terça-feira, 30 de agosto de 2011

As forças do mal....

ALBERTO JOÃO JARDIM «As forças do mal não prevalecerão»
Agora que se aproximam eleições regionais, é natural que os situacionistas de Lisboa afiem garras e dentes, queiram mostrar «poder» e «ajustar contas» com os «mal educados» na versão deles, porque os confrontamos na respectiva dogmática histórica de domínio e de guerra que, desde o início de um Império que eles não souberam conduzir nem acabar bem, teve sempre a antipatia dos povos dominados.
A Opinião Pública do Continente, nomeadamente os meios da centralizante Lisboa, se calhar, nos próximos tempos, vão ter a Madeira mais à baila. Em Outubro decorrerão eleições para o Parlamento da Região Autónoma, e da maioria apurada sairá o novo Governo Regional. Noutro qualquer País europeu, onde existam regiões com Poder Legislativo - «Estados regionais» na terminologia do Conselho da Europa – o facto seria de mero acompanhamento noticioso, sem grandes emotividades. Em Portugal onde tudo é «dramático», menos aquilo que pela sua verdade o é, isto da existência de territórios longe do Continente, dotados de Poder Legislativo e órgãos de governo próprios, que procuram sobreviver e trabalhar apesar das contrariedades permanentes a que a Natureza os constrange, choca com o carácter centralista que sempre marcou o Estado português desde a sua Fundação em 1143. Como se, no Continente, também não existissem duas realidades diferentes. Uma, a Lisboa culturalmente incaracterizada na miscelânea de gentes que não lhe conseguiram forjar uma identidade coerente, mas que é sede dos principais poderes políticos e económicos, quase monopólio da actividade e difusão cultural geralmente estrangeiradas, profundamente centralista, sobretudo de concepções mais comerciantes do que produtivas, clara herança fenícia. E o restante Portugal, nas suas sub-regiões. Aliás, as grandes revoluções em Portugal, ou se fizeram contra Lisboa, ou foram impostas de Lisboa ao País. No caso da Madeira, não se trata apenas de a evolução da Autonomia, nestes trinta e cinco anos, ter acabado por produzir um choque civilizacional com o que dominante em Lisboa. É a oposição ao sistema político-constitucional deste regime, é a independência dos seus responsáveis políticos em relação a todas as formas diversas de poder sitas em Lisboa, são os caminhos desenvolvimentistas ao arrepio das ideias dominantes, etc., que provocam difusão de hostilidades através dos meios de influência sobre a Opinião Pública. Nuns casos, hostilidade orquestrada e até paga, noutros mera ignorância, e até noutros sem qualquer convicção, mas para cumprir a agenda rapidamente, em termos de «politicamente correcto». Agora que se aproximam eleições regionais, é natural que os situacionistas de Lisboa afiem garras e dentes, queiram mostrar «poder» e «ajustar contas» com os «mal educados» na versão deles, porque os confrontamos na respectiva dogmática histórica de domínio e de guerra que, desde o início de um Império que eles não souberam conduzir nem acabar bem, teve sempre a antipatia dos povos dominados. Ora, em Lisboa e julgando que têm uns «cérebros» aqui na Oposição madeirense, ou mesmo sabendo que não têm, mas confortados com o controlo da comunicação «social» para fazer «sangue», ei-los a querer intervir e a ajustar contas com os «rebeldes» da Madeira. Peças desse xadrez são também os cá «correspondentes» de alguns meios de comunicação social de Lisboa, RDP/RTP e alguns semanários e jornais diários. É sempre a mesma coisa, quando há eleições na Madeira. Porque, em Lisboa, até nisto as coisas não são feitas com rigor. A começar por sustentarem uma Oposição regional que, caso único em Portugal e nas Democracias europeias, farta-se de perder eleições mas não deixam entrar novos dirigentes nos seus Partidos, são sempre os mesmos, não querem perder os lugarzinhos profissionalizantes que o método de Hondt lhes vai deparando. Depois esquecem que, dada a pequenez do território, aqui praticamente todos se conhecem. Sabe-se quem é quem, qual a respectiva militância político-partidária mesmo que refugiada numa carteira profissional de «jornalista», sobretudo quais os «interesses» económicos, mas também de outras naturezas, que estão por detrás dos meios de comunicação social. Esquecem que grande parte do pessoal que vota na Madeira, sabe o que está por detrás de cada órgão de «informação» do Continente. Muito poucos compram tal imprensa escrita e, quando vêm ou ouvem audiovisuais, já estão «de pé atrás», porque sabem «o que a casa gasta» lá por Lisboa. Isto explica porque é que a «política de Lisboa», gastando o dinheiro que tem gasto ao longo de todos estes anos a hostilizar a política madeirense – em vez de um diálogo democrático que respeite o Direito à diferença – nunca conseguiu os seus intentos. O que é de ficarem raivosos, até temos a Caridade cristã de o compreender. E, se Deus quiser – como bufam os «laicos» em relação a esta expressão!... – se Deus quiser, também desta vez «as forças do mal não prevalecerão».