quinta-feira, 10 de março de 2011

Comentário à Missa do Próximo Domingo

Domingo I da Quaresma

13 de Março 2011

A Quaresma - no deserto as tentações e a libertação

A quaresma é o tempo litúrgico da conversão, que a Igreja marca para nos prepararmos para a grande festa da Páscoa. É tempo para o arrependimento, de mudar algo de nós para construirmos um mundo melhor e podermos viver mais próximos de Cristo.

A Quaresma dura 40 dias, começa na Quarta-feira de Cinzas e termina no Domingo de Ramos. Ao longo deste tempo, sobretudo na liturgia do domingo, fazemos um esfoço para recuperar o ritmo e estilo de verdadeiros fiéis que devemos viver como filhos de Deus.

A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que significa luto e penitência. É um tempo de reflexão, de penitência, de conversão espiritual, tempo e preparação para o mistério pascal. Na Quaresma, Cristo convida-nos a mudar de vida. Nos, em Igreja, somos convidados a viver a Quaresma como um caminho para Jesus Cristo, escutando a Palavra de Deus, orando, compartilhando com o próximo e praticando boas obras. Como se vê há uma série de atitudes cristãs que nos ajudam a «parecer» mais com Jesus Cristo, já que por acção das nossas falhas, nos afastamos mais de Deus.

Por isso, a Quaresma é o tempo do perdão e da reconciliação fraterna. Cada dia, durante a vida, devemos retirar dos nossos corações o ódio, o rancor, a inveja, os zelos que se opõem ao nosso amor a Deus e aos irmãos. Na Quaresma, aprendemos a conhecer e a apreciar a Cruz de Jesus, como sinal de libertação da nossa própria cruz. Com isto aprendemos também a tomar a nossa cruz com alegria para alcançar a glória da ressurreição.

A liturgia deste 1º domingo da Quaresma, apresenta-nos as tentações de Jesus no deserto. Do ponto de vista positivo, podemos dizer que o deserto é uma ocasião propícia para o silêncio, para a oração e para a penitência. Mediante estes aspectos podemos reencontrar o sentido da vida e redescobrir tudo aquilo que é fundamental para sermos felizes. O deserto pode ser ainda uma ocasião onde deixamos o Espírito nos encher de verdade por dentro e assim criarmos as condições necessárias para assumir plenamente todos os projectos da nossa vida. Jesus dá-nos o exemplo.

Do ponto de vista negativo, o deserto pode ser tudo o que não tem sabor nem é importante para nos tornarmos mais humanos e mais irmãos uns dos outros. O deserto pode ser toda a nossa propensão para a esterilidade do amor. Uma vida toda carregada de egoísmo e de ódio contra os outros é uma vida no deserto árido sem sombra de existência verdadeira.

Os nossos desertos também podem ser positivos ou negativos. Porém não podemos esquecer que em nenhum momento o Espírito Santo nos abandona. Assim, podemos estar seguros que o amor de Deus ou o Espírito Santo, será a força principal que nos guiará para a verdade e nos livrará de todas as tentações que o diabo intente contra o nosso coração.

As tentações fazem parte da vida e podem ser uma constante no nosso pensamento e no nosso coração. Porém, se acreditamos de verdade na mediação fiel do Espírito Santo nada nos pode demover daquilo que escolhemos para as nossas caminhadas pessoais.

No entanto, nenhuma pessoa pode, em nenhum momento, vangloriar-se de que está livre de tentações. Porque todos os seres humanos estão sujeitos às travessias no deserto e em qualquer momento podem ser atacados com as piores artimanhas do diabo.

O diabo ou demónio, é uma figuração do mal. É a nomeação de tudo aquilo que seja contra a dignidade humana. O demónio, é um nome que manifesta a força do mal ou da maldade que gera o coração dos homens e a lógica do mundo.

Parece que nem o próprio Jesus se livrou dessa propensão, embora sendo verdadeiramente Deus. A humanidade de Jesus foi assumida em toda a sua radicalidade e neste momento também podemos perceber de verdade, como Jesus não deixa de assumir as tentações como aspecto peculiar da condição humana. Elas tornam-se um instrumento, que Jesus utiliza para nos mostrar que na nossa vida, embora também cheia de tentações, devemos mediante a presença do Espírito Santo, lutar sempre contra tudo o que nos desvie do caminho do bem.