Alguns dos povos semitas, como
os egípcios, os assírios e os
babilônicos, tinham uma grande
civilização e contaram com sistema
de escrita próprios e bem
estabelecidos. Outros povos menores,
que viviam no Oriente Médio,
passaram a escrever somente depois
do surgimento da escrita alfabética. A
adaptação do sistema existente a
essas línguas ágrafas procurava
manter as funções das letras, com
variações locais na forma gráfica de
alguns caracteres, mas sem grandes
modificações, como as que ocorreram
entre os gregos.
Em ambos os casos, entretanto,
os usuários da escrita tiveram que
enfrentar o sério problema dos
dialetos. As diferenças dialetais da
língua grega podiam ser reunidas em
grandes grupos: o arcádio, da
Arcádia e de Chipre; o eólio da
Tessália, Beócia e do Norte; o Jônico,
da Ática; e o dórico, do Peloponeso
(exceto Árcadia) e Creta. Por sua
importância histórica e cultural, o
dialeto ático, próprio de Atenas,
prevaleceu e passou a ser conhecido
como koiné, ou seja, “língua
comum”. Posteriormente, a palavra
koiné passou a representar apenas a
linguagem do povo, por oposição à da
elite.
Diante de tal diversidade
lingüística, o alfabeto parecia fadado
a desaparecer, pois já não podia ser
um sistema de escrita útil para uma
sociedade com tanta variação dentro
de uma mesma língua. Mas a escrita
acabou sendo salva pela ortografia.
Com a introdução da noção de
ortografia na escrita alfabética, as
palavras passaram a ser escrita
apenas de uma forma e foi possível
neutralizar as variantes dialetais.
Obviamente, a ortografia de uma
língua depende, basicamente, do seu
prestígio. A língua passa a ter uma
ortografia mais regular e estável
quando surge uma obra clássica
modelar. Foi o que aconteceu com o
grego antigo e, muitos anos depois,
com as línguas derivadas do grego e
do latim.