sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Tragédia Lusitana

João Cunha e Silva critica os que tentam imputar à Região a responsabilidade pela situação do país
Querem um bode expiatório para a triste sina lusitana
O vice-presidente do Governo Regional acusou ontem os que foram “coniventes” com a “intolerável discriminação contra a nossa a Região“ de”corromper e falsear a história, imputando-nos responsabilidades colectivas que não temos, procurando manipular a opinião pública, invertendo por completo os acontecimentos”.
O vice-presidente do Governo Regional, João Cunha e Silva, presidiu ontem à sessão solene comemorativa do 510.º Aniversário do Concelho da Ponta do Sol. Após o hastear das Bandeiras de Portugal e da Região, junto aos Paços do Concelho, segui-se a cerimónia solene no Centro Cultural John dos Passos com intervenções do vice-presidente do Governo Regional e do presidente da Câmara Municipal da Ponta do Sol, Rui Marques. No seu discurso, Cunha e Silva começou por sublinhar a importância da data, realçando ser uma honra estar a presidir à sessão solene “e festejar conjuntamente com a população” do Concelho “um dia que é tão especial e significativo”. Após lembrar a transformação que o Concelho teve nos últimos anos, o vice-presidente do Governo Regional realçou ser esta “actualmente uma terra de franco desenvolvimento” e de “novas oportunidades”. Depois de realçar ser “já um lugar comum ouvir-se dizer que atravessamos tempos muito difíceis” e “ser certo que o momento que vivemos é de grande constrangimento”, Cunha e Silva sublinhou “ser a altura certa para lembrar que aqui na Madeira já andamos a experimentar sérias dificuldades, sobretudo desde 2007, ano em que o Governo da República de então nos subtraiu, injustamente, verbas que eram ensenciais para dinamizar a nossa economia e assegurar os compromissos entretanto assumidos”, isto “enquanto no restante território nacional continuaram a abundar verbas que invariavelmente privilegiavam apenas Lisboa e o dinheiro que nos foi sonegado servia para beneficiar, de forma desproporcionada, as regiões que eram afins politicamente”. Assim, acusou “alguns daqueles que foram então coniventes com esta intolerável discriminação contra a nossa Região” de surgirem agora “a corromper e a falsear a história, imputando-nos responsabilidades colectivas que não temos, procurando manipular a opinião pública, invertendo por completo os acontecimentos”. “Não admitimos nem vamos tolerar que tendo sido obrigados a assistir ao agravar da nossa situação financeira por motivos puramente políticos e muito antes da conjuntura internacional afectar os mercados e a economia portuguesa se venha agora defender que os madeirenses têm de ajudar o país mas, simultaneamento, deverão ser impedidos de ser ajudados. Até parece que a troika entrou em Portugal por nossa causa. E quem os houve detecta o insuportável cinismo de quem branqueia a triste situação a que chegou o País, para que os portugueses se distraem com a Madeira e arranjem um bode expiatório para a triste sina lusitana”. Neste âmbito, o vice-presidente do Governo Regional disse estar a Região empenhada em “contribuir para uma verdadeira solução nacional que retire Portugal da degradante situação em que este se encontra”, destacando no entanto que “sendo solidários, não deixaremos de trabalhar e lutar nos dois meses que nos faltam para terminar o mandato para defender sempre com empenho a nossa Região e os seus habitantes, assegurando ao mesmo tempo que continua a pautar as suas políticas na procura permanente da melhor justiça social, dando prioridade e especial atenção aquels que mais necessitam e precisam da nossa ajuda”. “Será errado se nos deixarmos cair na tentação de apenas procurar cumprir a exigência dos números aplicando as medidas avançadas pelas instituições internacionais numa lógica puramente contabilística”, sublinhou ainda. “O momento difícil por que passam as pessoas e as suas famílias, os empresários e as empresas devem continuar a merecer da nossa parte o máximo do nosso empenho, levando a que nos dediquemos ainda mais de modo a minorar as dificuldades sentidas e os efeitos provocados pela conjuntura adversa”, acentuou Cunha Silva, lembrando o auxílio concedido a 775 empresas, num montante global de 71,7 milhões de euros, e o facto de entre 2010 e 2011 terem sido constituídas na Madeira 1287 empresas. Realçou a aposta efectuadas nas áreas da energia e da inovação, com “uma aposta clara nas energias renováveis” que “permitirá uma significativa poupança em termos de verbas actualmente gastas na importação de matérias primas”. João Cunha e Silva referiu ainda que a Região contraiu uma dívida “porque aproveitamos no tempo certo as oportunidades que tivémos para desenvolver a Madeira”, sublinhando que “a nossa dívida está à vista, vê-se, é palpável, está erigida” e “é diferente de outras que os portugueses têm dificuldade em discernir”. “Mas ao mesmo tempo poupamos, apostando no que é nosso, evitando importar milhões de euros, por exemplo, em fuel, o que garantirá menos dependência em relação ao exterior”, realçou. Revisão do PDM vai avançar Por seu lado, no seu discurso, o presidente da Câmara Municipal da Ponta do Sol após saudar as presenças do vice-presidente do Governo Regional e do vice-presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, Paulo Fontes, aproveitou para pedir a João Cunha e Silva que seja levado a conselho de Governo a necessidade de colocação de semáforos com limite de velocidade na via que atravessa o Lugar de Baixo “para salvaguardar vidas humanas e a boa reputação do comércio daquela localidade”. Falando das perspectivas de futuro, Rui Marques apontou “um cenário de muitas dificuldades e de muito esforço de contenção e redução da despesa” e de “muito trabalho”, destacando a necessidade de “gerir com enorme eficácia e rigor todos os recursos financeiros que temos e que iremos ter ao nosso dispor”. O edil realçou, assim, que “as directrizes deste executivo camarário serão pautadas pelo rigor e pela exigência, continuando a apostar em duas áreas muito importantes: primeiro, na vertente social” e “segundo, na construção de pequenas acessibilidades”. Quanto à actividade municipal, adiantou haver “uma promessa” que espera poder concretizar “ou pelo menos avançar, de forma decisiva até ao final deste ano, que é a revisão do PDM”. “Temos pela frente tempos difíceis, de muito sacrifício, trabalho e espírito de missão, mas acima de tudo, é preciso muita união, compreensão, solidariedade e trabalho de equipa”, concluiu Rui Marques.