quinta-feira, 4 de agosto de 2011

LUÍS FILIPE MALHEIRO Descaramento e ingenuidade O que passa a ser escandaloso é que, por exemplo, já depois das eleições a Caixa Geral de Depósitos, ao mesmo tempo que estuda encerrar balcões e admite poder prescindir de cerca de 5.000 a 6.000 funcionários, tenha contratado para lugares de topo mais de 250 pessoas. O pior que me podem fazer, é julgarem que me "comem" por parvo. Pior do que isso é haver quem julgue que pode enganar os portugueses ou que discursos da treta, no pressuposto de que eles são assimilados pelas pessoas como verdades absolutas, sem que estas se interroguem. Vem este comentário a propósito do facto de esta semana o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, segundo a comunicação social relatou, ter referido que o governo "vai além do previsto no programa da ‘troika’, prevendo cortar 30% dos cargos dirigentes", mais do que os 15% exigidos pela "troika" no memorando de entendimento. Numa entrevista à RTP, o ministro da Economia, garantiu que vai "diminuir muito os cargos dirigentes e as regalias". E sublinhou: "Vamos ter menos “jobs” para os boys". Há uma coisa que os políticos, sejam eles ministros ou não, devem, ter presente quando estão no poder: nos momentos de crise, de ansiedade, de frustração ou de ameaça de instabilidade social, os "estados de graça" dos governos e/ou dos partidos, terminam rapidamente. Muitas vezes sem que os governantes disso se apercebam. Sobre esta questão, recordo quer já depois das eleições, foi noticiado ter a responsável regional do CDS-PP em Beja, afirmado a uma rádio local que “este é o momento dos militantes do seu partido correrem atrás de lugares”, contrariando a versão oficial do discurso eleitoralista dos dois partidos da coligação apontando em direcção diferente. Não tenho nada, e esclareço já como questão prévia, contra esta redução de lugares, para que a gordura do Estado seja reduzida. Incontornavelmente tenho a consciência de que teremos que tomar, a todos os níveis, medidas concretas neste domínio. É apenas uma questão de tempo e de escolha da oportunidade. Segundo aquela dirigente centrista, Sílvia Ramos, "compete aos militantes do seu partido estar nos devidos lugares, proporcionalmente ao peso político do CDS e porque o partido tem isso legitimado pelos votos que obteve. Este é o momento de se correr atrás de lugares"... Até aqui tudo bem. O que passa a ser escandaloso é que, por exemplo, já depois das eleições a Caixa Geral de Depósitos, ao mesmo tempo que estuda encerrar balcões e admite poder prescindir de cerca de 5.000 a 6.000 funcionários, tenha contratado para lugares de topo mais de 250 pessoas, mais parecendo que em vez de estarmos a falar de um banco - e estamos - estamos perante o que facilmente se confunde com uma espécie de "galinheiro" do poder, que o utiliza em função das suas necessidades. Mais vergonhosa é a postura, politicamente criminosa, de alguns governadores civis socialistas, que já sabiam que não continuariam nos cargos, até porque não passam de figuras políticas, muitas delas colocadas nos lugares depois de terem perdido as eleições autárquicas às quais se candidataram pelo PS ou porque não foram eleitas para a Assembleia da República em 2009. Segundo a comunicação social, António Galamba, dirigente socialista do PS e ex-governador civil de Lisboa, "assinou um despacho de nomeação depois das legislativas de 5 de Junho, quando já corriam rumores da extinção daqueles organismos. Nos governos civis de Faro e de Viseu, a poucos dias do escrutínio eleitoral, foram contratados chefes de gabinete para os governadores. Foi precisamente no dia 14 de Junho que António Galamba assinou um despacho, publicado em Diário da República, a autorizar a nomeação de uma licenciada para secretária do Governo Civil de Lisboa. Isto, apesar de ser do conhecimento geral que as mudanças de Executivo implicam sempre renovação de mandatos. Para além disso, já nesta altura se ouviam rumores da intenção por parte do novo Governo de extinguir estes organismos". Não deixa de ser curioso que o ex-governador civil de Lisboa, que foi também director de campanha de António José Seguro a secretário-geral do PS, tenha recusado fazer mais comentários sobre esta matéria ao Correio da Manhã, "defendendo a existência de uma campanha contra os governos civis". De acordo com a mesma notícia, “a 11 de Maio, dias antes das eleições, também os então governadores civis de Faro e Viseu procederam a várias nomeações, indica o Diário da República. Carlos Silva Costa, de Faro, nomeou para o gabinete pessoal uma secretária, um chefe de gabinete e uma adjunta. Já Mónica Costa, do Governo Civil de Viseu, admitiu uma secretária e um chefe para o gabinete de apoio pessoal”. Recordo que o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, anunciou a decisão de não nomear novos governadores civis na cerimónia de tomada de posse do novo Governo, a 21 de Junho. Ou seja, contrastando com o poder e os seus pruridos, os socialistas escorraçados do poder pelo voto soberano do povo, deram mais uma prova da isenção e da honestidade de uma governação socialista politicamente corrupta e mentirosa, que durante mais de seis anos enganou o país e o seu povo, levando-nos para o abismo onde nos encontramos. De facto, o descaramento socialista não tem limites. http://ultraperiferias.blogspot.com