| 12-Nov-2012 | |
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 O presidente do Governo Regional da 
Madeira, Alberto João Jardim, disse na sexta-feira que a “desorientação 
da opinião pública” face às medidas de austeridade em Portugal constitui
 “uma ameaça” à segurança e defesa nacional.
 
  Alberto João Jardim falava na sessão de abertura do II Curso intensivo de Segurança e Defesa, promovido pelo Instituto de Defesa Nacional. 
 
 “Nós
 temos, neste momento, alguns calcanhares de Aquiles na nossa segurança 
nacional”, disse, apontando que “o primeiro é a desorientação da opinião
 pública face ao agravar da crise, face às injustiças sociais crescentes
 e face à falta de informação que seja séria, perceptível e credível”, 
afirmou.
 
 Para
 o governante madeirense, “esta desorientação da opinião pública pode 
ser um factor muito grave para um piorar da situação de segurança 
interna”.
 
 “O
 segundo calcanhar de Aquiles - continuou - é político, é o 
situacionismo ante o sistema político de todos os partidos e, 
curiosamente, num momento em que todos os partidos políticos, inclusive o
 meu, estão desacreditados perante a opinião pública”.
 
 João
 Jardim lembrou que a Constituição Portuguesa “evoluiu para uma 
partidocracia, o poder está nos partidos políticos, os partidos estão 
desacreditados, mas os partidos têm o poder de não deixar mexer em nada,
 de não deixar que as coisas se processarem”.
 
 “O
 terceiro calcanhar de Aquiles, e peço desculpa aos senhores generais se
 não gostarem de ouvir, mas, a meu ver, existe, neste momento, uma certa
 passividade surpreendente das três grandes instituições que fizeram 
Portugal - a Igreja, as Forças Armadas e as Universidades”.
 
 Na
 sua opinião, “há uma passividade porque dá a impressão que qualquer uma
 destas três instituições, até pelas consequências que lhes estão a cair
 em cima, estão estarrecidas perante aquilo que está a suceder, mas 
também caíram no tal impasse, ainda não sabem, neste momento, o que é 
que devem fazer, o que é que podem fazer para sair disto”.
 
 Para
 Alberto João Jardim há que fazer alguma coisa “e, isto, é o mesmo que 
dizer fazer algo face à presente situação em Portugal para podermos 
acautelar a segurança e a defesa nacional”.
 
 Jardim concluiu ser necessário acautelar o Estado Social, pôr em ordem o sistema financeiro e dinamizar a economia e o emprego, mas, para isso, defendeu uma revisão Constitucional.
 
* Constituição está velha
 
 O
 conselheiro de Estado Bagão Félix afirmou sexta-feira no Funchal que a 
Constituição da República em alguns aspectos se tornou “uma peça de 
museu”, defendendo que “mais cedo ou mais tarde” terá que ser revista.
 
“Eu
 pessoalmente acho que a Constituição mais tarde ou mais cedo tem que 
ser revista, porque se transformou numa peça de museu em alguns 
aspectos”, disse o antigo ministro das Finanças na Madeira onde se 
deslocou para participar na Conferência Internacional do Funchal, 
organizada pelo município desta cidade, subordinada ao tema “Merecer o 
futuro - e agora Portugal ?”.
 
* Constituição foi redigida quando Portugal não estava na UE nem tinha moeda única
 
 Bagão
 Félix salientou que a Constituição portuguesa foi “redigida grande 
parte em 1976”, mantendo-se “inalterável” desde então em “muitos 
aspectos”.
 
 “Mas
 nesse momento não tínhamos União Europeia, não estávamos num processo 
de moeda única”, disse, apontando que essas mudanças são suficientes 
para “com tranquilidade e serenidade” pensar na sua revisão.
 
 Contudo,
 argumentou, esta não um processo “fundamental” para que sejam adoptadas
 as “medidas no domínio da redução estrutural da despesa” que o país 
precisa.
 
 Instado
 a pronunciar-se sobre a proposta do deputados do PSD e CDS ao Governo 
para aplicar a sobretaxa de 4% sobre os subsídios, Bagão Félix 
considerou tratar-se apenas de “um pormenor, porque o imposto final é o 
mesmo”.
 
 “Não
 há nenhuma redução fiscal, o que há é uma alteração no modo como é 
cobrado, em vez de ser cobrado cada mês, é concentrado num ou dois 
meses, nos subsídios respectivos, para umas pessoas pode ser melhor, mas
 no final o resultado é o mesmo”, disse, resumindo ser “uma medida mais 
de natureza do tempo de cobrança do imposto do que propriamente do 
montante do imposto”.
 
 O também professor na Universidade Lusíada foi ao Funchal falar sobre “como poderá o ´estado social’ sobreviver à crise”.
 
 “Quando
 falamos da sustentabilidade do estado social, parece que no Estado só 
há despesa social” e questionou: “alguém pergunta sobre a 
sustentabilidade das infraestruturas, do sistema de Justiça, das 
polícias, do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Porque é que só se 
há-de  falar sobre sustentabilidade social, que é curiosamente a parte 
na função soberana do Estado que tem a ver com as pessoas ?”, 
questionou.
 
 Realçando
 ter “uma explicação muito prosaica” para este aspecto, Bagão Félix 
opinou: “É que o estado social do ponto de vista da sua ´clientela’ é o 
que tem menos voz, ou seja onde os interesses protegidos estão menos 
organizados, é mais fácil discutir, eliminar, reduzir, determinado tipo 
de situações face a grupos que não têm voz ou têm voz muito diminuta no 
contexto comunicacional”. 
 
 Sustentou
 ainda: “não devemos ter uma visão maniqueísta e puramente ideológica do
 Estado Social”, porque este não é o “filme não é a preto e branco”, 
sublinhando ser necessário “salvaguardar a essência do Estado social que
 é uma conquista civilizacional e é responsável na Europa por um grande 
período de paz, modificando alguns aspectos, melhorando do ponto de 
vista ético e de responsabilidade a própria moldura do Estado social, 
mas na sua essência deve manter-se”.
 
 O
 conselheiro mencionou que a taxa de pobreza em Portugal actualmente é 
de 18%, mas ascenderia a 41 por cento se não fossem os sistemas da 
Segurança Social.
 
 “Com reformas ou refundações o Estado social é uma conquista que não podemos desperdiçar”, concluiu.
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quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Bom senso
Alberto João Jardim põe o dedo na ferida