Um mundo novo em transformação apresenta-se ao jovem nesta fase de quinze anos em que tudo é novidade, os hormônios, à flor da pele, fazem-no impaciente, intolerante, chato, às vezes estúpido, com tendência à solidão: é a “aborrescência”.
Acabou aquela época em que a criança não deixava a proteção dos pais (sobretudo, da mãe!), a diversão intimista com os carrinhos, os trenzinhos, e divagava por mundos invisíveis e fantasmagóricos... Agora, o jovem caminha para a independência, e pensa por si próprio, quer aprisionar vontades e sentimentos...É a época de “ficar”, de competir pelas meninas, de se interessar pelo sexo, a primeira barba que aparece tímida e rala como que anunciando que um adulto está em formação e prestes a tomar o seu lugar em um mundo super competitivo.
Nesta altura, no ardor inconseqüente desta idade apaixonante o jovem comete excessos que vão desde as bebidas alcoólicas, alimentação desregrada, noites mal dormidas, tudo em nome dessa independência que a todo o custo o “aborrescente” quer para si.
Mas o jovem “aborrescente” tem na sua gênese também aquele tesouro que é a generosidade, além da impetuosidade que, para muitos, beira a loucura mas, que é, na verdade, o fermento que transforma o mundo. Sem o inconformismo dos jovens, muitas coisas permaneceriam imutáveis através dos tempos sem uma voz que lhes fizesse frente. A prepotência seria a palavra de ordem, o descaso seria a lei e os atropelos ao povo humilde seriam moeda diária. Por isso se deve investir na juventude, pois, apesar da fase aborrescente, ela é o fermento em que se pode depositar as esperanças de formar o Brasil futuro como uma grande Nação!