|                                                                     |                                                                                 |                                                                                     | Antes  da cerimónia de entrega de insígnias a oito madeirenses, Jardim  pronunciou-se sobre as bandeiras da FLAMA, ontem espalhadas na Região, e  sobre o imposto extraordinário anunciado por Pedro Passos Coelho. |  |          | O presidente do Governo defendeu ontem que Lisboa deve ter  cuidado, pois se continuar na sua posição colonial e não aceitar as  reivindicações do povo madeirense, arrisca-se a fomentar o crescimento  do movimento independendista.
A questão foi suscitada por várias bandeiras da FLAMA, que apareceram  ontem em alguns pontos da Região, nomeadamente nos túneis da Cota 40 e  200.
Em resposta aos jornalistas, antes da cerimónia de entrega de insígnias a  oito madeirenses, Alberto João Jardim disse que, neste momento, não  concorda com a ideologia do movimento FLAMA.
«Se concordasse, estava do lado deles, já», respondeu, acrescentando  achar que «se trata de um caminho que, neste momento de globalização,  nas presentes dificuldades económicas europeias e na necessidade que  temos de estar na União Europeia, não seria a evolução aconselhável para  o povo madeirense».
Neste contexto, acrescentou: «Agora, é preciso Lisboa tomar cuidado,  porque se Lisboa continuar numa posição de dictate colonial e não querer  aceitar as reivindicações do povo madeirense, através do seu  parlamento, obviamente que Lisboa se arrisca ao crescimento do movimento  independentista».
Questionado sobre se conhece alguns dos elementos da FLAMA, alegadamente  na clandestinidade, Alberto João Jardim respondeu, a rir: «Não conheço,  nem acho que estejam na clandestinidade».
Na sua opinião, o facto de esses elementos não “darem a cara” é, simplesmente «a estratégia deles».
Confrontado com o facto de já estarem no Facebook, Jardim respondeu que  «se os comunistas, num país livre, podem actuar à vontade, porque é que a  FLAMA não pode?»
Conforme explicou, o movimento em causa não é proibido. «O que o Código  Penal diz é que não podem, por meios violentos e ilegais, defender a  independência. Isso é o que diz a lei. A lei, em Portugal, não proibe o  livre pensamento. Era o que nos faltava agora! A partir do momento em  que há casamentos gay, não pode haverpessoas que pensem a favor da  independência? Pode!».
Imposto extraordinário
Instado a pronunciar-se sobre se tinha ficado surpreendido com o imposto  que representará 50 por cento do subsídio de Natal, anunciado anteontem  pelo primeiro-ministro, Alberto João Jardim respondeu que não.
«Finalmente, há um governo que diz a verdade nua e crua aos portugueses», justificou.
Conforme acrescentou, Pedro Passos Coelho «não andou aqui a vender gato  por lebre, como se fez nas eleições anteriores, o que foi um escândalo»,  disse Alberto João Jardim, lembrando que o governo de Sócrates aumentou  os funcionários públicos, ganhou as eleições e, depois, acabou por lhes  diminuir os salários.
«Eu prefiro um governo que seja cruel, mas que diga a verdade, doque  andarmos aqui e a situação ir piorando cada vez mais», garantiu o  presidente do Governo.
Na sua opinião, o país chegou a um ponto que «ou se enfrenta a situação, ou vai tudo por água abaixo». |  |  |