quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O Alfabeto Grego

Segundo Heródoto, um fenício chamado Cadmos insta lou-se na Boécia, onde fundou Tebas e começou a escrever grego com 16 caracteres fenícios. Conta-se também que, durante a guerra de Tróia, surgiram quatro novas letras, introduzidas por Palamedes. O alfabeto grego teria sido completado pelo poeta Simônides de Ceos (556-468 a.C.) com mais quatro letras. É difícil distinguir a história da lenda. O fato de colocar letras representando consoantes e vogais, umas ao lado das outras, compondo as sílabas, deu ao sistema de escrita o verdadeiro alfabeto. É por isso que muitos estudiosos dizem que o alfabeto propriamente dito foi inventado pelos gregos. Esta afirmação dá ênfase à função das letras na representação dos segmentos das sílabas e deixa de lado, de certo modo, a própria natureza das letras, tal qual existia na escrita semítica. São duas concepções diferentes do que é uma escrita alfabética. No esforço para adaptar à sua língua o sistema de escrita já estabelecido para os fenícios, os gregos seguiram o mesmo princípio acrofônico da escrita fenícia. Começaram adaptando os nomes das letras lendo-os à moda grega. Assim, ale passou a se chamar alfa, beth passou a se chamar beta, e assim por diante. O conjunto das letras recebeu um nome composto pela soma das duas primeiras, ou seja, alfabeto. Algumas letras dos fenícios representavam sons inexistentes em grego. Passaram então, a representar sons que existiam em grego mas não nas línguas semíticas. As novas letras inventadas baseavam-se no estilo gráfico das já existentes. O alfabeto grego passou mesmo a ter letras para mais de um segmento fonético das sílabas, como _ = [dz], _ =[ts], _ = [ks], _ [ps]. É curioso notar que o grego arcaico começou distinguindo a aspiração de sua não-ocorrência através de dígrafos, escrevendo __ para [th] e somente depois a letra _ passou a representar sozinha o som [th], ficando a letra _ para representar [t]. A distinção entre _ e _ diferenciava [k] e [kh]. Sutilezas fonéticas também surgiram nas vogais, com letras diferentes para as breves _ e as longas _ _. O documento mais antigo que temos é a inscrição no vaso Dipylon (entre os séculos IX e X a.C.). Outros exemplos são as inscrições de Yehimelek, Tera, Melos e Creta. Somente no século IV a.C. foram uniformizados os diferentes usos das letras num alfabeto de 24 letras, com uma ortografia estabelecida, formando a escrita do grego clássico. As marcas de acento e alguns sinais de pontuação, acompanhando a escrita das palavras, foram introduzidas por Aristófanes de Bizâncio (250-180 a.C.) e pelo grande Aristarco. O documento mais antigo com essas marcas é o papiro Bacchylides, que data do século I a.C., mas os sinais diacríticos só se tornariam obrigatórios na escrita a partir do século IX de nossa era. O tipo atual dos caracteres gregos foi lançado em 1660 por Wetstein na Antuérpia. Os antigos costumavam escrever as palavras sem separação, emendando umas nas outras. Para evitar ambigüidades, ou simplesmente destacar palavras, usavam um ponto separando-as. Os semitas escreviam em geral da direita para a esquerda. Os gregos começaram a escrever na forma bustrofedom (em grego, “caminho do boi”), compondo uma linha da esquerda para a direita e a seguinte da direita para a esquerda, invertendo a direção dos caracteres, e assim sucessivamente a cada nova linha.