Os sistemas silábicos do Oriente
Médio vieram da escrita Suméria
(iniciada por volta de 3200 a.C.), que
se transformou em cuneiforme com o
domínio da civilização acadiana
(2000 a 600 a.C.). Os dois pólos mais
importantes de irradiação dessa
escrita foram as civilizações
babilônica e assíria da Mesopotâmia.
Os acadianos, assim como os
egípcios, falavam uma língua
semítica, ramo ao qual pertencem
hoje o árabe e o hebraico.
Um breve exame dessas línguas
mostra que, nelas as palavras tem
uma formação muito especial, se
comparadas às de outros ramos,
como o anglo-germânico e o
neolatino. Nestes, as palavras
apresentam uma idéia central,
marcada pela raiz, e idéias
adicionais, marcadas por “sufixos” e
“prefixos”. Assim a palavra
“ilegalmente” tem a raiz “ileg”, que
traz a idéia principal, referente a “lei”,
o prefixo “i”, que implica uma
negativa, e os sufixos “al”, que indica
uma qualidade, e “mente”, que se
refere a um estado ou modo.
Nas línguas semíticas, as
palavras trazem a idéia central na
combinação de três consoantes.
Assim, no árabe, à seqüência KTB é
atribuída a idéia central de algo
relativo a “escrita”. Outras idéias
adicionais são acrescentadas através
da inserção de vogais diferentes junto
às consoantes, formando-se, desse
modo, novas palavras. Por exemplo,
katab significa “ele escreveu” kaatib
significa “escritor”; kitab significa
“livro”. As vogais eram facilmente
recuperáveis na leitura, através do
contexto.
A solução parecia satisfatória,
uma vez que, nas línguas semíticas, o
sistema fonológico apresenta apenas
três fonemas vocálicos: I, U, A.
Outras qualidades vocálicas eram
facilmente detectáveis a partir de
regras tão simples quanto a que, em
português, identifica o som do É
aberto em “belo”, “bela”, e o do Ê
fechado em “Beleza”.
O sistema de representação
consonantal dos semitas durou
milênios: só a escrita egípcia durou
três mil anos. É claro que os sistemas
de escrita não usam apenas um
procedimento de representação. A
própria escrita egípcia, basicamente
do tipo consonantal, utilizava
também símbolos ideográficos,
determinativos semânticos e
fonéticos.