de haver quem impulsione o sonho e combata os troca-tintas que hoje  são da UDP, amanhã do PS e noutro dia do Bloco. Seres humanos que  merecem compaixão, porque nasceram com a raiva na chupeta e prosseguem  até à velhice com ódio a quem faz alguma coisa em prol da brava gente  madeirense. Intelectuais de circunstância e com pavio gasto.
Este povo habituou-se a trabalhar sobre a dureza e inacessibilidade do  terreno. A vitória dessa teimosia bendita impôs ao homem a dimensão da  sua luta. Ontem como hoje o madeirense teve de abalar para longe, sem  temer o desconhecido, do lugar à língua, enfrentando climas difíceis,  hábitos e costumes de outros. Foi em busca de satisfações pessoais e  acabou deixando referências.
Alguém saberá honrar as memórias, combater os fracos e os inúteis que  por aí andam. Voltará a haver ética e valores. Há que respeitar a  Madeira que tem gente de elevada qualidade, capaz de conjugar esforços  para enveredar por novos paradigmas e fazer a diferença em relação ao  restante do território nacional.
Os socialistas e os pêpês fazem programas de Governo por atacado. Outras  vezes designam governos sombra, que estão à sombra do independente do  outro lado desta rua, e vivem das iniciativas e das manipulações deles.  Não há maneira de se manterem de forma “elevada” na condução da  política, e recorrem sempre aos mesmos artifícios de pretenderem debates  com o partido do Governo. A realidade é outra bem diferente: eles não  se entendem e comem-se uns aos outros.
O protagonismo está com os inúteis líderes que se acham melhores que os  doutores do partido. Quando fizerem uma avaliação detalhada das  informações será tarde. Estão condenados a nova derrotas. São banais.  Quando tiverem conhecimento das proezas e dos falhanços clamorosos do  senhor José Manuel Rodrigues, (há quantos anos no partido?) que  escamoteia os seus limites, à moda dos jogadores de casino, tirarão  conclusões de arrepiar. Mas enfim, “guardado está o bom bocado”. |  
                                                 
                          Artigo de Opinião de : Gilberto Teixeira |