|                                                                     |                                                                                 |                                                                                     | O  vice-presidente do Governo Regional acusou ontem os que foram  “coniventes” com a “intolerável discriminação contra a nossa a Região“  de”corromper e falsear a história, imputando-nos responsabilidades  colectivas que não temos, procurando manipular a opinião pública,  invertendo por completo os acontecimentos”.
 |  |          | O vice-presidente do Governo Regional, João Cunha e Silva,  presidiu ontem à sessão solene comemorativa do 510.º Aniversário do  Concelho da Ponta do Sol.
Após o hastear das Bandeiras de Portugal e da Região, junto aos Paços do  Concelho, segui-se a cerimónia solene no Centro Cultural John dos  Passos com intervenções do vice-presidente do Governo Regional e do  presidente da Câmara Municipal da Ponta do Sol, Rui Marques.
No seu discurso, Cunha e Silva  começou por sublinhar a importância da  data, realçando ser uma honra estar a presidir à sessão solene “e  festejar conjuntamente com a população” do Concelho “um dia que é tão  especial e significativo”.
Após lembrar a transformação que o Concelho teve nos últimos anos, o  vice-presidente do Governo Regional realçou ser esta “actualmente uma  terra de franco desenvolvimento” e de “novas oportunidades”.
Depois de realçar ser “já um lugar comum ouvir-se dizer que atravessamos  tempos muito difíceis” e “ser certo que o momento que vivemos é de  grande constrangimento”, Cunha e Silva sublinhou “ser a altura certa  para lembrar que aqui na Madeira já andamos a experimentar sérias  dificuldades, sobretudo desde 2007, ano em que o Governo da República de  então nos subtraiu, injustamente, verbas que eram ensenciais para  dinamizar a nossa economia e assegurar os compromissos entretanto  assumidos”, isto “enquanto no restante território nacional continuaram a  abundar verbas que invariavelmente privilegiavam apenas Lisboa e o  dinheiro que nos foi sonegado servia para beneficiar, de forma  desproporcionada, as regiões que eram afins politicamente”.
Assim, acusou “alguns daqueles que foram então coniventes com esta  intolerável discriminação contra a nossa Região” de surgirem agora “a  corromper e a falsear a história, imputando-nos responsabilidades  colectivas que não temos, procurando manipular a opinião pública,  invertendo por completo os acontecimentos”.
“Não admitimos nem vamos tolerar que tendo sido obrigados a assistir ao  agravar da nossa situação financeira por motivos puramente políticos e  muito antes da conjuntura internacional afectar os mercados e a economia  portuguesa se venha agora defender que os madeirenses têm de ajudar o  país mas, simultaneamento, deverão ser impedidos de ser ajudados. Até  parece que a troika entrou em Portugal  por nossa causa. E quem os houve  detecta o insuportável cinismo de quem branqueia a triste situação a  que chegou o País, para que os portugueses se distraem com a Madeira e  arranjem um bode expiatório para a triste sina lusitana”.
Neste âmbito, o vice-presidente do Governo Regional disse estar a Região  empenhada em “contribuir para uma verdadeira solução nacional que  retire Portugal da degradante  situação em que este se encontra”,  destacando no entanto que “sendo solidários, não deixaremos de trabalhar  e lutar  nos dois meses que nos faltam para terminar o mandato para  defender sempre com empenho a nossa Região  e os seus habitantes,  assegurando ao mesmo tempo que continua a pautar as suas políticas na  procura permanente da melhor justiça social, dando prioridade e especial  atenção aquels que mais necessitam e precisam da nossa ajuda”.
“Será errado se nos deixarmos cair na tentação de apenas procurar  cumprir a exigência  dos números aplicando as medidas avançadas pelas  instituições internacionais numa lógica puramente contabilística”,  sublinhou ainda.
“O momento difícil por que passam as pessoas e as suas famílias, os  empresários e as empresas devem continuar a merecer da nossa parte o  máximo do nosso empenho, levando a que nos dediquemos ainda mais de modo  a minorar as dificuldades sentidas e os efeitos provocados pela  conjuntura adversa”, acentuou Cunha Silva, lembrando o auxílio concedido  a 775 empresas, num montante global de 71,7 milhões de euros, e o facto  de entre 2010 e 2011 terem sido constituídas na Madeira 1287 empresas.
Realçou a aposta efectuadas nas áreas da energia e da inovação, com “uma  aposta clara nas energias renováveis” que “permitirá uma significativa  poupança em termos de verbas actualmente gastas na importação de  matérias primas”.
João Cunha e Silva referiu ainda que a Região contraiu uma dívida   “porque aproveitamos no tempo certo as oportunidades que tivémos para  desenvolver a Madeira”, sublinhando que “a nossa dívida está à vista,  vê-se, é palpável, está erigida” e “é diferente de outras que os  portugueses têm dificuldade em discernir”.
“Mas ao mesmo tempo poupamos, apostando no que é nosso, evitando  importar milhões de euros, por exemplo, em fuel, o que garantirá menos  dependência em relação ao exterior”, realçou.
Revisão do PDM vai avançar
Por seu lado, no seu discurso, o presidente da Câmara Municipal da Ponta  do Sol após saudar as presenças do vice-presidente do Governo Regional e  do vice-presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, Paulo Fontes,  aproveitou para pedir a João Cunha e Silva que seja levado a conselho de  Governo a necessidade de colocação de semáforos com limite de  velocidade na via que atravessa o Lugar de Baixo “para salvaguardar  vidas humanas e a boa reputação do comércio daquela localidade”.
Falando das perspectivas de futuro, Rui Marques apontou “um cenário de  muitas dificuldades e de muito esforço de contenção e redução da  despesa” e de “muito trabalho”, destacando a necessidade de “gerir com  enorme eficácia e rigor todos os recursos financeiros que temos e que  iremos ter ao nosso dispor”.
O edil realçou, assim, que “as directrizes deste executivo camarário  serão pautadas pelo rigor e pela exigência, continuando a apostar em  duas áreas muito importantes: primeiro, na vertente social” e “segundo,  na construção de pequenas acessibilidades”.
Quanto à actividade municipal,  adiantou haver “uma promessa” que espera  poder concretizar “ou pelo menos avançar, de forma decisiva até ao  final deste ano, que é a revisão do PDM”.
“Temos pela frente tempos difíceis, de muito sacrifício, trabalho e  espírito de missão, mas acima de tudo, é preciso muita união,  compreensão, solidariedade e trabalho de equipa”, concluiu Rui Marques. |  |  |