Na rota das cidades perdidas
   “O rio da minha  aldeia não tem nome, mas é o rio da minha aldeia!... Por isso, é o rio  mais importante do mundo porque é o rio da minha aldeia!...” Com  palavras semelhantes descrevia o poeta Fernando Pessoa uma paixão de sua  meninice: o rio que cruzava sua terra. Também nós, acostumados a uma  cidade pequena, pacata, até agora, buscamos em nossa memória algo que  nos remeta a outras “eras” em que viver aqui era prazeroso. As pessoas  se cumprimentavam, podia-se ir ao baile sem problemas, havia entre -  ajuda e solidariedade, mesmo as pessoas mais pobres viviam felizes e  suspiravam por voltar o mais rapidamente à sua cidade quando,  porventura, se ausentavam dela...Mesmo aqueles que por seus afazeres  profissionais optavam por viver em outras paragens mais desenvolvidas  não dispensavam uma volta ao “lar” para rever amigos e recordar  situações prazerosas de outros tempos. Mas, tudo parece estar acabando.  As coisas encaminham-se para uma hipotética “rota das cidades perdidas”,  tipo rota das cidades abandonadas do faroeste e estamos encontrando por  aqui, não por culpa das autoridades constituídas, diga-se de passagem,  toda uma cultura que leva a cidade ao niilismo que nada mais é do que um  desânimo que se institucionaliza a passos largos.... A insegurança  campeia, a droga que é o motor maligno desta “desconstrução” em que está  ficando a cidade e a região, cada vez mais se espalha e parece  incontrolável.  Urge que as forças vivas da terra  sejam acionadas, precisamos de um trabalho de um sociólogo que aponte  diretrizes para reverter esta situação.
 Falando com pessoas de todas as classes sociais, percebe-se o medo e a incerteza em seus semblantes.  Assiste-se  ao desmoronar de uma sociedade estabelecida por nossos antepassados em  que o valor da palavra dada era o ponto final de um bom relacionamento.  Um novo governo está se instalando. Precisamos de novas idéias,  prestigiar esforços das autoridades atuais, ver com carinho suas  propostas e atuações, e, “borrón y cuenta nueva!”, ou seja, melhorar o  que puder ser feito.
 Acreditamos que, sobretudo, devamos ter uma nova injeção de ânimo para repor a alegria e a confiança nos cidadãos. 
 Nossa cidade e região merecem!