|   Entre  muitas outras fantasias despesistas, a “esquerda” folclórica inventou  um “acordo ortográfico” que se trata de mais um rude golpe na Língua  Portuguesa.    É preciso ser muito inculto para não perceber a evolução linguística.  Esta resulta de uma criatividade dos próprios Povos, inteligentemente  evoluindo em função do tratamento verbal dado às modificações que se vão  operando no meio envolvente, hoje até de escala global.
  A legislação não deve tolher esta liberdade e impôr estereótipos  absolutamente desfasados das realidades. Pois se até se podem considerar  inconvenientes e anti-criativos, certos fundamentalismos na aplicação  das regras gramaticais!...
  Agora, por decreto, impôr modos de falar e de escrever que não se  praticam, que obrigam a uma nova aprendizagem absurda, sem sentido, pura  perda de tempo, aí temos a concepção socialista no seu melhor, o Estado  a impôr, só porque quer por-que quer.
  Recuso-me a falar e a escrever, em termos de expressar idiotices.
  O que até outros países de língua oficial portuguesa, nem sequer um  mínimo de importância vêm dando. Mas os patêgos da “esquerda” portuguesa  acocorada, subservientemente adoptaram representações de linguagem e da  escrita, vindas desses mesmos países, muitas nem aí podendo ser  consideradas “regras” gramaticais, fonéticas ou gráficas.
  A velha “solidariedade revolucionária” dos tempos da “abrilada”,  revoluções que foram ao ar com a implosão dos soviéticos e, nalguns  casos, se transformaram em cleptocracias.
  Tal “solidariedade”, traduzida por “cooperação” na terminologia dos  interessados nos dinheiritos dos contribuintes portugueses, começou por  ser um “vê se te avias” nos muitos milhões que eram doados ou  “perdoados” às excolónias, cujo destino vá lá se saber para quê.
O que se viu, é que outros países europeus, e não só, como o caso dos  chineses, entretanto foram fazendo excelentes negócios, enquanto nós  soletrávamos umas tiradas parôlas, numa exibição de complexos de  colonizador, absolutamente injustificados.
A parte deste espanto, qualquer coisa que fosse canalizada para  investimentos em território nacional fora de Lisboa, era logo  estigmatizada ou objecto de polémicas dolosas e patetas.
  Um “tratado”, este País!...
  Até que a torneira foi ficando sêca.
  Passou igualmente a faltar dinheiro para a “cooperação” sem retorno e a  haver mais pudor em “perdoar dívidas”, se é que elas já não estavam  todas “perdoadas”.
  Então, toca a inventar esta do “acordo ortográfico”, sem qualquer  fundamentação científica e de ordem prática, nesta Democracia que às  vezes parece não assentar na soberania do Povo português.
  Curiosamente, o maior “entusiasmo” verificou-se nas habituais  “capelas” diletantes, na Pátria da Língua-Mãe, enquanto que outros, por  exemplo o Brasil, pouco lhe ligam.
  Até a Língua se vende ou troca! E por decreto!
  Só que as criaturas que brincaram com tudo isto, como é peculiar a  esse tipo de gente esqueceram-se que Portugal, a quem é exigido  teoricamente o maior esforço no “acordo”, anda a ser considerado “lixo”  em termos financeiros, ainda que injustamente.
  E a pergunta que se coloca em momento tão difícil para a vida da  grande maioria dos Portugueses, “castigo” por terem embalado na  religião  laica ou clubista do “socialismo”, é se há dinheiro, neste  momento, para se gastar nas inúmeras transformações e materializações  que tal “acordo ortográfico” implica.
  Como se pergunta qual o fundamento linguístico e científico para a  imposição de tais transformações, muitas destas claramente absurdas.
  E ainda se pergunta sobre a existência de condições práticas para tal materialização.
  Terminando com uma pergunta sensata. Nestes novos tempos, porque não  se pára, para rever tudo isto com um bom-senso abrangente?
ALBERTO JOÃO JARDIM   |