sábado, 18 de julho de 2009

A Origem do Alfabeto(continuação)

Os sistemas silábicos do Oriente Médio vieram da escrita Suméria (iniciada por volta de 3200 a.C.), que se transformou em cuneiforme com o domínio da civilização acadiana (2000 a 600 a.C.). Os dois pólos mais importantes de irradiação dessa escrita foram as civilizações babilônica e assíria da Mesopotâmia. Os acadianos, assim como os egípcios, falavam uma língua semítica, ramo ao qual pertencem hoje o árabe e o hebraico. Um breve exame dessas línguas mostra que, nelas as palavras tem uma formação muito especial, se comparadas às de outros ramos, como o anglo-germânico e o neolatino. Nestes, as palavras apresentam uma idéia central, marcada pela raiz, e idéias adicionais, marcadas por “sufixos” e “prefixos”. Assim a palavra “ilegalmente” tem a raiz “ileg”, que traz a idéia principal, referente a “lei”, o prefixo “i”, que implica uma negativa, e os sufixos “al”, que indica uma qualidade, e “mente”, que se refere a um estado ou modo. Nas línguas semíticas, as palavras trazem a idéia central na combinação de três consoantes. Assim, no árabe, à seqüência KTB é atribuída a idéia central de algo relativo a “escrita”. Outras idéias adicionais são acrescentadas através da inserção de vogais diferentes junto às consoantes, formando-se, desse modo, novas palavras. Por exemplo, katab significa “ele escreveu” kaatib significa “escritor”; kitab significa “livro”. As vogais eram facilmente recuperáveis na leitura, através do contexto. A solução parecia satisfatória, uma vez que, nas línguas semíticas, o sistema fonológico apresenta apenas três fonemas vocálicos: I, U, A. Outras qualidades vocálicas eram facilmente detectáveis a partir de regras tão simples quanto a que, em português, identifica o som do É aberto em “belo”, “bela”, e o do Ê fechado em “Beleza”. O sistema de representação consonantal dos semitas durou milênios: só a escrita egípcia durou três mil anos. É claro que os sistemas de escrita não usam apenas um procedimento de representação. A própria escrita egípcia, basicamente do tipo consonantal, utilizava também símbolos ideográficos, determinativos semânticos e fonéticos.