sábado, 29 de dezembro de 2012

Metade trabalha...


 


Metade trabalha a outra metade recebe




Muito tem falado o primeiro-ministro em equidade para justificar o corte proposto no OE nas reformas dos portugueses. O país que não ata nem desata tem à volta de dez milhões de seres humanos. Portugueses bons e maus, cidadãos íntegros, competentes, corajosos e capazes de administrar com justiça, equidade e com verdade.
As estatísticas provam que são à volta de 4 milhões e 700 mil empregados entre homens e mulheres. O que significa que não é preciso ser economista, como o primeiro-ministro, para saber que metade da nação trabalha para que a outra metade receba. Só que o primeiro-ministro está obcecado pelos dinheiros fáceis de obter, como faziam os salteadores noutro tempo. As reformas dos trabalhadores estão a dar-lhe dor de cabeça.
Nesta como em muitas outras decisões legislativas, o primeiro-ministro de Portugal não tem razão. E pior do que isso, é esconder de quem paga os impostos e a austeridade, a verdade sobre a Segurança Social. E é simples verificar porquê? Lembro-me de alguém ter escrito, não sei quem foi, mas reporta-se ao governo de Sócrates e Teixeira dos Santos, que a Segurança Social tinha depósitos no BPN de muitos milhões de euros.
Lembro-me ainda de ter visto escrito algures, não sei por quem, nem se tem fundamento ou não, que a Segurança Social aplicou em acções, uma soma de muitos milhões. Ora o primeiro-ministro de Portugal fala sempre que os actuais trabalhadores se calhar não vão ter reforma e que não é verdade que cada um de nós, descontou para a sua própria reforma.
Senhor primeiro-ministro diga ao país, qual é a receita actual da segurança social respeitante aos descontos dos 4 milhões e 700 mil trabalhadores? Porque escondem estes valores? Aonde são aplicados? Como fazem a equitativa distribuição desse dinheiro? É só em reformas? E não chega? Com milhões de pessoas a receber entre os 200 e os 1.000 euros de pensão? Há uma verdade não mora aqui. É a de saber qual a receita!
Recordo-me do percurso enquanto jornalista e trabalhador por conta de outrém. Os jornalistas foram os primeiros a ser sacrificados com a extinção da sua Caixa de Previdência cujo processo remonta ao consulado de Durão Barroso. Para fazerem o frete aos comilões dos patrões, que estavam engasgados pelo facto de 1% das receitas da publicidade serem obrigatoriamente destinados à Caixa dos Jornalistas. Extinguiram-na!
Quem faz os jornais, as rádios e as televisões, as revistas, terem a projecção que têm, são os jornalistas com a sua investigação, estudo e criatividade. Só que a mentalidade, o egoísmo, a ânsia de ganhar dinheiro, de certos senhores que vivem como nababos, na qualidade de empresários da comunicação social, levou-os a pressionar os fracos governantes que tivémos nos últimos trinta anos, até conseguirem retirar direitos aos jornalistas que, ilusoriamente, acham que são algum poder em Portugal.
Jornalistas que correm riscos de vida, em delicadas missões, em busca da notícia, da novidade que prestigia e enriquece o conteúdo dos órgãos de comunicação social; que laboram sem horário e com remunerações incrivelmente baixas, face ao que efectivamente produzem. Usam e abusam dos seus textos em várias publicações.
Os jornalistas e as suas famílias perderam um sem número de direitos particularmente na assistência na doença, semelhantes a outros subsistemas que sobreviveram e ainda estrebucham por lhes retirarem. Começa assim a destruição da segurança social, para encher os bolsos dos empresários que agora até nem são conhecidos, tal é o manancial que dá este sector. Não tenham pena deles ou da baixa de publicidade!
E se bem me lembro, quando o socialista Ferro Rodrigues assumiu a pasta do “Social” como agora querem dizer, foi longe demais. Decretou que quem quisesse reformar-se com qualquer idade, podia comprar anos de serviço à Segurança Social, e passar a estender-se ao Sol com uma boa reforma. Conheço casos em que o número de anos comprados, foram tantos que essas pessoas ainda estavam no berço e já trabalhavam.
Que gestão é esta? Tapou-se o “crime” com o Rendimento Social de Inserção, justamente atribuído a muita gente necessitada, mas também consentido a muitos golpistas. Esta ilusão dum Estado servido por políticos com esta vesga visão, concorreu para o caos social. Ou já se esqueceram que houve donas de casa que passaram a ser empregadas domésticas dos maridos e dos filhos com direito a pensão? Porque não os responsabiizam?
Foram todos estes voluntarismos socialistas e restante família social-democrata e democrata cristã, agregados por conveniências de poder que conduziram o país para um abismo financeiro. Como diziam os madeirenses de antanho, “vão roubar aos presos da cadeia”e deixem-nos em paz, cacem os responsáveis por gestões danosas, que, ainda por cima, foram premiados com tachos no estrangeiro.
Senhor primeiro-ministro revele a receita da Segurança Social, desmistifique de uma vez por todas, se ocorreram os factos que alegadamente foram veiculados pela comunicação social, verifique da bondade ou maldade financeira das leis de Ferro Rodrigues e outros, e depois agarre-se à refundação do Estado. Proponha um corte para 100 deputados na República, e para 20, nas Regiões Autónomas. Acabe com reguladores que são meros observadores, vire das avessas, fundações e institutos que gastam e nada produzem. Suba o imposto do álcool, do tabaco, e dos robalos que servem de ofertas sem deitar mau cheiro. Haja saúde no ano que vai entrar! Revisão Constitucional? Sim! Urgente!