sábado, 5 de março de 2011

Na rota das cidades perdidas

“O rio da minha aldeia não tem nome, mas é o rio da minha aldeia!... Por isso, é o rio mais importante do mundo porque é o rio da minha aldeia!...” Com palavras semelhantes descrevia o poeta Fernando Pessoa uma paixão de sua meninice: o rio que cruzava sua terra. Também nós, acostumados a uma cidade pequena, pacata, até agora, buscamos em nossa memória algo que nos remeta a outras “eras” em que viver aqui era prazeroso. As pessoas se cumprimentavam, podia-se ir ao baile sem problemas, havia entre - ajuda e solidariedade, mesmo as pessoas mais pobres viviam felizes e suspiravam por voltar o mais rapidamente à sua cidade quando, porventura, se ausentavam dela...Mesmo aqueles que por seus afazeres profissionais optavam por viver em outras paragens mais desenvolvidas não dispensavam uma volta ao “lar” para rever amigos e recordar situações prazerosas de outros tempos. Mas, tudo parece estar acabando. As coisas encaminham-se para uma hipotética “rota das cidades perdidas”, tipo rota das cidades abandonadas do faroeste e estamos encontrando por aqui, não por culpa das autoridades constituídas, diga-se de passagem, toda uma cultura que leva a cidade ao niilismo que nada mais é do que um desânimo que se institucionaliza a passos largos.... A insegurança campeia, a droga que é o motor maligno desta “desconstrução” em que está ficando a cidade e a região, cada vez mais se espalha e parece incontrolável. Urge que as forças vivas da terra sejam acionadas, precisamos de um trabalho de um sociólogo que aponte diretrizes para reverter esta situação.

Falando com pessoas de todas as classes sociais, percebe-se o medo e a incerteza em seus semblantes. Assiste-se ao desmoronar de uma sociedade estabelecida por nossos antepassados em que o valor da palavra dada era o ponto final de um bom relacionamento. Um novo governo está se instalando. Precisamos de novas idéias, prestigiar esforços das autoridades atuais, ver com carinho suas propostas e atuações, e, “borrón y cuenta nueva!”, ou seja, melhorar o que puder ser feito.

Acreditamos que, sobretudo, devamos ter uma nova injeção de ânimo para repor a alegria e a confiança nos cidadãos.

Nossa cidade e região merecem!