domingo, 23 de outubro de 2011

Fantasmas...


GILBERTO TEIXEIRA
O fantasma continental
 

Realizadas as eleições, escolhidos livremente os representantes dos partidos na Assembleia Legislativa Regional, deixámos de poder fugir aos nossos problemas. Não vale a pena lançar mão de expedientes dilatórios, e fechar o ciclo do fantasma continental. Os socialistas que governaram Portugal, durante onze dos últimos treze anos, são os únicos responsáveis por nos terem atolado no pântano. Porque foram eles que deixaram à rédea solta Sócrates e Teixeira dos Santos mais os seus apaniguados.
A dívida do País está a ser paga por todos os portugueses, vivam nas ilhas ou no Continente. Vergonhosamente, na passada quinta-feira, os socialistas, quiseram influenciar o acto eleitoral da Madeira, realizando no Parlamento Nacional uma sessão para discutir a dívida da Madeira com o Ministro das Finanças. A representante dos socialistas madeirenses, colaborou, como suplente do titular, naquele Parlamento, com a farsa anti-democrática e foi derrotada nos seus argumentos.
O Ministro Gaspar, acabou por clarificar o caso da alegada ocultação de dívida na Madeira, sublinhando que um relatório do Tribunal de Contas de Abril de 2011 dava conta da verdadeira situação das contas da Madeira, e nessa altura, quem governava em Portugal, eram os socialistas. Vamos lá saber a razão do governo socialista ignorar o relatório do Tribunal de Contas, quando discutiu a dívida portuguesa com a troika? HUUM!
Mas essas são contas de outro rosário, que o novo Governo Regional da Madeira depois de tomar posse terá de analisar. O que importa é como discutir com os que diziam no PSD nacional que iam cortar nas despesas e evitar tocar nas receitas. Como haverá outro estilo de governação, até podem cortar no número de deputados lá e cá; na agregação de Juntas de Freguesia ou até de Municípios. Se não fizerem lá, também fazem aqui.
Há coisas que carecem de moralização. Diminuir o número de Secretarias e Direcções Regionais, no próximo Governo, como foi admitido pelo próprio dr. Alberto João serve para cortar despesas. Mas há outras situações que certamente não deixarão de ser consideradas. Só que tem de haver total colaboração das pessoas. Aqueles que estão agarrados aos lugares como lapas à rocha, à espera que seja o líder ou o Presidente do Governo Regional a mandá-los embora, façam favor de poupá-lo.
Espero que tenham o bom senso de viver a reforma na plenitude. Alguns estão capazes de fazer uma perninha, em consultórios médicos, escritórios disto e daquilo. Pois que o façam. Mas abram caminho a gente com outros horizontes, outras mentalidades. A Madeira necessita de rejuvenescer em vários domínios, sem perder os mais experientes. Não necessita é de ter pessoas que se acham imprescindíveis, porque dessas estão os cemitérios cheios.
Bem sei que não é fácil tomar certas decisões. Perdem-se mordomias. Mas haja decência e carácter. Isto não é um quintal onde cada um planta o que quer. Há mais vida para além de certas figuras públicas que já deram o seu contributo à Madeira. Quem está em patamares acima da idade da reforma deve sair e não esperar que seja alguém a prescindir dos seus serviços. Não quer dizer que não tenham vitalidade para o trabalho. Nada disso. Quer dizer que é bom dar exemplos aos mais jovens e dedicar-se a outras coisas que não à política.
A actuação dos que estão na política actualmente requer pessoas com mais técnica e menos política. Mais eficiência e eficácia, gente menos palavrosa e mais activa e empreendedora. Estudiosos e disponíveis para enfrentar desafios. Há quadros excelentes com grande experiência de lugares da Administração Pública regional, nacional e europeia.
Claro que mantenho as minhas convicções e apoio Alberto João Jardim no seu ideal de modernização e desenvolvimento da Madeira. Pela experiência vivida ao longo dos anos, como observador das actividades governativas e de outros acontecimentos, tenho a certeza que vivemos novos tempos e novas dinâmicas. Por estes factos alteraram-se por completo os quadros onde estávamos habituados a mover-nos.
Aquela Assembleia da República ainda está enquistada e manietada pelos partidos políticos. A Assembleia Legislativa Regional, tem de defender causas e não discutir agulhas e tricot. Há ideais que não podem ser abandonados, e deve haver frescura de propostas, diálogo institucional, sem ter que ser forçosamente uma atitude simpática aos olhos dos madeirenses e dos portugueses em geral.
Há que acertar passos com o que se passa a nível continental e açoriano, sem se dobrar a um conjunto de pessoas que se acham de esquerda, e que se dizem representantes de elites possuidoras de massa critica. Não sou apologista das atitudes de cedências permanentes aos partidos minoritários, porque isso seria abrir caminho à capitulação. Mas há outras formas de diálogo que devem vir ao de cima. Com respeito, com dignidade, com tolerância e assumpção das responsabilidades.
Sonhamos com uma sociedade de futuro. Se sonhamos, metamos mãos à obra para construi-la com paciência e sem visão do Paraíso. Queremos mais empregos, mais oportunidades para quem sai das universidades e não encontra trabalho. Há gente desiludida, farta de sofrer com a grave situação deixada por socialistas irresponsáveis.
Façamos tudo para criar novo embrião nesta sociedade que vivendo dificuldades não pode deixar-se atropelar por arruaceiros da política que estão bem de vida, e hipocritamente dizem defender os pobres e os aflitos. Eles querem é luxo e fortuna. Nada mais.


Artigo de Opinião de : Gilberto Teixeira