sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O ALFABETO ROMANO

Os etruscos instalaram-se no centro da Itália por volta do ano 1000 a.C. Uma das poucas coisas que se conhece deste povo é sua escrita, baseada no alfabeto grego. Por volta de 700 a.C., os etruscos começaram a escrever, adaptando à sua língua o alfabeto grego de 21 caracteres que, com o tempo, chegou a ter 26 letras. O documento mais antigo que deixaram é o Cippus Perusianus, do século V a.C. Aos etruscos sucederam os romanos. Roma foi fundada em 753 a.C. e desde sempre manteve vínculos com os gregos. A República Romana começou em 509 a.C. e, em 451 a.C., foi escrita a Lei das Doze Tábuas. A mais antiga inscrição conhecida em latim foi feita em bustrofedom e gravada na “Pedra Preta” do Fórum Romano, por volta do ano 600 a.C. Dos 26 caracteres etruscos, os romanos passaram a usar apenas 21 letras. Algumas sofreram modificações na forma gráfica e, sobretudo, no valor fonético. Depois que houve uma mudança fonética A Origem do Alfabeto Luiz Carlos Cagliari 6 significativa no latim, distinguindo fonemicamente os sons k e g, a letra C, que originariamente representava o g, passou a representar o k; a letra K, que representava o k, caiu em desuso e foi substituída pela letra C. Para representar, então, o som de g, os romanos passaram a anotar a letra C com uma pequena barra vertical na parte inferior, no final da curva, dando origem, assim, à letra G. A invenção do G foi atribuída a Spurius Carvilius Ruga (230 a.C.), Do ipsilon grego, os romanos ficaram apenas com a forma V, representando um segmento labial consonantal ou vocálico. Posteriormente, com a distinção fonêmica entre estas duas realizações, a letra V ficou para o segmento consonantal e a forma arredondada U para a vogal. A forma grega do Y limitou-se à escrita de palavras de origem grega. Alguns eruditos e até imperadores, como Cláudio, tentaram inventar letras para se tornarem famosos, mas nenhuma dessas tentativas deu certo. Os romanos usavam um diacrítico chamado apex para marcar vogais ou consoantes longas (geminadas). Tal uso não era, porém, obrigatório. Esse diacrítico era um acento ou uma vírgula sobre a letra: Í = ii, S = ss. A partir do século II torna-se mais comum o uso da compendia, ou seja, da ligadura para unir duas letras, como A+E – Æ, O + E – OE. As formas gráficas da escrita cursiva desenvolvida pelos romanos alteraram bastante as letras capitais de seus monumentos. Documentos com esse tipo de escrita, chamado pugillares, foram encontrados em Pompéia em 1875. Em 1973, muitas tabuinhas com a mesma forma de escrita foram descobertas no poço de um forte romano em Vindolândia, no norte da Inglaterra. Com o objetivo de seguir o princípio acrofônico já mencionado, os romanos modificavam os nomes das letras. Se a chave para a decifração das letras está em seus nomes, uma vez perdido totalmente o caráter icônico das formas gráficas, já não se precisava mais de nomes com significados especiais para as letras, como no alfabeto dos semitas. Por outro lado, não havia necessidade de adaptar esses nomes à língua, como fizeram os gregos. O mais prático era designar as letras por monossílabos iniciados com o som mais representativo de cada uma delas. Foi assim que as letras passaram a se chamar a, bê, cê, dê, etc. e o alfabeto passou a ter outro nome, em português: “abecê”. Na época de varrão (116-27 a.C.), havia duas maneiras de dizer os nomes de algumas letras: a antiga e uma nova, com um E inicial, seguindo-se o som da consoante, como em EF, EL, EM, EN, ER e ES.