quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Vinho Madeira

"Vinho da roda" embarcou na Sagres e regressou "melhorado"

Actualizado há 6 horas e 33 minutos
Lusa
Foto: Arquivo
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O barril de Vinho Madeira que viajou mais de um ano a bordo do navio-escola Sagres comprovou a veracidade da epopeia do "vinho da roda", quando os tonéis eram enviados nos porões até à Índia para apressar o processo de envelhecimento.

Esta foi uma iniciativa desenvolvida pelo Instituto do Vinho, Bordado e Tapeçarias da Madeira (IVBAM) que contou com a colaboração do comandante do navio-escola Sagres que concordou em fazer uma escala especial na baía do Funchal, a 22 de Janeiro de 2010, para receber um barril de 55 litros da casta Malvasia, no âmbito de uma viagem à volta do mundo.

O "barril foi transportado até à Sagres numa embarcação tradicional da Madeira e demos inicio a esta recriação da grande epopeia do vinho da roda", recorda a presidente do IVBTM, Paula Cabaço.

No século XVIII, "os comerciantes do Vinho Madeira aperceberam-se que quando enviavam o vinho no porão dos navios até à Índia e este não era vendido, quando regressava vinha melhorado".

"Era um vinho muito valorizado, por isso passaram a embarcar as pipas com o único propósito de fazer a viagem até a Índia e regressar para ser vendido por preços muito mais elevados", acrescenta.

Paula Cabaço destaca o "simbolismo em termos históricos e culturais" desta iniciativa porque permitiu "mostrar aos mais novos um capítulo da história do vinho e da própria Madeira, daí o cuidado da escolha ter sido a casta Malvasia, introduzida pelo Infante D. Henrique que é a figura de proa da Sagres".

Segundo a responsável do IVBAM, com este evento os madeirenses "tiveram a oportunidade de regressar ao passado, ao século XVIII, na altura em que os Oceanos Indico e Atlântico se tornaram adegas flutuantes".

Paula Cabaço frisa que o barril passou por mais de 20 países, o que foi também uma ocasião para ser promovido, alguns dos quais o Vinho Madeira tem expressão em termos e relações comerciais, casos dos Estados Unidos da América, Japão e Brasil.

O barril enviado na 'Sagres' regressou à Madeira mais de um ano depois, a 25 de Fevereiro deste ano, transportado num navio patrulha da Marinha e "foi sujeito a apreciação, uma prova cega, por parte do painel de provadores de câmara do IVM", disse à Lusa.

"Achámos piada e ficamos satisfeitos quando vimos a nota de prova feita por esse painel de provadores que e detectaram que havia diferenças, porque o vinho que viajou na Sagres estava com um "bouquet" mais complexo, estava mais incorporado", salienta.

Paula Cabaço garante que constaram existir "sinais que houve evolução do vinho, ou seja aquilo que no passado faziam, enviando o vinho para dar a volta ao mundo para que envelhecesse mais rapidamente".

"Nunca duvidamos do passado, mas achamos curioso e ficamos satisfeitos com a nossa epopeia do século XXI", concluiu.