JUCA CIPÓ
Juca cipó vivia em uma cidade do interior, numa pobreza de fazer dó. Juca levantava de madrugada pra tratar da bichaiada e depois ir pra roça trabaiá... Juca não media esforços, dava mio pras galinhas, quirela para os pintinhos e cana de açúcar pras vacaquinhas... Dizia ele que era para o leite ficar docinho!
Dava lavagem para os porcos ficarem gordinhos e quando matava um porquinho, a carne era repartida com os vizinhos.
E por isso ele muito querido na região dos cafundó.
Aos domingo ia pra missa reza pra padinho Cisso pras coisas ficá mió.
Da casa a muié cuidava, levava comida pro juca na roça e cuidava da gurizada... Todos de barriga grande, cara melada, pé discarso que dava inté pena de vê. Mas a mulecada do Juca era um respeito só... O pai oiava e a criança virava pó.
Juca ia pra roça e trabaiava que era de fazê dó... A noite ia pro Ribeirão pescá de anzó. Pegava bagre, lambari e pexe cipó... Mas, o apelido de cipó do Juca num foi pro causa disso, não.
Juca só um medo na vida, que era de encontrá a marvada pessonhenta... Coitado dele, trabaiava com o peito apertado, merrendo de medo de incontrá com a danada.
Ele era memo assombrado, quarque coisa ele baquiava... Um dia carpino o cafezá, Juca suava i fidia iguar gambá. E dirrepente arguma coisa passô na perna de juca... Ele jogô pra longe a inchada e perna pra que ti tenho... De Juca só inxergava o vurto correndo no cafezá. O que o Juca num sabia que o que ele achô que era uma cobra; era só um cipó...
Foi intão que passaram a chamá o Juca, de Juca cipó... Eita home bão, pra daná!
Poetisa Léo Lima