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Artigo de Opinião de : Gilberto Teixeira
                          | É difícil perceber hoje o que 
aconteceu a certos anjos políticos selvagens nas semanas que antecederam
 as eleições. Houve gestos, atitudes, acções e muita, mas mesmo muita 
mentira e ofensa pessoal e cívica. Isto demonstra que há quem saiba 
chorar convulsivamente, despertando a piedade alheia, depois de ter 
vivido dias, meses, anos, adormecido pelo dinheiro fácil que ganhou, de 
forma resignada à situação, e acomodado que nem um insidioso fascista.
 Cansados de serem duplos ou segundos planos, viraram a casaca, tornaram 
num inferno a vida deles, e por despeito, ódio e raiva de quem não é 
capaz de trabalhar seriamente e afirmar-se no seio desta comunidade, 
infantilmente, e de modo desesperado e inócuo, falhos de coragem, 
dedicam-se à mascarada ignóbil. Passaram a ser detestáveis, uns 
pequeninos monstros, cuja aura de antipatia concita apenas a admiração 
de outros falhados ou invejosos. Os conscientes desprezam.
 Quiseram que a ilha à custa deles se transformasse em Região subalterna 
de Portugal, com essa preciosa ajuda das televisões nacionais, que 
perante visões ideologicamente contrárias dos seus chefes, vieram aos 
magotes, mostrar que são diferentes dos magarefes que estão nas 
instalações de Santo António. A RTP trouxe vários elementos que 
produziram ao longo de semanas, repetidas cenas e acontecimentos, tudo 
sob a capa de critérios jornalísticos objectivos. Custa1 milhão de 
euros/dia.
 Alguém na dita esquerda ficou inteiramente satisfeito e tranquilo com as
 reportagens realizadas? Será que eles deram a ajuda pretendida para 
desviar votos de Alberto João para outros? Não se sabe. Ninguém consegue
 saber o que agradou mais aos madeirenses na hora de votar. Se as 
mentiras descaradas duma oposição infrene e sucessivamente desmentidas 
pelos visados (governo e outras instituições), se o estilo deste ou 
daquele candidato, se as características pessoais dos concorrentes, ou 
se pela imagem pública de alguns, condicionada por opções e factos da 
sua vida particular? Ninguém sabe. Os sociólogos também não explicam.
 Houve anjos políticos selvagens, entre anjolas de todo o género. 
Sinceramente, também não percebi a falta de actuação da PSP para exigir o
 cumprimento da lei, a candidatos desordeiros, que se atreveram a 
colocar a viatura em que se faziam transportar, em cima dos passeios, ou
 nas placas da Avenida Arriaga. Tenho bons olhos para a PSP, mas 
confesso que até explicarem este atropelo, vejo aquela corporação com 
outros olhos.
 Atenção que não me aqueceu, nem arrefeceu, o facto de haver pessoas que 
disseram coisas desagradáveis, atacando, como seria lógico esperar, as 
figuras do Governo, particularmente o Presidente do Governo Regional, 
que não sendo santo, teve momentos em que se excedeu. Cada um seduziu o 
eleitorado conforme quis e lhe apeteceu, e isso transbordou para as 
televisões e para as páginas dos jornais, conforme a lisura de 
tratamento dos que são comunicadores sociais por excelência ou 
ideologia.
 A relação mais correcta entre a PSP e a população, nomeadamente nestas 
situações é evitar confrontos e rebeldias. Mas pactuar com atropelos à 
lei, não contribui para a confiança que nos merece a Polícia, pelos 
relevantes serviços que presta, e pela forma objectiva de servir as 
pessoas, e garantir-lhes isenção e segurança, não pactuando com actos 
incorrectos.
 Espero que haja reflexão séria e mudança de comportamentos. Quem foi 
eleito não se pode permitir a devaneios ou desvios de linguagem. A 
Assembleia Legislativa da Madeira acolhe a partir de agora, 
representantes de partidos políticos com responsabilidades acrescidas. 
Irreflectidamente, alguém disse que não apresentava propostas, porque 
não acreditava na Assembleia que é a verdadeira casa da democracia e da 
Autonomia.
 Bem sei que há eleitores mais politizados que outros. Mas o absurdo 
eleitoral existe para mal dos nossos pecados, e aquilo que foi o 
apuramento deve ser aceite sem rebuço. Afinal o povo sabe o que faz. Na 
Madeira existe um só grande partido. Os restantes são fragmentações, que
 os próprios, um dia, perceberão que lhes compete diagnosticar o que os 
diferencia, e não o que são semelhanças.
 Temos quatro anos para definir e decidir quem são as figuras de primeiro
 plano de cada um dos partidos representados no Parlamento Regional, na 
medida em que estas tendem a ser apagadas. O drama das substituições não
 se coloca em nenhum partido. Existem os Congressos e as Convenções para
 decidir quem é líder quando esse tempo chegar. Será sempre encontrado 
um homem carismático para ocupar a liderança seja de que partido for. Há
 descontentamento à esquerda, à direita ou ao centro.
 Não queremos uma Região aparentemente democrática. Queremos uma Região 
Autónoma, verdadeiramente democrática, onde os representantes do povo 
terão de realizar os seus programas sem ofensas indesejáveis, 
intolerâncias ou abusos de qualquer espécie. Cabe aos líderes moderar a 
agressividade da linguagem, porque foram eles que exacerbaram os debates
 em campanha eleitoral. O fulcro de todas as atenções esteve na Madeira,
 muito mais tempo que o necessário. Há discursos demagógicos que só 
servem para inflamar os ânimos. E humorismos descabidos.
 Vivemos uma era diferente, com essências diferentes. As gerações são 
outras, pelo que as referências também são outras. Há que viver com 
realismo e sem excessos de nenhuma espécie. Basta de confrontos imbecis.
 De palhaçadas que retiram dignidade a quem as concretiza pelo facto de 
estarem culturalmente bestializados.
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