sábado, 12 de fevereiro de 2011

Resquícios estalinistas

GILBERTO TEIXEIRA
Miguel Sousa Tavares não sabe, nem procura saber, porque nos tem raiva e ódio visceral, que os “autonomistas” não são nem nunca foram separatistas, quanto mais radicais. Só lhe falta apelidar-nos de “fundamentalistas”. Quem diz ele, diz Vital Moreira, essa prenda comunista que caiu no regaço dos socialistas como as rosas de Santa Isabel.
O fabricante de sonhos irrealizáveis, Miguel Sousa Tavares, nunca se esquece da Madeira e muito menos de Alberto João Jardim. Na sua última crónica do EXPRESSO volta à típica mistificação e manipulação dos factos, para denegrir os méritos de um madeirense que já está na História. Ele coitado, está na sombra. Revela um total e absoluto desconhecimento de seculares problemas que sempre sufocaram a vida dos ilhéus. Miguel Sousa Tavares não sabe, nem procura saber, porque nos tem raiva e ódio visceral, que os “autonomistas” não são nem nunca foram separatistas, quanto mais radicais. Só lhe falta apelidar-nos de “fundamentalistas”. Quem diz ele, diz Vital Moreira, essa prenda comunista que caiu no regaço dos socialistas como as rosas de Santa Isabel. Ambos podem juntar-se a Fernando Rosas do Bloco de Esquerda e a outros espécimes do género que padecem de azia incurável, por a Madeira ser um exemplo de desenvolvimento de Portugal neste lado do Atlântico. E não se esqueçam, que o insuspeito representante da JSD dos Açores, que participou no Congresso da JSD da Madeira, não se coibiu de afirmar que os Açores eram um atraso de vida comparado com a Madeira. E toda a gente sabe que é assim. Mesmo o Representante da República para a Madeira, que honra lhe seja feita, tem sido justo nas suas análises sobre este território. Um homem com uma cultura invulgar e um conhecimento profundo da Madeira e da sua Autonomia Política, que transmite com verdade e seriedade a quem o solicita, tudo o que somos e o ambiente que nos caracteriza, a nível cultural, económico, social e político. Alguma vez a RTP 1 (que gasta um milhão de euros por dia) para prestar um serviço público, entrevistou o Representante da República para a Madeira? Judite de Sousa tem entrevistado gente importante mas também muita gente rasca. Não sei quais são os critérios editoriais daquela direcção, de informação que ainda há dias desancou na ERC. O que sei, é que muita da desinformação que existe no Continente é fruto de dolosos esquecimentos da RTP em entrevistar quem de forma isenta e imparcial e com conhecimento de causa, pode dar uma imagem fiel da Madeira actual. E no entanto o Juiz Conselheiro Monteiro Diniz tem a nítida percepção de que para a esmagadora maioria dos madeirenses, não faz qualquer sentido uma “autonomia tutelada” por uma figura (e não está em causa a sua pessoa) que aceitou o cargo e desempenha-o com escrupuloso respeito pela Constituição da República e do Estatuto Político Administrativo da Região. Em artigo anterior mencionei o erro grosseiro da inversão da pirâmide institucional. Neste caso não há qualquer má vontade para quem está no cargo, mas tão só, o erguer da bandeira da democracia. Este cargo é de nomeação presidencial logo investido de representação da soberania nacional. Não sendo um cargo de eleição, provoca sentimentos diversos e relembra aquela sobrevivência de governadores, capitães generais, altos comissários, etc. e até não deixa de ser restritiva da figura, esta verdadeiramente nacional, que é o Presidente da República. Os inimigos da Madeira sempre escreveram mal do nosso povo e do Governo Regional. Miguel Sousa Tavares até se meteu com a claque feminina do C.D. Nacional, duma forma infeliz e infame. Até acho piada quando esses escribas de pena dourada e teclado Magalhães, fazem distinção de “contribuintes do Continente” que segundo eles tudo sustentam, e afinal partilham receitas com os “contribuintes das ilhas”. Esquecem-se de referir as receitas que ao longo de cinco séculos são cobradas nas ilhas. Estas foram e são contribuintes de impostos, mas noutros tempos, também de haveres e homens para as guerras (secs. XV e XVI na manutenção, abastecimentos e defesa das praças do Norte de África; na guerra de libertação de Pernambuco). Rezam os livros históricos que Figueiroa levantou terços para combaterem naquela guerra. Por acaso ou de propósito esquecem-se que a Madeira também contribuiu com homens para a guerra do Ultramar. À custa da Madeira e dos Açores, americanos e franceses, pagaram bem pelas bases das Lages e Flores, parte em dinheiro, outra parte em armamento para equipar as Forças Armadas. E ignoram também que os nossos mares entram sempre em negociações de pesca e exploração de fundos, com espanhóis, franceses e houve tempos que se estenderam esses entendimentos com japoneses. Apesar das revisões constitucionais ocorridas, porque omitem que a Madeira sempre reivindicou um referendo à nossa Constituição? Os eleitores alguma vez foram esclarecidos, e podem votar conscientemente as questões que se colocaram com a integração europeia? Quem e com que isenção informou o povo, na sua maioria pouquíssimo instruído e vergado pelos problemas sócio económicos que de séculos, é o seu pão de cada dia? Estes tempos que vivemos lembram o motim de 1931 e a revolução de 1936, frutos da miséria generalizada e dos aumentos dos preços, sobretudo da farinha e do milho de que quase toda a população se alimentava, favorecendo os monopólios sobretudo dos ingleses e de alguns testas de ferro madeirenses; do açúcar, do vinho e do álcool, dos bordados e do comércio. Não faço comparações absurdas. Há que encarar a realidade e perceber onde é que isto vai parar. O que se desenrola lá para os lados do Egipto e países limítrofes é preocupante. A miséria é semelhante à das épocas atrás citadas. Quem pode viver naqueles países com dois dólares por dia? Menos ainda que dois euros. Reflictam e arregacem as mangas e trabalhem com seriedade.